segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Obrigada igualmente

«Happy Holidays to all of you!!!», dizem os National na mais recente mensagem da sua mailing list (em que anunciam concertos na Austrália, Nova Zelândia e Nova Iorque).

Simpático da parte dos rapazes, enviarem-me os seus votos de boas festas. Afinal, passei boa parte de 2007 a olhar por eles.

Antipática

Coisas de que não devia gostar e gosto (e vice-versa).

- Natal, prendas, comida de Natal, embrulhos, surpresas, dinheiro para gastar (adoro)

- Crianças no escritório dos papás porque estão de férias da escola e não têm quem olhe por elas (não posso dizer que goste por aí além, não)

Comida

Tendo em conta a oferta de chocolates e castanhas na semana passada, aqui em pleno cenário laboral; tudo o que comi este fim-de-semana, por culpa própria (fiz bolos, sopas, um mini-caril) e alheia (obrigada pelo jantar de Domingo, Dona Martens!), mais o que vou comer em casa no Natal propriamente dito, o que me dava mesmo, mesmo jeito era uma túnica como aquelas de que a Cathy se socorre quando está mais anafada. Tirava-a lá para o Ano Novo.

domingo, 16 de dezembro de 2007

O Sofá está de luto

Se este blogue tivesse uma secção de «frequently asked questions», estaria lá explicada a origem do nome «Sofá Verde». Bem, isso e se as pessoas me perguntassem porque é que o tasco se chama assim, o que na realidade não acontece muitas vezes.

A verdade é que existiu mesmo um sofá verde - grande, um nadinha escangalhado (o amigo JG detestava-o particularmente; se ia lá a casa para um cafézinho, sentava-se bem mas levantava-se já com alguma dificuldade), à sua maneira confortável.

Fazia parte da mobília de uma sala de jantar ampla e cheia de luz, mas decorada «à antiga»: móveis pesadões e escuros, armários a abarrotar de loucinhas e faianças trazidas de todas as partes do mundo, candeeiros tenebrosos.

Isto tudo encontrávamos nós na minha segunda casa «de solteira», chamemos-lhe assim, onde vivi muitos e bons anos com a Susy Daisy e a M. Wee (nomes de código, nunca se sabe quem está à espreita!).

O sofá, tal como a sala e todo o apartamento, eram pertença de uma senhora que vivia na casa ao lado mas raramente nos aborrecia com o que quer que fosse. Tal como a casa, constituía um grande «update» em relação à nossa anterior senhoria, que no Inverno se recusava a ligar o aquecimento, num casarão gigante, com medo da conta da luz. Esta «nova» senhoria não só era bastante desempoeirada como chegava a fazer-nos inveja, com as suas constantes viagens (lembro-me de paragens tão longínquas como o Egipto). Só percebi que já tinha mais de 80 anos quando nos pediu ajuda com o boletim dos Censos.

Ontem, andava eu a explorar as possibilidades do comércio tradicional em quase vésperas de Natal, liga-me Miss Wee. A nossa senhoria «tripartida» faleceu, já há um mês - e desgraçadamente dias antes do casamento da única neta, ao qual adorava ter ido.

Fiquei triste - e arrependida, também, pois soube há não muito tempo que estava doente, planeei ligar-lhe e acabei por nunca fazê-lo.

Claro que a sua marca perdurará em coisas, acções e pessoas muito mais importantes e próximas. Mas este Sofá, que também era dela, presta-lhe aqui uma tardia e sentida homenagem.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Para acalmar a Susaninha

Quem tiver acompanhado a acesa polémica que a minha intervenção sobre a luz portuguesa causou (ver comentários a alguns dos últimos posts) compreenderá que tenho de serenar os ânimos da minha amiga Suz. Para a maior defensora e amante da cidade de Londres, cá ficam, provisoriamente sem mais explicações, duas fotografias que a POUCA LUZ da tua Londinium não compremeteu.

(Cheers mate!)







(com a simpática colaboração dos pelicanos do Zoo local)

Love Is A Losing Game

Parece que a rapariga faltou às filmagens deste vídeo e o pessoal da editora teve de se amanhar com umas imagens antigas, de concertos e assim.

Percebo que a ideia seja mostrar a faceta clássica e relativamente ordeira deste vozeirão - mas então porque é que o vídeo me parece tanto um epitáfio?




Aqui mais viva (e, como diria o Diácono Remédios, capaz de arrepiar as pilosidades mais recônditas):

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

LUZ

Nunca percebi muito bem a conversa do «ai a luz de Lisboa, ai o tempo ameno de Portugal», mas depois de passar uma semana numa cidade em que antes das 16h - no Inverno - já é noite a valer, revi a minha posição. Inverno a sério é bonito, mas não é para mim.

Phone-ix

No meu tempo as empresas-instituição tinham decoro.


Chocolate Craze

Regresso de férias e partilho com os colegas uma caixa de Cadbury Roses (chocolatinhos da dita marca, embrulhados em cores diferentes e com recheio a condizer com essa variedade). A secretária da publicação vizinha fica sensibilizada com a minha generosidade e decide colocar, ao lado da minha caixa, uma embalagem já meio vazia de chocolates que comprou recentemente, «com desconto da casa».

O meu colega chega e pergunta de onde vieram tantos chocolates. Explico-lhe e ele acha graça. «E se agora começasse toda a gente a trazer chocolate?», imagina ele, divertido.

Na manhã seguinte, entro no edifício e vejo, em cima do «redondel» da recepção, umas cestas prometedoras. «É para tirar, é», confirmam as recepcionistas. Aproximo-me e vejo a dádiva de Natal de uma das mais «caras» publicações da casa: rios e rios de chocolate, geralmente em forma de pequenas mas irresistíveis barrinhas.

Agora já sabem porque é que não tenho escrito: o chocolate amargo com avelãs da Carte d'Or não me deixa tempo para mais nada.

(A sério, é porque voltei de férias e tenho muito trabalho para pôr em dia. Mas a história do chocolate é toda ela verdadeira.)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A voz do povo

Frase que ouvi, hoje, a uma senhora em conversa com uma amiga, à saída do metro do Marquês:

«Tenho as pernas como gelatina!»

Queijo

Foi uma emissão divertida e com um convidado inesperado, a de ontem à noite. Boa Noite e um Queijo já disponível para escuta ICI.

Bus talk (versão optimista)

Esta manhã, minutos antes de outra passageira mais à frente desmaiar, ouvi esta conversa a uma estudante universitária e acompanhante:

«Então, e [o curso] tem perspectivas profissionais?», pergunta ele.
«FOGO!», exclama ela, abespinhada. «Toda a gente me pergunta a mesma coisa! Quando começar logo vejo».
«Quando começares...?»
«Quando começar a mandar currículos, mando para todo o lado».

O hipopótamo e o tubarão

Irrita-me esta ideia de porem o Federer a jogar contra o Sampras num torneio de exibição.

Primeiro, porque se vê à légua que há ali tanta «verdade desportiva» como no wrestling americano. Em três partidas, o Novo ganha a primeira à vontade, a segunda um pouco mais à rasca e o Velho vence a terceira? Coincidência, pois claro.

Depois, colocarem frente a frente dois grandes atletas que atingiram o seu pico de forma em décadas diferentes lembra-me uma das coisas mais decadentes que alguma vi em televisão (e Deus sabe que 93% do que eu vejo em televisão é decadente - isto porque às vezes vou ao engano e, oops, lá vejo alguma coisa decente. Mas é sem querer).

Nesse documentário de agridoce memória, uma equipa de «investigadores» conduzia uma experiência de forma a determinar quem era mais poderoso: se um hipopótamo ou um tubarão. Muito antes da Popota se pavonear ao som da Gwen Stefani no anúncio do Modelo, já aquela gente sabia que os bichos não são tão meigos como os desenhos animados nos fazem crer. E depois de estuporarem um ror de televisores e melancias nas bocas mecânicas dos simulacros de hipopótamo e tubarão que haviam construído, os «cientistas» concluíam que o primeiro levaria surpreendente vantagem sobre o segundo num encontro que - SURPRESA! - nunca iria acontecer, pois um vive em águas fluviais e outro no mar.

É mais ou menos o que acontece com o «duelo» Federer-Sampras: nunca será o mesmo que um Federer-Nabaldian dos anos 00 ou um Sampras-Agassi dos 90.

Aproveito para agradecer a paciência demonstrada nos comentários do blog - como dá para perceber, valeu bem a pena esperar por um novo post (cof cof, é como quem diz).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Quando as máquinas falam connosco

São curiosas as mensagens que nos dão os aparelhos de leitura e gravação de música.

Assim de repente, destaco a preguiça do meu leitor de mp3, que se não lhe mexermos durante uns quantos minutos se espreguiça num:

«Ocioso, desligando...» (com reticências e tudo)

Já o computador ao qual estou sentada agora, se tento passar para uma pasta uma música que já lá canta, pergunta-me se tenho a certeza que o quero fazer. A minha hipótese de resposta favorita:

«Sim a tudo»

Fico doente

Ainda o Caso Maddie - agora é um eurodeputado britânico, ou o seu assessor, a escrever que o sistema judicial e a polícia de Portugal são, «como se sabe», corruptos, e que é importante perceber que o nosso país não tem historial de direitos humanos, liberdade e democracia (estou, novamente, a citar).

«Em qualquer circunstância os cidadãos britânicos devem ser protegidos contra sistemas estrangeiros duvidosos» é a conclusão.

Belo país esse que os cidadãos ingleses escolhem, em massa, como destino de férias anual, não?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Afghan Whigs

E dez anos depois, eis-me novamente viciada nos Afghan Whigs - uma das minhas bandas favoritas de sempre, que por motivos insondáveis não ouvia há muito, demasiado tempo. O reencontro, que foi casual (na semana passada, não tive tempo de escolher música nova para o Queijo e agarrei nos primeiros CDs que vi à frente, inclusive o "Black Love"), tem-se revelado explosivo. É engraçado redescobrir assim uma obra pela qual se tem tanto afecto - para minha satisfação e até alguma surpresa, continuo a adorar os três últimos discos da banda. Dão-me vontade de dançar e de partir coisas, ao mesmo tempo, o que é a marca distintiva das grandes bandas. Mas dez anos é, se não muito, algum tempo e inevitavelmente tenho agora outras referências e experiências que me ajudam a enquadrar o som dos Afghan Whigs.

Passando as partes chatas à frente: foram uma banda do carago. O grunge nunca me disse muito, pelo que estes petardos soul-rock, a transbordar taradice e perigo, cumprem bem o papel de «a minha banda dos anos 90».

Ou como diz uma crítica pela qual passei há pouco...

«Perhaps frontman Greg Dulli’s fervent stew of psycho-sexual angst was a bit too fiery for the masses»

+

«The Afghan Whigs excelled at making music that was menacing, mysterious and melodic»

Infelizmente este ressurgir da paixão «afegã» vem na pior altura - tenho mais que fazer do que passar o tempo a ouvir o «Debonair» (ele já foi magro!, descobri eu no vídeo disponível no Youtube) ou o «Bulletproof». Mais baba e argumentos acalorados quando tiver menos serviço em carteira.

Interpol

O que me interessa mais nos Interpol? Confesso: têm muito bom ar. E algumas canções giras que, conforme admiti aqui por alturas do SBSR, me soam demasiado semelhantes entre si. Mas voltando ao que (me) interessa: acho os rapazes muito bem parecidos, desde os betinhos falsamente rebeldes que são o vocalista e o guitarrista, ao ar mais «rough» do baixista e do baterista, sendo que a minha preferência meramente estética recai sobre este último. Muito latino, dá àquela banda de meninos o ainda necessário toque de masculinidade (mesmo que vivamos num mundo metrossexual, como bem explica o Rodrigo na edição desta semana da Time Out).

Não tenho bilhete para o concerto de logo à noite. Mas já fui compensada por esse desaire: ontem, antes do espectáculo do Rufus Wainwright, cruzei-me com o guitarrista dos Interpol (*) na Avenida da Liberdade. Sim, o loirinho que ficou mundialmente famoso graças ao tombo dado em palco, no nosso Super Bock, ia a descer a avenida, frente aos CTT dos Restauradores, por volta das 21h00.

Conto continuar a gozar deste sistema de compensação cósmica ao longo do dia de hoje, quem sabe avistando o baterista Fogarino na estação de comboios de Algés ou até na pastelaria Nilo, em Benfica.

(*) - tenho 87% de certeza que fosse ele. Pelo menos era muitíssimo parecido e fez aquele ar encolhido de «ohnãofuispottadoporumafã». E sei que os moços já cá estavam (pelo menos) desde ontem.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Raquel

Em tempos confidenciou-me o ex-colega e amigo Paulo Rico que havia uma Raquel no historial amoroso de todos os seus amigos, sem excepção. Com uma excepção (conta a lenda, conta a lenda) mas suficientemente intensa para dar origem a uma canção terá sido a experiência dos Ornatos com criatura do mesmo nome. E até os National têm uma cançoneta, que integrou o alinhamento do concerto de Berlim, chamada «Murder Me Rachael».

Pois que não restam dúvidas, as Raquéis são mulheres marcantes. E desde o passado Sábado, 3 de Novembro, que mais uma se prepara para dominar o mundo. Tem bochechas rosadas, dedinhos compridos e uma expressão que, mesmo quando ameaça partir para o choro, se desmancha num sorriso consolado. Nos seus 40 centímetros (altura medida a olho, não levei fita métrica), já é grande. Bem-vinda!...

Sonhos

Os últimos dias têm sido pouco dados à postagem graças a uma gripe vinda directamente do quinto dos infernos para me atazanar o fim-de-semana prolongado. Parece-me no entanto importante aqui apresentar um breve resumo dos sonhos que tenho tido - muitos deles com a raiz, ou a inspiração, bem à vista.

Por ordem de ocorrência:

1. A Ana Moura - sim, nada mais nada menos que a Ana Moura - decide convidar-me para acompanhá-la em palco. Eu tento disfarçar mas estou, como dizer, em pânico. Não sei cantar, muito menos Fado, e muito menos Fado com letras em Francês. A dificuldade da tarefa avoluma-se mas ela faz questão que eu aceite. Felizmente acordo.

2. Estou a compilar a lista dos melhores discos portugueses do ano e há um dos colaboradores da revista que se lembra de votar num disco do qual nunca ninguém ouvira falar. Vá-se lá a saber como, o registo entra disparado para a liderança do top deste ano. Acho mau princípio que a votação seja ganha por um disco obscuro, votado por apenas uma pessoa, e penso em formas de, erm, resolver a questão. O disco era da autoria do Marcelo Rebelo de Sousa.

(estes dois sonhos terão decorrido do facto de eu andar, realmente, a tratar da hercúlea tarefa de eleger os melhores discos do ano da graça de 2007, para a revista na qual trabalho)

3. Ainda traumatizada por ter sido apanhada, há pouco tempo, por um revisor que me informou que o meu milionário passe não dá para ir até Oeiras, situação que honestamente desconhecia, sonhei estar a bordo de um comboio que não parava. Tal como naqueles sonhos com elevadores que disparam rumo aos céus (há quem sonhe com eles a cair, eu sonho com eles a levantar voo), a composição avançava sem parar nas estações. Estaremos já em Oeiras?, perguntava-me eu, um tanto ou quanto aflita. Quando o comboio finalmente parou, olhei para a placa da estação. Estávamos nos Açores.

4. Passei a noite de Quarta para Quinta com alguma febre e vários delírios - ou um só delírio, que crescia e ganhava novos contornos de cada vez que fechava os olhos, tentando dormir. Os Radiohead dominavam o mundo, basicamente. Por todo o lado onde fosse, lá estava a rapaziada de Oxford à minha espera, em pessoa, cartaz ou música (um dos dois primeiros temas do "In Rainbows" eram a banda-sonora da distopia). Acho que (e não é que o meu subconsciente tem a mania que é engraçadinho!) os Radiohead, sempre tão críticos face aos malefícios do capitalismo, se tinham tornado eles próprios uma gigantesca corporação multinacional que controlava os passos de toda a gente - ou pelo menos os meus, o que já era suficientemente aborrecido.

domingo, 4 de novembro de 2007

Feliz

Um senhor passa por mim teclando no telemóvel. A certa altura, e sem tirar os olhos do telefone, pergunta ao rapaz que o acompanha:

«Feliz é com Z, não é?»

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Mebocaína

Como é que uma caixa de 20 pastilhas de Mebocaína pode custar cinco euros e meio?

A praticamente 30 cêntimos por pastilha, o mínimo que esta bodega pode fazer é deixar-me a falar com a voz da Scarlett Johansson, ou isso.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Minhoca

Julgo que todos já passámos pela incómoda situação de não saber se devemos avisar um estranho para uma qualquer circustância, presente ou vindoura, que possa vir a trazer miséria à sua vida (uma braguilha aberta, um guardanapo de papel preso ao sapato, uma moeda de 10 cêntimos a cair da carteira).

Esta manhã hesitei, hesitei, mas acabei por avisar uma senhora que, tal como eu, esperava a camioneta em Paço de Arcos, encostada a um beiral. Nunca me julguei capaz de proferir estas palavras a alguém que nunca vira antes:

«Desculpe... mas essa minhoca vai na sua direcção!»

(o bicho era comprido, negro como a noite e ia mesmo na direcção da mulher. Achei importante informá-la disso. A senhora, que lia a pequenita revista de culinária «Ementa da Semana» - também sou cliente - deu um saltito e gritou «que horror!», antes de se afastar do beiral zoológico e de me agradecer, claro.)

The Brave One

Duas músicas para resumir a história do filme «A Estranha em Mim» («The Brave One», no original), o thriller em que a Jodie Foster vira serial killer:

- «Mistaken For Strangers», dos National
- «New York I Love You But You're Bringing Me Down», dos LCD Soundsystem

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Porrada

Esta tensão entre Portugal e Inglaterra, que arde em lume mais ou menos brando desde o eclodir do «caso» Madeleine, está a pedir um duelo ao pôr-do-sol, uma pequena batalha campal ou qualquer outro tipo de catarse via pancadaria. De outra maneira não vamos lá.

Acabo de ver, na SIC Notícias, a reportagem da Sky News sobre a morte de quatro turistas no Algarve. Lançaram-se à água para salvar os filhos, em risco de se afogarem, e acabaram por ser vítimas de correntes traiçoeiras.

Fiquei muito impressionada, e triste, quando soube desta tragédia. Mas não entendo porque é que a Sky tem de frisar que sim senhora, havia um aviso sobre o perigo do mar mas nenhuma tabuleta sobre a ausência de um salva-vidas no areal, fora da época balnear.

O Verão não correu bem a ninguém mas já vejo vontade de implicar com tudo e mais alguma coisa - do lado deles e deste também.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Estações do Ano

Acho que foi hoje que se deu, por fim, a transição do Verão atrasado para o Outono.

Em linguagem popular, quer isto dizer que passámos do...

«Uma pessoa nem sabe o que é que há-de vestir!»

Para o:

«Já sabe bem o casaquinho»

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Boa Noite e um Queijo

Hoje é dia de jantar à pressa e deitar tarde - ou seja, é dia de Boa Noite e um Queijo, às 22h00 na Rádio Zero (ou a partir de amanhã nos vossos leitores de mp3). Prometemos uma emissão mais pontual e menos caótica que a da semana passada. Mas só Deus sabe se cumpriremos...

Lagarto, lagarto

Esta manhã, ao sair de casa, reparei que a gata brincava com qualquer coisa na cozinha, a sua divisão favorita desde que o estore se escangalhou e a luz do Sol de Outono entra toda por ali dentro.

Pensei que fosse um papel, um pedaço de plástico ou algum pequeno vegetal (há lá coisa de que a bicha goste mais que um rebento de soja ou uma tirinha de cenoura! A sério). Aproximei-me e estranhei a forma simétrica do brinquedo da Shiva.

Já quase de nariz do chão, percebi que era um mini-lagarto (uns dois centímetros e meio de comprimento), bem morto e espalmado, que entretinha a gata.

A felina preferiu não revelar onde o encontrou. Fico assim sem saber se o pequeno réptil que jaz no meu caixote do lixo veio colado a algum sapato ou se se aventurou a trepar os nossos três altos andares.

Complemento

Sinto uma certa saudade de ser devidamente insultada neste blogue.

Assim sendo, aproveito que o amigo JG me tenha enviado, na semana passada, a foto que dormia no seu portátil desde Agosto para completar aquele post lá em baixo, em que sugeria que comprassem a BLITZ deste mês para lerem, entre muitas outras coisas, a entrevista aos National.

Olhai:

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Frases que alegram o meu dia

Esta manhã, numa farmácia de Algés:

«Tratam melhor um carneiro no curral que uma pessoa no médico!»

Quem o disse foi um senhor idoso, com casaco à Pai de George Costanza. O farmacêutico («Onde é que já se viu receitar um medicamento que saiu do mercado há seis meses?!») deu-lhe razão.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Iogurtes

Não vejo jeitos de contrariar a ascensão do iogurte na nossa sociedade. Eu, que nos tempos da faculdade terei provado todo o tipo de leite coalhado disponível no mercado (ah! loucos anos!), já não posso com mais anúncios a iogurtes «funcionais». Ou bem que regulam o trânsito intestinal, ou controlam a linha, ou nos enchem de «el casei imunitae». Que é feito dos iogurtes que são bons, porque sabem bem? Ainda me lembro de comer dos de chocolate (Longa Vida) com um pacotinho de açúcar por cima - bons tempos.

O ridículo chegou hoje a um novo máximo, com a oferta, no meu local de trabalho, de um Adagio em modo «shot». Vem com um panfleto que explica o seguinte: dada a «micro-textura» do iogurte, o nosso intestino delgado é enganado (coitadinho) e pensa que está satisfeito, quando se encontra na mais profunda miséria. Isto faz com que, durante algumas horas, tenhamos menos fome do que é habitual.

Os senhores sugerem, então, que enviemos um sms para o seu número de apoio, com a hora a que comemos a nossa refeição principal. Quatro horas antes, eles farão o obséquio de nos avisar para tomarmos o shotzinho enganador. Para termos menos apetite à hora da paparoca.

Por amor da Santa, o que inventarão a seguir? Iogurtes com glutões que comem o resto da comida que ingerimos durante o dia?

Escusado será dizer que a minha tripa se mantém insensível a estas invenções. Por mim, ia já lanchar.

Shakira

Esta manhã, ao entrar no autocarro, mostrei o passe ao senhor motorista e disse-lhe bom dia. Ele respondeu-me com o refrão de «Whenever, Wherever!» da Shakira, que passava na rádio naquele momento. Fiquei tão surpreendida que me esqueci de passar o passe na maquineta da entrada e tive de voltar para trás, segundos depois, perdendo para os meus companheiros de autocarro a fraticida, ainda que aparentemente civilizada, luta por um lugar sentado.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Testes

E ainda dizem que estas coisas não têm rigor científico! Numa tarde com pouco trabalho, segui o linque da blogthings, disponibilizado ali no Blog da Suz. Três tiros, três melros - o mesmo é dizer que os testes me revelaram que o meu verdadeiro mês de nascimento é Junho (nasci cinco dias antes do dito); que se eu fosse um país, era a Holanda («tolerant and unpretensious»), e que a minha cor é o roxo!...

«Your world is colored in dreamy, divine, and classy colors. Your color wheel opposite is yellow. While yellow people may be wise, they lack the manners and class needed to impress you.»

A propósito, depois de anos a fio a inventar coisas que na melhor das hipóteses me fariam parecer um saco de batatas, e dos feios, os senhores da moda lembraram-se de me compensar fazendo do roxo a cor desta estação. O efeito não é, porém, dos mais animadores: ainda nem começou a fazer frio e já estou um bocado farta de ver a «minha» cor em tanta gente (ainda outro dia, no autocarro, duas raparigas usavam blusas exactamente no mesmo tom). Espero que no próximo Inverno se decidam por um cinzento ou um azul-bebé, duas das (poucas) cores que nunca uso.

Stones

Passei três noites desta semana a ver o mais recente DVD dos Rolling Stones, "The Biggest Bang". São sete horas e tal de concertos, entrevistas e imagens sortidas, divididas por quatro discos. Quando chegam ao fim, até ficamos com saudades dos velhotes (estou a brincar - a maior parte das actuações é verdadeiramente impressionante e o Keith Richards é mais fixe que a ideia de fixe. A sério).

Entretanto, foi também neste DVD, mais precisamente nos últimos minutos do quarto disco, que encontrei as mais aberrantes traduções de sempre. O Mick Jagger falava sobre a versão que a banda tocou de «Get Up Stand Up» mais ou menos nestes termos: «You think you can play any song, and you are right, but you'll only know if it works when you show it to the people».

Dizem as legendas: «Você julga que pode jogar qualquer canção, e você está direito, mas só saberá quando a mostrar aos povos».

Isto é ainda mais bizarro se tivermos em conta que este assomo de genialidade só surge no finalzinho do DVD; até essa altura, apesar de «yeah» aparecer traduzido como «yeah», não tinha havido motivos para grande alarde.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Grafitti

No chão do comboio que apanhei esta manhã, alguém escreveu a seguinte mensagem:

«Na mudança de atitude, não há mal que não mude»

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Boa Noite e um Queijo

Está de volta o melhor programa de rádio feito por mim e pela Ana Martins às terças à noite!

Para as duas ou três pessoas que não escutaram a emissão em directo ontem à noite, haverá podcast brevemente, aqui (já podem lá passar para ver o alinhamento...).

Revistas

Finalmente, uma revista que fala sobre os melhores cafés da cidade, as frases que se escutam nos transportes, os supermercados de trazer por casa, os melhores programas dos canais mais obscuros, os transeuntes que nos chamam a atenção - e os discos, livros, filmes e teatros que às vezes também consumimos. Chama-se Time Out Lisboa, tem muita graça e, em duas semanas, já me habituei à ideia de que Quarta-feira é dia de ir ao quiosque comprá-la.

Noutro registo, e apesar de não ser meu hábito usar o blogue para publicitar a revista que me põe o pão na mesa, desta vez gostava de vos convidar a comprar a BLITZ. Além de tudo o que já vem sendo hábito neste ano e pico (entrevistas, artigos, belas fotos, críticas, o Diabo a quatro) há um texto desta vossa lacaia sobre os National. Olhai aqui um excerto da entrevista com o Matt Berninger:

« 'Anoto pequenos pormenores que pareçam interessantes. Às vezes parecem benignos, vulgares, mas julgo que as canções também precisam disso, para se ancorarem na realidade. Na mesma canção, ponho pormenores muito específicos e mundanos, lado a lado com metáforas mais abstractas, e a combinação é que dá peso e honestidade à canção'.

Um exemplo é «Fake Empire», o magnífico tema de abertura de Boxer, nascido de uns esboços de Bryce Dessner à guitarra e da frase «we’re half awake in a fake empire», rabiscada algures por Matt Berninger. 'Há quem a interprete como canção política, o que eu entendo, porque parte de uma observação algo política, mas o resto da canção é mais sobre escapar, sobre uma necessidade de permaneceres meio adormecido – ou meio acordado. Tornou-se numa canção sobre abandonares tudo e ficares num mundo de fantasia. É menos uma canção política e mais uma canção sobre embebedares-te um bocadinho, ires sair e fingires que está tudo bem', elucida.

'Surgiu muito rapidamente e tornou-se a canção perfeita para abrir o disco, porque cria ali um ambiente e o resto do disco também lida com esse tipo de coisa: desligares-te'. »

São só 2,5 euros e traz um vinil e um livro de oferta. Agora o que ficava aqui bem era a foto do JG desta entrevista...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Pequena historinha ilustrada

O novo electrodoméstico lá de casa...




... é movido a energia solar...




e a água da torneira:





E aborrece-se ao computador!...





(vá, dêem-me os parabéns por ter conseguido não chamar «apartment story» a este post!)

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Pois era...

Voltar ao vídeo do primeiríssimo single dos Clã é interessante a vários níveis - podia mencionar o meu primeiro ano da faculdade, mas a verdade é que, embora os anos coincidam, uma recordação não está associada à outra. Podia sublinhar a afiliação afunkalhada da canção, que nunca na vida me apanharão a maldizer porque, evidentemente, era uma escola 1) muito ligada à Invicta 2) comum ao primogénito dos meus amados Ornatos. Podia também dedicar diversos considerandos às vestimentas e aos passos de dança de Manuela Azevedo, Hélder Gonçalves e comparsas. Mas prefiro cingir-me ao essencial: a minha habilidade para perceber letras brilhava já - e de que maneira! - em 1996.

Onde a senhora canta...

«e reclamar, reclamar um pouco de atenção»

Eu andei meses (anos?) a perceber:

«Henrique Amaro, Henrique Amaro, um pouco de atenção!»

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ai a minha vida

Uma pessoa tenta comportar-se em conformidade com o que dita a sociedade. Depois recebe links destes.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Infância

Este post da Menina Alice trouxe-me de volta três das recordações de infância que tenho mais presentes, no capítulo «sinto-me tão deslocada, não sou igual aos outros». A saber:

- todos os meus coleguinhas da primeira classe, que fiz num colégio, tinham os livros encapados com papel autocolante transparente. A minha mãe encapava os meus com aquele papel de plástico com bonequinhos, que não adere às capas dos livros, antes se cola nos cantos com fita gomada. Cedi à pressão de grupo e quis ter, também, papel autocolante transparente. Nem eu nem a minha mãe conseguimos os exímios resultados exibidos pelos meus coleguinhas, e as capas ficaram cheias de vincos (mais ou menos como a roupa que engomo hoje em dia). Antecipando uma humilhação que nunca aconteceu, lembro-me de ter chorado.

- cheguei a casa ao fim de um dos primeiros dias de aulas, arrasada. Apesar de o meu avô me ter ensinado, antes de entrar na primeira classe, a escrever e fazer contas básicas, fiquei com a ideia de ser a única da turma que não sabia, ainda, escrever o nome completo. A professora Teresa (que será feito?...) tinha posto umas tirinhas com o nome de todos os meninos num cesto, e nós tínhamos de reconhecê-lo e reproduzi-lo. Houve ali qualquer coisa que me correu mal e não descansei, à noite, enquanto não escrevinhei umas 50 vezes o meu nome (ou os meus cinco nomes), sentada à mesa da sala de jantar. Lembro-me da resignação da minha mãe e das paredes verde escuras.

- esta preocupou - e até irritou - a minha mãe. Ao contrário das minhas amigas, garantia-lhe eu, a pequena Lia não tinha «voz de menina». Nunca gostei muito do meu tom de voz, mas aos seis anos o facto de ter uma voz mais grave que a das outras era, sem dúvida, gravíssimo.

About Today

Discuto muita vez a ideia de os National serem uma banda «triste», de música «deprimente». Eu dou-me bem como eles (e com Melhoral), não saio das audições arrasada emocionalmente nem a querer cortar os pulsos com uma faca da cozinha. Digo até que a música que fazem me causa um bem-estar quentinho e reconfortante.

Mas esta música, esta música meus amigos, é das músicas mais insuportavelmente tristes que conheço.

«About Today», do EP Cherry Tree, numa sessão ao vivo para a revista Spin.

Mensagem maldosa mas inspirada

A maldosa mas inspirada sms que recebi ontem, enquanto revia, refastelada no sofá, o Brokeback Mountain:

«Os McCann podiam ter aproveitado a passagem do Dalai Lama por aqui para intercederem pela filha. Depois já só faltava o patriarca de Constantinopla e o Mulah Omar».

domingo, 16 de setembro de 2007

Ódio

Se há bicho que me mete nojo é a barata. Acredito que foi por ter visto uma, na semana passada, que os sérvios empataram o jogo frente a Portugal, minutos depois. Logo a seguir à barata vem o sapo que dá a cara (e as longilíneas pernas... brrr) pelo servidor de Internet do mesmo nome. Agora, com o regresso às aulas, o asqueroso animal tem uma nova campanha - o anúncio mostra-o em contexto liceal, claramente influenciado pelos «high schools» americanos, a pontuar os atributos de meninas dengosas que se passeiam pelos corredores forrados a cacifos. E já no Verão andava na praia a levar gajas para trás das dunas.

É um sapo, pá. A sério, parem lá com esses innuendos sexuais.

(Esta minha angústia dura há pelo menos dois anos - vejam aqui)

TV Cabo

Mais eficaz - diria mesmo que fatalmente eficaz - do que ter amigos a trabalhar na TV Cabo ou do que conhecer códigos para «crackar» a Sport TV é saber fazer uso, no momento certo, destas palavras:

«... se não me resolver o problema, mudo de fornecedor de cabo».

Só não nos mandam um cabaz de natal, dois presuntos e um queijo da Serra da Estrela para casa porque não calha.

Realidade vs Ficção

Lia eu um interessante artigo, no Ipsilon da passada Sexta-feira, sobre as fricções inter-étnicas da Londres do século XXI, quando uma pequena zaragata rebenta no 29.

Um homem de idade indeterminada (qualquer coisa entre os 25 e os 45 faria sentido), imundo e alcoolizado, berra a uma senhora negra:

«... mas não tenha medo! Eu tenho pavor é a ciganos! A ciganos é que eu tenho pavor. A raça que nasceu pior no mundo é a raça cigana! Não trabalham e têm tudo».

Entretanto levanta-se para sair e vê, do lado de fora da janela, uns agentes da GNR. Inspiração mais do que suficiente para nova intervenção:

«A classe mais corrupta do país! A polícia!! Ladrões e traficantes de droga!»

Às tantas decide pedir desculpa ao condutor («oh chaffeur», chamava-lhe ele) pelo «vocabulário» (nunca pelo conteúdo).

«Olha! Os mais corruptos que há! Só estão bem a róbar e a traficar!», volta à carga, segundos depois.

Saiu na paragem frente à casa no Alto da Ajuda onde vivi alguns anos, para continuar o seu dia, certamente mais produtivo que o de qualquer cigano ou agente da GNR.

Rugby

Compreendo que seja importante a nossa selecção de rugby estar a participar, pela primeira vez, num mundial. E acho bastante simpático que, mesmo levando abadas de meia-noite, as prestações da equipa sejam sempre relativizadas e vistas pelo lado positivo na imprensa. É assim mesmo, a rapaziada estreia-se nestas lides e possivelmente já está a superar o que dela se podia esperar.

Agora, o que não entendo é a insistência nos elogios à «coragem» dos moços.

Em que é que entrar em campo para disputar uma competição para a qual estamos apurados revela coragem? Será que, dos «lobos» de Portugal, se esperava que ficassem encolhidos nos balneários, a chuchar no dedo agarrados a uma mantinha?...


sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Coisas importantes

Posso andar sem tempo nenhum para dedicar ao meu querido Sofá Verde, mas certas coisas, como esta notícia que ouvi hoje de manhã na Antena 3, não podem passar ao lado do meu blogue:

«Tennis' favorite philanthropist Andre Agassi, honored with the Eugene L. Scott Award at this past weekend's Legends Ball, is the new ambassador for Longines, a high-end Swiss watch company. Andre will be the "worldwide Ambassador of Elegance" for the watch company; the watch maker will provide support to The Andre Agassi Foundation, beginning at the Grand Slam for Children gala in Las Vegas this October, and will continue throughout the coming year.»

Brevíssima análise de imprensa

O Bin Laden tentou, com mais umas bem-intencionadas ameaças à civilização ocidental, várias promessas de apocalipse e até, coitado, uma barba pintadinha de fresco. Não conseguiu. Apenas Luiz Felipe Scolari foi capaz de destronar a pequena Maddie da abertura dos telejornais portugueses - há que respeitar o Felipão.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Corrida aérea do Touro Vermelho

OK, a acreditar na verdade dos números oficiais (600 mil pessoas é muita gente), parece que fui a única a achar desinteressante a ideia de ver aviões pequeninos a sobrevoar as águas do Douro (antes de achar desinteressante, atenção, achei perigoso: anos e anos a sonhar com desastres na Ponte D. Luiz não me deixavam sossegada com a manobra que consistia em voar por baixo do tabuleiro inferior. Vá lá que acabaram por tirar essa «jogada» do plano).

Entretanto, o meu padrinho conta que foi para a ribeira de Gaia fotografar os treinos e que os seguranças o convidaram a passar para a zona de imprensa. Acontece que o meu padrinho é tão amador como eu, tem é máquinas melhores e (muito) mais caras. Com grande telha ficou a minha madrinha, na zona de «não press», à espera que o marido acabasse de tirar 300 fotografias e a pagar 1,50€ por uma garrafa de água das pequenas.

Ainda o site meter

Recebi uma visita da Macedónia!!!



(ok, vinha à procura duma foto do Justin Timberlake e ficou no blogue zero segundos...)

Outras combinações vencedoras dignas de registo:

sofá verde + como decorar
menina desaparecida + sedativo
desbloqueador de conversa + mulher

domingo, 2 de setembro de 2007

sitemeter

Quando crescer, o meu blogue gostaria de ser como o da Menina Alice.

Ao saber que há quem vá parar a tão digno recanto pesquisando, no google, por «sexo com cavalos» (!), decidi instalar neste modesto sofá o contador site meter.

Ainda se passaram poucas horas desde esta instalação, mas o meu maxilar já caiu ao descobrir que as pessoas acabam a ler o meu blogue porque, coitadas, querem saber mais sobre «máquinas de lavar sofás» ou «fotografar de boxers».

Não posso deixar de sentir alguma pena e culpa por falhar tão redondamente os propósitos destes visitantes de ocasião...

Anúncios, outra vez

Julguei que estava tolinha e afinal é mesmo ele - John McEnroe num anúncio da Tesco, o Pingo Doce inglês. No reclame, o campeão rezingão, que eu ainda apanhei a jogar «oficialmente» no US Open, disputa renhidamente - e nem sempre com muito fair play - vários produtos e o lugar na fila da caixa com... Bjorn Borg.



Será que um Federer e um Nadal não surtiam o mesmo efeito (de reconhecimento popular)? Fica o apelo à Tesco para que saltem uns 15 anitos no tempo e nos presenteiem com um Agassi vs Sampras no supermercado. Sempre gostava de ver como envelheceu o enfadonho (ainda que imbatível - sim, sim, está bem) rival do meu herói.

Shiva

Vista aérea de Dona Shiva Maria, na solarenga tarde de 2 de Setembro de 2007.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

TV Cabo

Não é todos os dias, nem todos os meses, nem mesmo todas as décadas que eu elogio um anúncio. Mas o novo reclame da TV Cabo (a um serviço qualquer cujo nome me escapa) parece-me muito bem: uma senhora refastelada no sofá, a explicar como recebeu na caixa do correio uma treta que lhe permite ter uma data de novos canais. «E agora posso dedicar-me ao meu desporto favorito: o zapping!», regozija ela no final, alapando-se toda consolada.

Muito bem, repito. Uma alegre e bem-vinda excepção num mundo publicitário em que as mulheres são retratadas como super-heroínas no mínimo e deusas com oito braços no máximo: põem a casa a brilhar, são as maiores no seu local de trabalho, tomam conta dos sobredotados filhos, vestem o 34 até aos 50 anos, acolhem animais abandonados e, no tempos livres, salvam o mundo do apocalipse.

Mulher + sofá + televisão = parece que não, mas tem a sua importância a difusão desta bonita mensagem.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cotidiano

Tem dias em que eu acho essa a melhor música alguma vez escrita (*).





(*) - frase escrita em «brasileiro», para melhor adequação à música.

Mitras em Algés

À saída do comboio, uma destas tardes, passo por dois mitras (relativamente asseados e ajeitadinhos) que conversam na plataforma da estação.

A uma pergunta que não ouço, responde um deles:

«Não, agora estou com pena suspensa. Vou ter outro julgamento e depois se calhar tenho de voltar», expõe com calma o sujeito de t-shirt cor-de-rosa com brilhantes. Ao pescoço, e suponho que à laia de acessório, traz um terço de plástico branco.

Josh Rouse

O Josh Rouse é um dos meus escritores de canções favoritos.

Não é desafiante, como dizia e bem um «comentador» da Amazon; não muda praticamente nada de álbum para álbum; fala quase sempre dos mesmos assuntos (assuntos do coração, geralmente). Mas com invejável regularidade (12 meses entre cada disco, mais coisa menos coisa) apresenta a sua colecção de canções novas e eu muito raramente não me deixo convencer. Pelo menos uma «peça» ou outra vem sempre parar ao meu armário mental.

Desde que veio para Espanha, viver com a namoradita, o homem está cada vez mais meloso e sentimentalão. Até já faz EPs com a muchacha, que participa também no novo álbum, "Country Mouse City Mouse". Mas como hei-de eu dizer que não a músicas como «London Bridges», que se me abstrair do calendário me soa tanto ao álbum "House" como a «Directions» ou a «Laughter»? É bom ter um pedacinho de 1999 no meu 2007.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Regresso às aulas

Aparte não ter dormido quase nada e ter acordado com formigas no quarto, foi com boa disposição que encarei, esta manhã, o regresso ao trabalho. Escusava era de ter apanhado, no autocarro, com três ou quatro pequenitos delinquentes juvenis, que de Benfica até Algés passaram todo o tempo a «falar» entre si aos gritos (literalmente aos gritos - a manterem aquele volume, chegam ao meio-dia sem voz) e a jogar jogos da bola em pequenas consolas.

«WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!», ouvia-se a certa altura. Uma espécie de silvo agudo ininterrupto e sem fim à vista, como aquele que, nos desenhos animados, precede a queda estrondosa de um piano na via pública, por exemplo. Mas aqui, na vida real, o som não terminava nunca, antes era interrompido, aqui e ali, por comentários da laia de «eh eh, isto é alto som!», «é o som da disco!!» ou «olha tudo a pedir réplei!». «WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!».

Nem os White Stripes nem os Queens of the Stone Age, no meu acagaçado leitor de mp3, foram capazes de abafar este xinfrim. É nestas alturas que eu peço a Deus uma (ou mais) das três coisas que passo a enunciar:

1) calma e discernimento para concluir que, apesar dos modos paleolíticos, aquelas criaturas até são, lá bem no fundinho, dignas de respirar o mesmo ar que os restantes ocupantes do 29

2) um vozeirão de meter medo, para os mandar calar de forma convincente

3) um lança-chamas

domingo, 26 de agosto de 2007

EPC

A razão é a pior possível, mas a capa da edição de hoje do Público (inclui cabeçalho) está fenomenal.

sábado, 25 de agosto de 2007

Uma sugestão

Se vos está a apetecer um disquinho de música íntima e quieta, onírica mas ligeiramente sub-aquática, experimentem este «Close To Paradise» de um rapazito canadiano chamado Patrick Watson. Tem-me feito confortável companhia, nos derradeiros dias destas férias quase outonais.



(o moçoilo, que descobri através do fórum sons, é comparado à pandilha do costume: Jeff Buckley, Andrew Bird, coiso. Mas eu, que até costumo desconfiar dessas enésimas aproximações ao modelo de «songwriter inspirado», acho que há aqui mais qualquer coisa - a começar pelos instrumentais ao piano, como «Mr. Tom», ou pelo ambiente enevoado de todo o disco)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

National

Três notas breves sobre os National (não dá mesmo nada de jeito na televisão).

- «Cherry Tree», o tema-título do EP que antecede o colossal Alligator, é música para rasgar roupa a meio de um acesso de raiva mas sem perder os modos. «Can we show a little discipline» = pura classe.

- Os National fazem-me pensar em duas bandas que adoro e que nem por isso lhes costumam ser muito associadas (percebo porquê: não são assim tão parecidas) - os American Music Club e os Afghan Whigs. Assim de repente, acho que é o álcool que as liga.

- Os National são uma das minhas bandas favoritas desde há muitos anos porque - acho eu que é esse o segredo - a sua essência é algo que eu tenho dificuldade em fazer mas que por algum motivo as pessoas acham que faço muito bem: lidar com a pressão/tensão.

Espero que a TVI me dê um bom filme mau, ou ainda cá volto hoje para contar a história da minha vida.

TV vs Net

Demoro muito mais tempo a adormecer quando vou para a cama depois de navegar na net, do que depois de ver televisão. Filmes tolinhos e programas mentecaptos são o ideal para me pôr a caminho do vale dos lençóis: sinto todos os departamentos do meu cérebro a fechar-se. «Detector de ironia», até amanhã! «Raciocínio lógico», vou indo! «Procura de sentido», boas noites!... Acho que o que impede que isso me aconteça com a net é a interligação, on line, entre todos os conteúdos e ideias, que fica a marinar na minha cabeça muito depois de a ter pousado na almofada.

Vizinhos

Gosto da ideia de vizinhança, mais afectiva do que geográfica ou normativa. Acho que já falei disto aqui há atrasado... Enfim. Há um ano encontrava um «vizinho» de Ermesinde em Nova Iorque, agora dou as boas-vindas a Monsieur JB e ao Ombro do Seu Cão. Somos vizinhos de vício, por exemplo.

Mitrassexuais

Numa amadora tentativa de psicanálise caseira, concluí que é pouco surpreendente o facto de me deixarem nauseada os visuais de mitra / gunna e metrossexual.

Quer dizer, a minha primeira paixoneta - mediática, mediatizada e necessariamente platónica - foi este HOMEM:



(andava na escola primária, eu)

Sina

Suponho que haja muito boa gente a sofrer - e bem - com problemas de inveja.

Basta ler os panfletos do Professor Mambo ou do seu congénere Karamba: além dos dilemas de amor e questínculas de dinheiro, a inveja tem sempre lugar consagrado na lista de desgraças com solução à vista, em troca da remuneração certa.

A inveja, acho eu, nunca me aleijou particularmente. Aliás, não vejo grande razão para que alguém me inveje o que quer que seja (abro uma fugaz excepção para a foto uns posts abaixo, eu radiosa - ou radiante - com aquela banda que a gente sabe).

Hoje, porém, uma cigana alertou-me para uma situação que eu «tinha de» conhecer.

Levantou-se do banquinho em Belém para o qual eu, incautamente, me dirigia e tentou convencer-me a pagar-lhe, para que me lesse a sina. Declinei de 260 educadas formas mas ela não desistia.

«Não fica mais rica nem mais pobre por isso!», argumentava.

Mas se eu dizia que não tinha dinheiro, respondia que bastava ir ao multibanco: «São só cinco euros!».

Como teaser, e perante a minha resistência, abriu-me ainda os olhos para o que me espera. Eis o seu diagnóstico:

«É uma pessoa muito invejada!» (palmas para mim, que a isto consegui apenas rir, e não gargalhar. «E tem uma praga rogada em cima! Por duas mulheres suas inimigas [RISOTA] que lhe têm muita inveja!»

Será que este é o discurso-tipo, capaz de acertar de raspão que seja na vida de 99% dos potenciais fregueses?... Comigo não podia ter saído mais ao lado. Ao fim de uns bons cinco minutos, a senhora encolheu os ombros e foi rogar a sua pragazita para a beira das três ou quatro amigas que a esperavam no banco de jardim.

Há que dizer que, andava eu na faculdade, uma colega de ofício desta senhora me leu a sina por 200 paus e me prometeu «um casalinho» de filhos e um noivo «de farda».

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Dois Discos

Dois discos que não concebo que possam ser maus já moram cá em casa: o novo da Mirah, sobre insectos (calai-vos; é bom, de certeza) e o do Joe Henry, chamado Civilians.

A semana de férias caseiras dar-me-á tempo para confirmar estas suspeitas. Engraçado como, depois de um dura temporada de trabalho em festivais (Alive, SBSR, Dance Station, Sines/Porto Covo, Sudoeste, Paredes de Coura), a minha cabeça tem dificuldade em perceber se este regresso à base representa um sinal de férias ou de rearranque urbano-laboral.

Férias

Uma pessoa até pode fazer planos como «... amanhã vou levantar-me às oito da manhã para ir ao mercado comprar legumes» [ (c) LB, @ PdC ], mas do que valem as boas intenções se temos uma gata, geralmente arisca, que se enrosca e aninha em nós à mínima oportunidade, a ronronar em volumes proibitivos? As saudades eram mútuas.

Furacões

Eu percebo que, ao dar e escolher as notícias, a rapaziada dos noticiários se oriente pelo famoso critério da proximidade. Mas parece-me ligeiramente insuflada a importância que se dá ao facto de haver «turistas portugueses!» nos países por onde o Furacão Ivan se prepara para fazer estragos.

OK, é chato ver as férias interrompidas ou canceladas por causa de uma intempérie daquele calibre. Mas justificam-se tantas chamadas telefónicas, tantas esperas no aeroporto em troca de umas declarações perfeitamente banais? A Martini é que se fica a rir, com a repetida exposição televisiva dos gigantescos painéis que tem pespegados na zona das chegadas do aeroporto da Portela.

Pior do que os turistas (portugueses!) não estarão os empresários e habitantes dos países cujas infraestruturas ficarão, pelo menos a curto prazo, sem préstimo?

(O que vale é que para essas e outras causas sociais temos sempre gente como o garboso Gael García Bernal!)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Desabafo Pop

Nada contra as cantigas - mas estou um bocado farta desta cara de imitação de koala do Justin Timberlake.




Cromice ao cubo

... só para pôr termo ao meu périplo de insanidade (apesar de o concerto do Sudoeste ter ficado muito aquém dos meus sonhos - mas também, quem me manda sonhar estas coisas?).

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

domingo, 5 de agosto de 2007

Ainda os festivais

Duas espécies que me chateiam sobremaneira no contexto festivaleiro (eu, que trabalho até às cinco da manhã quatro dias seguidos sem me queixar):

- os miúdos que tentam à viva força entrar na zona vip (onde geralmente funciona a nada glamourosa área de imprensa). Não aceitam o vigoroso «não» dos seguranças e obstruem a entrada «de serviço» com as suas perguntas de quem, lamentavelmente, nunca levou um tabefe dos pais. «Mas porque é que eu não posso entrar? Mas porquê?». Pá, escavem um tunel com uma colher de iogurte. Quando acabarem, perceberão que não há nada para ver aqui dentro, a não ser gente que trabalha. Pá, até a Merche Romero entra pela porta principal, que eu vi.

- a rapaziada que se passeia pelo recinto com t-shirts alusivas à prática de sexo oral (com bonequinhos a imitar os sinais de trânsito, em posições sugestivas). Mas o que é que eles querem, afinal? Que as mulheres se ajoelhem à sua frente, dispostas a tudo? Até tinha graça isso acontecer - sempre queria ver com que cara ficariam esses tarados por t-shirts espirituosas.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

SW até agora

O Sudoeste, até agora, vale por isto:



E pela Rita Carmo, claro, sem a qual esta e muito mais imagens não viriam, nunca, a luz do dia.

A Sul

Poucas horas volvidas sobre a minha chegada à planície alentejana e já tinha passado por todo o tipo de sensação que cobrir um mega-festival destes em trabalho implica. A saber (por ordem):

- ok, vamos lá
- isto faz-se
- eh pá, não
- quero ir embora, nunca mais é Domingo
- não, isto faz-se, isto faz-se
- até está a ser engraçado
- nem me estou a sair muito mal!
- dói-me os pés
- não me toques nas costas, /$%/(#"%~
- até que enfim
- já só faltam três dias

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

A morte serve-se quente

Pode não ser muito simpático ou ecológico, mas matar formigas com o vapor do ferro de engomar (elas passeiam-se pela tábua, enquanto eu tento passar a ferro) tem a sua graça.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Outra verdade inconveniente (e porventura injusta)

Um acordeão, um violino e o visual de cigano chegam e sobram para serem enquadrados na categoria de «músicas do mundo». Tudo o resto é pop-rock, e como bem diz o VJ ali, bem azeiteiro. Mas têm um vocalista saltimbanco e apalhaçado que concentra todas as atenções, em palco, e sabem muito bem como fazer a festa. Em disco não me diz nada (a não ser «muda o CD»), ao vivo faz-me pensar que estão encontrados os novos Gotan Project. Daqui a dois ou três anos e 7201 concertos na Aula Magna, Casa da Música, Coliseu, Queimas das Fitas e Feiras de Enchidos, enrolar-se-ão em bandeiras de Portugal e cachês chorudos, mas já não serei capaz de encontrar ninguém que confesse gostar deles.

Uma verdade inconveniente

Só um bicho bom e nobre como o cão para aturar os friques.



(Ou as fricas - duas delas agacharam-se a mijar à beira do nosso carro, na noite de Sexta para Sábado. Eu vi.)

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Elvis Perkins

O meu moço diz que não entende o que é que eu - e o mundo - vemos no Elvis Perkins. Eu vejo algumas boas canções e um par de letras deliciosas. A minha favorita é esta:

«While you were sleeping
Your babies grew
The stars shined
And the shadows moved
Time flew
The phone rang
There was a silence
When the kitchen sang
Songs competed
Like kids from space
We stared for hours
At our makers’ face
They gave us picks
Said “go mine the sun
Go gold
And come back when you’re done”

Uh oh
Uh oh

While you were sleeping
You tossed, you turned
You rolled your eyes
As the world burned
The heavens fell
The earth quaked
I thought you must be
But you weren’t awake
No, you were dreaming
You ignored the sun
You grew a power garden
For your little ones
And you found brides for them
On Christmas Eve
You hung young Cain
From the Adam tree

And danced
Uh oh

While you were sleeping
I tossed and I turned too
I closed my eyes
But the future burned through
The planet turned
A hair grey
As I relived
The day

While you were sleeping
The money died
Machines were harmless
And the earth sighed
The wind
You swept sound
Gravity brought
My love around
The ocean’s roe
Sang of decay,
The witches flew
And the mermaids stayed
Full of dreams
You overslept
In keeping with the quiet
Through the walls I krept
I walked on tip-toes,
Sent darkness swirling
Over all the kitchen
In the early morning

Uh oh
Uh oh

I’ll never catch up to you
Who sleep so sound
My yawns are useless,
My heart beats too loud
To go to sleep
My mind’s too proud
To bow out

While you were sleeping
The time changed
All your things
Were re-arranged
Your vampire mirrors
Face to face
Saw forever out in to space
And found you dreaming
In black and white
While it rained in all
The colors of the night

Uh oh
Uh oh

I watched the TV’s memories
Champion ships
Vanish to sea
Can it be
My honey between
You and me?

So I waited for
The riddled sky
To be solved again
By the sunrise
I made a death-Soup for life
For my father’s Ill widowed wife.

Did you have that strangest dream
Before you woke?
‘Cause in your gown you had
the butterfly stroke.
Did it escape you
Like some half-told joke
When you reached for
Your plume of smoke?

And it’ll haunt you
My honey bee
Anyone who’s anyone
Has that same dream.
Were you falling
Were you flying
Were you calling out
Or were you dying?

But thank god you’re up now
Let’s stay this way
Else there’ll be no mornings
And no more days
‘Cause when we’re dreaming
The babies grow
The stars shine
And the shadows flow
Time flies
The phone rings
There is a silence
When everbody tries to sing.»


Gostem ou não da musiquinha, será menos secante ouvi-la aqui, o vivo no Letterman, do que ler a letra toda.

O melhor cão do mundo

Há quem diga que nem é bem um cão - raposinha, lobito, morcego são alguns dos nomes que já lhe chamaram, em 12 anos de vida. Também há quem julgue que é uma cadela (sobretudo quando se passeia ao lado do robusto - e homossexual - Caramelo). Mas ao meu Kitinho endereço, nesta data feliiiz (que foi ontem), um apertado abracinho de parabéns. Feliz aniversário para o cão que me reconhece ao telefone.







(as fotos têm fraca qualidade, eu sei, mas o bicho nos últimos anos desenvolveu um inultrapassável medo às câmaras, julgo que graças à potência do flash da minha digital. De cima para baixo: circunspecto, com o parceiro Caramelo, disfrutável no sofá)

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Consultora de moda

Há coisa de uma semana, aguardava a minha vez de pagar na fila do C&A quando a senhora à minha frente me aborda com ar ligeiramente ansioso. Até julguei que me tivesse confundido com alguma funcionária da loja, mas não. Mostra-me uma blusa de risquinhas rosa que ia adquirir e pergunta-me:

«Acha que isto fica bem com umas calças pretas ou castanhas?»

Acabo por dizer-lhe que sim, se fosse um castanho escuro. Certifiquei-me que não se tratava de uma partida para os apanhados.

«Sim, é escuro, como esse castanho», garante a senhora, apontando para a alça da minha mala.

«Então sim, acho que fica», sorrio.

Passados alguns minutos (a fila estava demorada), volta a dirigir-se a mim, como quem desabafa algo que lhe vai na alma.

«É que no próximo Sábado eu vou receber, das mãos do senhor ministro José Sócrates, um diploma. Acha mesmo que isto fica bem?»

Acho que não. Devia ser algo mais festivo ou então formal. Mas ela não tem nem vontade de ouvir isso, nem disposição para ir à procura de outra coisa, adivinho.

«Siiim... Quer dizer, para quem é bacalhau basta», tento eu, referindo-me ao Sócrates. «Mas se puser uma écharpe ou um lenço...».

«Pois, e se for de gola? É que vão estar lá as televisões... », volta ela.

«Erm, acho que não... É Verão»

«Então vou bem assim? Mesmo sem écharpe?»

«Sim, acho que sim». Sorrio para confortá-la.

Antes de pagar voltou a agradecer-me efusivamente.

Ironias

Ultimamente ando com fraca sorte, mas isto é demais: então escrevo aquele post tão arrebatado e minutos depois leio que os National tocam no Sudoeste das 2h às 3h da manhã de Domingo?...

POR FAVOR.

Menos de duas semanas

Se este blogue contemplasse uma espécie de boletim meteorológico da minha panca pelos National, hoje era o dia em que a maré estava alta, o perigo de incêndio elevadíssimo, o alerta laranja activado.

Ontem à noite vi, cortesia do YouTube, a actuação da banda no programa do David Letterman, gravado este semana. Levaram a «Fake Empire», o que por si só me faz querer beijar-lhes os pés [hum, isto é uma hipérbole].

Se isto não é belo, então não sei. Daqui a 20 anos estes homens estarão num casino do Algarve a tocar só estas músicas mais lentas, e eu, caquética e de bengala em riste, a gritar pela «Mr. November». E o Berninger, que tem cara de quem sofre das costas, a responder com o seu melhor sorriso de Bill Murray.

Ainda me falta falar da versão para o «Pretty In Pink», gravada de exemplar forma para uma rádio on line. Ou do sangue que me corre mais quente e mais espesso e me faz insultar, em fóruns da net, gente que se mete entre mim e a minha panca.

Faltam menos de duas semanas para voltar a vê-los.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Comentários prementes

Na terceira noite do FMM, em Porto Covo, um senhor de generosíssimo diâmetro dirige-se aos amigos, que se sentam a meu lado. Cumprimentos trocados, vamos ao que interessa: «Então, ontem vieram?». Não, ontem não. «Eh pá, é pena!», exclama o senhor barrigudo, com uma resma de bilhetes na mão (tinha ido buscá-los para o primo, justifica-se). «Ontem não vieram... É pena. Gostei da indiana! Gostei muito da indiana.»




(na foto, a arménia Gayane Arutyunyan, do grupo russo Deti Picasso)

Boa Noite e um Queijo

Se hoje acordaram mais bem dispostos do que é costume e não sabem porquê, eu explico. Primeiro, não têm certamente de pagar 401 euros ao fisco (ver post abaixo). Depois, e apesar da ausência da Ana Martins, o Boa Noite e um Queijo desta semana vai mesmo acontecer, pela mão do grande e inimitável JG. Para os que não puderem ouvir hoje, amanhã contamos apresentar-vos o nosso podcast (mas provavelmente um pouco mais tarde do que habitualmente; temos de aguardar que a Ana regresse de Chicago. NC, pedimos desculpa pelo transtorno - tentaremos que valha a pena!)

Segunda-feira de nervos

Não sei o que me enervou mais, ontem à noite: se o final da terceira temporada do House, com a equipa toda a demitir-se ou a ser demitida, se perceber que, afinal, não tenho a receber 401 euros do IRS - tenho a pagá-los.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Porão

Título de um artigo, na revista que uma senhora lia ontem, na paragem do autocarro:

«José Castelo Branco e mulher viajam de avião em classe económica - "Tratam-nos mal!"»

Certamente o porão, onde viajam as malas e os bichinhos, estaria cheio?...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Homens

Cheira-me que os homens portugueses estão a mudar, e não necessariamente para melhor.

Ontem, numa rua de Benfica Velha, região pouco conhecida pela sua inovação social, dois senhores de ar bem conservador passam por mim. Um deles diz:

«Com um fatinho preto, nunca me comprometo.»

Um pouco mais tarde, na Avenida da Liberdade, dois robustos amigos que, à semelhante dos senhores de Benfica, não pareciam vindos do Chiado ou do Príncipe Real, conversam animadamente.

«Era um vestidinho assim, de ganga...», explica um ao outro, passando a mão pelo tórax, como quem tenta ilustrar o corte do dito «vestidinho».

terça-feira, 17 de julho de 2007

Hoje à noite

Hoje às 22h ou no vosso PC / mp3 quando vos apetecer: o melhor programa de rádio do mundo, dentre todos os programas de rádio do mundo que se chamam Boa Noite e um Queijo e passam à Terça-feira na Rádio Zero:

FAÇAM-NOS COMPANHIA QUE NÓS FICAMOS CONTENTES

House

Como suportar os seis dias por semana em que a Fox não transmite episódios novos do House (sim, eu também vejo os repetidos mas não é a mesma coisa)?

Uma solução, bem boa por sinal:




Um belo thriller escrito pelo actor, mas que acho impossível de ler sem pensar no narrador e protagonista enquanto Doutor House. O que é óptimo, claro.

Tempo farrusco

Pode ser atípico e sobretudo inconveniente para quem tirou férias por esta altura, mas ver o rio envolto numa névoa branca e relativamente espessa, num final de tarde de Julho, não deixa de surtir significativo efeito estético.

Do comboio para o autocarro, pouco cheio àquela hora em que muitos já jantam. «Green Gloves» / «Brainy» / «Cherry Tree» / «All The Wine» compõem uma bela sequência para acompanhar os humores da dona (do leitor de mp3) até casa: embalada pelo verde de Monsanto, admirada pelo nevoeiro de Verão, cansadita e quase a tombar, entusiasmada por fim com o facto de já ver a casa ao fundo da rua.

Só mesmo para ouvir «I'm in a state / nothing can touch us my love» é que atrasaria a subida dos três lances de escadas (e atrasei mesmo).

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O meu best of

Já aqui tenho confessado a minha inépcia para perceber devidamente as letras das músicas, mesmo daquelas que ouço milhares de vezes. Desconfio que, se ninguém me dissesse nada, podia passar a vida inteira alegremente enganada. Deixo aqui um best of das minhas melhores invenções.

Maxïmo Park
A última música do novo disco, «Parisian Skies», acaba com o Paul Smith a clamar por uma Rebecca qualquer que se lhe escapou por entre os dedos. «Oh Rebecca, your loss was mine too!», lamenta ele. «Oh Rebecca, your dress was mine too!», percebia eu até ver o booklet. Cheguei a usar esta (inexistente) letra como argumento para «vender» a banda junto de amiga adepta do «cross dressing» (vá lá que não resultou...).

Faith No More
Uma das primeiras músicas que conheci daquela que se viria a tornar uma das minhas bandas favoritas de sempre foi o «Evidence«. Achava fascinante que o Mike Patton cantasse, com aquele estilo todo, «It´s just a fetal thing». Toda a gente sabe que é, obviamente, «It didn't feel a thing». Eu perceberia isso anos mais tarde.

The National
Como se já não me bastasse não saber quem é/era/foi o Val Jester, na música do mesmo nome, que venero acima de quase tudo, andei imenso tempo a pensar que aquele coro fantasmagórico sussurrava «all the people lying pretty in the orphanage». A verdade: «All the most important people in New York are nineteen».

Pronto, agora gozem comigo durante dias a fio.

Big Apple

Posts como este e todos os que se lhe seguiram deixam-me com uma inexplicável, mas muito sincera saudade de um planeta onde só estive, mais coisa menos coisa, 72 horas.

Rehab, parte dois

Depois da indiezada toda da semana passada, só me apetece ouvir música sem ironia. Ultra-romântica e arrebatada, com os arranjos todos no sítio e vozes de cana de açúcar.

Percebi isto ontem, quando na colectânea "71-87" do Sérgio Godinho encontrei uma cantiga chamada «O Que Há-de Ser de Nós», com Ivan Lins. Mas nem foi preciso chegar a voz do senhor para pressentir a brasileirice da coisa. No caso vertente, não podia ser mais bem-vinda. Quero gente a cantar bem e a sério, se faz favor.

domingo, 8 de julho de 2007

Super Coiso

Ainda que ninguém mo tenha perguntado, a razão deste blogue ter estado abandonado, nos últimos dias, prende-se com o facto de ter passado a última semana no Super Bock Super Rock, em missão laboral.

Confesso que o cartaz me atraía sobremaneira, a nível pessoal, mas a verdade é que passar três ou quatro dias (e noites...) a viver exclusivamente para um evento lhe tira quase toda a graça (hedonista, egoísta) que ele possa ter.

Posto isto, vamos ao que interessa - livre das amarras profissionais, fica o verdadeiro rescaldo. Pequenas, intensas, ressabiadas, apaixonadas, irracionais, disparatadas e livres, muito livres, considerações sobre o que vi no Parque Tejo.

The Gift - ou como é possível colocar sempre um «ôôôhhh» ou um «uáááái» a mais em cada ponte e em cada refrão. Não sou daquelas pessoas que os acham completamente destituídos de talento (há ali trabalho, alguns bons temas e ideias), mas a abordagem constantemente «over the top» torna-se, mais do que cansativa, enjoativa. Era tirar-lhes os samples de cordas e já se estava melhor.

Klaxons - que pobreza. Até cantarolo alegremente os singles, mas em palco estes três moços estão tão à-vontade como eu numa convenção de Física Quântica. Concerto muito perro e enganadiço; salvaram-se as miúdas aos berros de cada vez que o Lovefoxxxo abria a boca.

Magic Numbers - tinha a impressão que ia ser uma bela seca mas foi, afinal, uma bela surpresa. Canções com açúcar amarelo e uma enorme dose de simpatia / profissionalismo / experiência deram o resultado certo: um público convencido e participativo.

Bloc Party - percebi, por fim, a razão pela qual sonho tantas vezes com o Kele Okereke. É muuuuiiiito querido... E sonhar com as canções estaria um pouco fora de questão, pois apesar de giritas... bem, são todas iguais.

Arcade Fire - embirro um bocadinho com o novo disco e com toda aquela atitude melodramática (sininhos, coros, órgãos de igreja - tipo os Gift em bom). Mas ouvi muita gente a dizer que tinha sido o concerto das suas vidas e não me choca nada: foi realmente muito bonito.

Mundo Cão - há necessidade de cantar assim? Como um Manel Cruz nos primeiros tempos, com sotaque alfacinha em vez de tripeiro? E com letras que só fazem mesmo sentido se vociferadas pelo Canibal, que as escreve? Depois de ler a peça do Correio da Manhã, concluo: não sei como há mulheres que gostam disto.

Linda Martini: muito bem, muito seguros. Um nadinha secantes. O costume, portanto.

Clap Your Hands Say Yeah: era cortar-lhes as mãozinhas. Indie pop pobrezinho, pobrezinho, servido pela voz do ceguinho que pede no metro. Pandeiretas e teclados tlim-tlim-tlim. A voz... a voz. Porque é que há gente que faz de propósito para ser irritante? Já não nos bastam aqueles que o são naturalmente?

Maxïmo Park - gosto muito do novo disco. Saí do concerto a gostar mais do Paul Smith do que das músicas. Deu-me vontade de gritar-lhes: «Calma! Toquem mais devagar!». Espero voltar a vê-los com menos pressa (os saltos podem ficar).

LCD Soundsystem - um ursinho de peluche vestido de pijama. Como é fofinho o James Murphy. E nisto já o pessoal está todo a dançar, mais do que nos Underworld. Uma pequena maravilha.

Anselmo Ralph - outra maravilha. R&B angolano igualzinho ao americano, mas em pobre e cómico. Pancadaria encenada em palco. Ninguém conta isso melhor que o Cristiano Pereira.

Micro Audio Waves - moça muito séchi, música pop electrónica e animada. Podiam ter ido além dos 20 minutos que não me importaria.

X-Wife - não era concerto para as seis da tarde. Não é voz para as seis da tarde.

Gossip - faço minhas as palavras de uma colega, em conversa com outrém: «Experimenta ser uma mulher gorda, de vestido curto, em cima de um palco». A Beth Gossip experimentou e não quer outra coisa. Ainda bem.

TV On The Radio - adoro-os e não pude vê-los. Ao longe pareceu-me que não estava a ser bombástico...

Scissor Sisters - mais ou menos a mesma coisa que no Coliseu, ou seja, bastante bom.

Interpol - muito estilo e muita segurança. Onde os Bloc Party têm 2 ou 3 canções, estes têm 4 ou 5 (que se repetem ao longo dos respectivos discos). Mas ao menos são boas, essas 4 ou 5 músicas dos Interpol.

Underworld - algures na minha vida, confundi alguma coisa que realmente se tenha passado comigo com a banda-sonora do Trainspotting. Teria de me submeter a hipnose para entender como é que um percurso limpinho e sem espinhas como o meu encontrou tanta identificação numa música como «Born Slippy», mas não posso negar o fenómeno. Ouvi-la foi emocionante, o resto também não me soube mal.

Para o ano, se estiver viva e ainda não me tiver dedicado à jardinagem, lá estarei outra vez.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Salsa e Soja

Já desconfiava, desde que ignorou um pedacinho cozinhado e «limpo» (sem temperos agressivos) de pescada, que a felina não seria do mais normal que por aí se encontra. Há pouco tempo apanhei-a a roer um raminho de salsa no chão da cozinha - e na passada semana, a derradeira prova. No final da refeição, saltou para cima da mesa, manifestando arreigado interesse nos restos da salada. Acabou por surripiar um rebento de soja (o mais comprido e completo dos que restavam) e comê-lo, deliciada, já fora da taça.

Apresento-vos Shiva, a gata vegetariana.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Dismorfia corporal

Quando julgava que já tinha visto de tudo no que toca a doenças mentais e programas parvos, apanho um documentário sobre gente aparentemente saudável cujo maior desejo passa por ser amputado.

É uma forma de dismorfia corporal, diz-nos o senhor do Zone Reality, e começa, em muitos casos, quando as vítimas vêem, ainda na infância, estropiados e pessoas com próteses de membros.

Desenvolve-se então uma fantasia: não ter uma perna, ou não ter nenhuma, por achar que a simetria vai contra a imagem «ideal» que se tem do próprio corpo.

Um dos homens que, ao longo deste documentário, tentou obter autorização psiquiátrica para que lhe amputassem a perna dizia mesmo que, para ele, o seu corpo acabava acima do joelho direito, e o resto era um empecilho, uma anomalia.

Desgraçadamente, este senhor, que até se tornou psicoterapeuta para melhor compreender a sua panca, conseguiu a tal aprovação para que lhe cortassem meia pernoca, mas antes que a operação fosse em frente, o hospital escocês que fazia o servicinho decidiu deixar-se dessas coisas, por causa de uma reportagem televisiva sobre as polémicas intervenções cirúrgicas.

Confesso que fiquei com um nadinha de pena do homem - jurava, quase a chorar, que só amputado podia ser feliz. E não se importava de correr o risco de morrer (!) durante a operação, que nunca se chegou a realizar.

Tudo o que as palavras não conseguem dizer

Dizia eu ontem à noite, de coração sobressaltado, que encontrara por fim provas (nomedamente imagens) do concerto que vi em Berlim, há pouco mais de um mês.

Agora mais calma, deixo aqui algumas dessas fotografias. Peço desculpa pelo abuso ao autor dos registos - entschuldigungen Sie, Pelforth, aber ich muss diese Bilder in meinem Blog haben : )










(de cima para baixo: um delírio acrobático, decerto durante a histérica «Squalor Victoria»; as costinhas a doer ao artista, ora bem; uma das descidas ao povo, ou no «Mr. November» ou no «Abel». Observai o quanto sua a plateia - e não era só da emoção...)

Eh lá

Depois do verdadeiro tour de force que operei abaixo (contem lá os posts novos, vá), alcancei aquilo a que me tinha proposto: 13 (aliás, 14!) intervenções sem mencionar os National. (Quanto à sanidade, ficou esquecida numa qualquer estação de metro de Berlim).

Por falar em Berlim - mais vale tarde do que nunca. Percebi, há minutos, que o concerto que vi no Magnet não foi fantasma. Até agora, nem uma gravação pirata, nem uma foto, nem nada. Nos tempos que correm, é bizarro. Mas eis que, por «acaso», dou com um relato do espectáculo - em português!

Infelizmente, a Rita e a amiga não deliraram tanto como eu, na noite de 25. Apenas concordo com as críticas ao arranque a meio-gás (e daí não - o Start a War já fez faísca, na cauda do cometa) e com a menor força da Slow Show. Por outro lado, a Brainy esteve lá (logo no começo...) e se os moços mais não deram, foi porque não puderam. Havia uma festa a seguir, lá no clube...

Podem ler os meus delírios aqui, companheiras de concerto (eu bem me parecia ter ouvido alguém falar português quando passei pelo «quintal» para ir à casa-de-banho!).

Como uma desgraça nunca vem só, eis que encontro imagens do concerto! Imagens! Estou nervosa, palavra de honra.

Acho que isto diz mais do que mil palavras - sobre o concerto, e sobre o calor. Era só misses t-shirt molhada...

(OK, não deixam linkar. Cliquem aqui que vale a pena, a sério).

Mais aqui.

terça-feira, 26 de junho de 2007

São João

Talvez por não ir ao Porto há algumas semanas, talvez por já não me lembrar da última vez que festejei o São João - alguma coisa me deixou nostálgica no fim-de-semana passado, ao ver, pela televisão, a Invicta bailar e martelar.

Sem demérito para as actuações dos artistas pimba no palco da Ribeira, os meus destaques pessoais vão para a miúda que fez frente ao grande Hélder Reis (ele no seu habitat natural, os exteriores; ela, quatro ou cinco anos feitos, a bombardeá-lo com perguntas como «e os teus amigos, como se chamam?» ou «o que é que tu comes no São João? Só isso?!», recusando-se a devolver-lhe o microfone); para o miúdo que, no meio do mosh ao repórter, saltou para cima da câmara e causou (?) a interrupção da emisssão durante um minuto ou coisa assim; e para a senhora negra que, de relance, vi numa barraquinha de sardinhas e fêveras, muito sorridente e empenhada. É um destaque estranho, eu sei, mas quem está habituado ao Porto e à sua homogeneidade étnica poderá perceber o que eu quis dizer.

Além das sardinhas e dos pimentos, do que tive mais saudades foi do cheiro a manjerico (até comprei mangericão para temperar uma salada, dias depois!) e daquele bafo morno e meigo que, mesmo que chova, sempre se sente na noite de 23.

A ver se para o ano volto.

É favor encontrar...

É favor encontrar, na imagem abaixo, a influência portuguesa no Muro de Berlim (ou no que dele resta, claro está).



Muitas gracias à Susana, cujo olho de falcão descobriu esta preciosidade, faz agora, mais coisa menos coisa, um mesinho.

«Uma coisa horrível»



Esta é a Beth Ditto, vocalista dos norte-americanos The Gossip, nua na capa do NME.

Além de um inesperado hit com o (óptimo) single «Standing In The Way of Control», os Gossip têm - adivinharam - uma vocalista de peso, que nos últimos meses vem animando a imprensa inglesa com as suas bocarras sobre dietas, lesbianismo, punk e, de uma forma geral, os direitos civis da malta.

Diz coisas bem interessantes, e só o facto de aparecer na capa do NME (uma mulher! Obesa! Nua!) já indica que alguma coisa está a mudar, ou poderá vir a mudar, na forma como encaramos «os corpos» (a expressão - feliz - é dela).

Ao mesmo tempo, creio que ao chamar a atenção para si desta (espampanante) forma, a Beth Ditto não faz uma figura radicalmente diferente das anoréxicas, socialites e/ou bimbas que a imprensa costuma levar em ombros.

Na entrevista, que hoje li, percebem-se os propósitos situacionistas da moça (mais nova que eu...): aproveitar enquanto os holofotes lhe aquecem a peruca e debater uma data de coisas que tendemos a tomar por garantidas, nomeadamente os ideais de beleza escanzelada e os sacrifícios a que muitas mulheres se submetem, em seu nome, nem sempre com consequências benfazejas.

Não tem a triste ideia de defender a gordura, o que só lhe fica bem. E por muita maquilhagem e photoshop que lhe despejem em cima, há-de continuar a chocar.

Hoje, na paragem, tive de abrir a revista, deixando a capa à vista - uma adolescente que, sentada ao meu lado, combinava ao telemóvel o melhor sítio para ir de férias («a casa do meu avô é um ambiente muito pesado, mas na dos meus avós temos piscina perto e uma discoteca!») viu a foto e emitiu um sonoro «ieeeeuuu!» de nojo. Do outro lado da linha, a interlocutora há de ter-lhe perguntado o que se passara. «Nada», respondeu a miúda. «É que vi uma coisa horrível».

Estás a ver, Beth? Ainda és punk!

Cristiano

Prosseguindo a revista de imprensa - numa época em que a homogeneização ameaça tirar força, colorido e imaginação ao mundo, é preciso distinguir aqueles que só soam a si mesmos. Cristiano Pereira, o melhor repórter todo-o-terreno que conheço, é o mais perfeito exemplo da personalidade ao serviço da escrita.

No JN, sobre os Rolling Stones:

«Todavia, horas antes, dir-se-á que o ambiente no interior do estádio era brando, demasiado "clean", quase betinho. Ou seja não se vislumbravam vestígios que costumam ser apanágio das grandes concentrações rockeiras. À excepção de um alucinado na bancada que não parava de berrar "Ó Zé! Estou farto de te chamar!", o povo concentrado no recinto pautava-se por um comportamento ordeiro - talvez demasiado ordeiro para um concerto daquela que é considerada a maior banda de rock'n'roll do Mundo.»

«Foi nesse momento que o JN encontrou o cantor Toy a abanar a cabeça em movimentos afirmativos ao ritmo das guitarradas, enquanto o pé direito, embrulhado numas botas texanas, marcava o compasso. Como é? O Toy gosta de rockar? "Já fiz rock muitos anos", responde-nos, vagamente surpreendido com a pergunta. "Até já vi os Korn e o Marilyn Manson", acrescenta. "Quando sair o meu DVD você vai surpreender-se", diz ainda, no preciso momento em que os Jet terminam a actuação e desaparecem do palco. "Aquilo é que é lindo! Olha só são mais de 50 roadies", observa o cantor vestido com fato à motoqueiro, o dedo apontado para os técnicos que desmontam o material no palco.»

Mais aqui.

Socorro...

Muita coisa pode ser dita sobre esta entrevista do Pedro Abrunhosa ao Correio da Manhã. Muita coisa, que não necessariamente boa. Assim de repente, o único elogio que tenho vontade de fazer é mesmo ao jornalista, pelo oportunismo e mesmo coragem de muitas das perguntas.

Reciclagem

Quando estou chateada (cansada, sem paciência - são tudo sinónimos), não reciclo.

Deixo o saco gigante da FNAC às moscas e mando com papéis amachucados, embalagens de leite e pacotes sortidos para o caixote geral do lixo. Sinto-me bem, bastante bem com isso. OK, às vezes, mais do que nas árvores a tombar em todo o mundo, penso nos miudinhos que tentavam educar-nos nos anúncios do ecoponto. Penso que ficariam tristes com a ofensa da minha preguiça. Mas depois lembro-me que aquela que eu achava mais querida, uma moreninha vestida de verde, nunca mais apareceu, por isso é bem feito. Vai tudo para o caixote do lixo.

No entanto, não há vez que faça sopa ou salada e não dê por mim a pensar «onde é que está o saco para pôr as cascas para dar às galinhas». A minha consciência ecológica é uma perfeita contradição.

Cherries

Sou uma pessoa altamente influenciável e não aguentei ler posts como este sem ir à Pérola de Benfica buscar um saquinho de cerejas.

Saquinho (diminutivo) de cerejas (fruto ele próprio diminuto, ainda que suculento). Parece coisa fina e delicada. No entanto, o meu homem garante que, uma destas noites à sobremesa, devorei as pobrezitas «como um lobo».

Verdade verdadinha

Macacos me mordam se o programa "Hospital dos Animais" não é a coisa mais comovente da história do mundo.

(E se me morderem, os macacos, espero que os médicos me tratem tão bem como os veterinários tratam dos bichinhos que vão parar ao programa.)

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Viagens na minha cabeça

Talvez estimulado pelo invulgar número de viagens empreendidas nos últimos meses, o meu subconsciente tem dado seguimento à diáspora: desde o começo do mês que já sonhei estar em São Paulo (com a Susana e o Kele dos Bloc Party - outra vez), em Tavira (onde havia uma manif de neo-nazis) e em Madrid (novamente com a Susana, mantidas cativas as duas por um tipo que nos fazia escalar uma encosta e dormir 20 dias num sótão, supostamente a pretexto de nos dizer onde era a estação de comboios para regressar a Portugal).

Dias mais tarde, na «vida real», li uma notícia sobre a possível existência de células da ETA na mesma cidade algarvia onde, a dormir, vi neo-nazis, e se me afligi com a possibilidade, congratulei-me com a esperteza (política!) dos meus sonhos.

Esta noite, sonhei que ia a caminho dos Estados Unidos mas passava a vida, ou a viagem, a fazer escalas inesperadas e infrutíferas - em Cuba (!) e em Munique, paragens onde evidentemente nunca estive (pelo menos acordada).

Ao chegar à estação de Algés, e sem razão nenhuma em especial, comprei o JN, jornal do qual gosto bastante mas que não é habitual adquirir. Começo a lê-lo, como é meu costume, a partir da última página, e apanho estas duas notícias em destaque: «Filipe Lima brilha em Munique» e «Fidel Castro pede a defesa da pátria».

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Raquel, a Grande

Estava a ouvir uma música de título «Someone Great» quando soube que, em Novembro, quem nasce é uma Raquel.

Só pode ser um bom presságio, C. & V.!...

Alívio

Miar alto, esperar-me à porta da casa-de-banho, aguçar as unhas na arca da roupa, beber água da torneira, atirar-se às minhas pernas (as terríveis emboscadas!) quando passo no corredor, pedir que lhe atire a bolinha de papel.

Tudo coisas irritantes, sim, mas muito bem-vindas depois de mais de 24 horas de reclusão, muda e imóvel, debaixo da cama e do sofá, aparentemente colhida por medo ou doença.

Bem-vinda de volta Shivinha! : )

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O disco do ano

Sai em Setembro e dificilmente não será um dos discos do ano.

Chama-se "Civilians" e por mim punha-o já ali na lista da música em escuta. Até me parece que já o ouço ao fundo: a voz rouca do Joe Henry a pairar, bem esperta, sobre aqueles sopros e violinos.




Adoro músicos que (também) sejam bons com palavras: poupam-me trabalho.

«The songs have the right amount of smoke, the right number of mirrors and the right kind of clarity», diz ele sobre as novas canções.

Fumo, espelhos e claridade - está tudo dito. Agora só falta ouvir - à noitinha, de certeza, que a noção de claridade do Joe Henry é bastante relativa.

Para name dropping (Van Dyke Parks! Bill Frisell! Elvis Costello! Aimee Mann!) e informação mais objectiva / menos deslumbrada, podem ir aqui e ler o comunicado de imprensa.

Livros, chapéus, vídeos da loja dos 300

Os Maxïmo Park devem ter recebido 15 euros e quatro sandes de presunto como orçamento do novo vídeo, «Books From Boxes». Ainda por cima, neste teledisco excepcionalmente, o vocalista não se parece nem com o Ricardo Carvalho nem com o John Cleese enquanto novo, abalando a minha aclamada teoria.

Sobra a música, que nem um vídeo da loja dos 300 impede de ser uma das melhores do ano.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Graffiti indie

Que bonito - hoje vi na estação de comboios de Caxias um graffiti assinado por «The Young Folks». É, suponho, uma alusão ao delicodoce hit do Verão passado, dos suecos Peter Björn and John.

Tempos idos

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