Aparte não ter dormido quase nada e ter acordado com formigas no quarto, foi com boa disposição que encarei, esta manhã, o regresso ao trabalho. Escusava era de ter apanhado, no autocarro, com três ou quatro pequenitos delinquentes juvenis, que de Benfica até Algés passaram todo o tempo a «falar» entre si aos gritos (literalmente aos gritos - a manterem aquele volume, chegam ao meio-dia sem voz) e a jogar jogos da bola em pequenas consolas.
«WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!», ouvia-se a certa altura. Uma espécie de silvo agudo ininterrupto e sem fim à vista, como aquele que, nos desenhos animados, precede a queda estrondosa de um piano na via pública, por exemplo. Mas aqui, na vida real, o som não terminava nunca, antes era interrompido, aqui e ali, por comentários da laia de «eh eh, isto é alto som!», «é o som da disco!!» ou «olha tudo a pedir réplei!». «WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!».
Nem os White Stripes nem os Queens of the Stone Age, no meu acagaçado leitor de mp3, foram capazes de abafar este xinfrim. É nestas alturas que eu peço a Deus uma (ou mais) das três coisas que passo a enunciar:
1) calma e discernimento para concluir que, apesar dos modos paleolíticos, aquelas criaturas até são, lá bem no fundinho, dignas de respirar o mesmo ar que os restantes ocupantes do 29
2) um vozeirão de meter medo, para os mandar calar de forma convincente
3) um lança-chamas
Há 13 anos
3 comentários:
O Calvin pede um lança-chamas todos os anos no Natal :D
Ainda não percebi, o "WEEEEE" eram os putos ou as maquinetas que faziam? :) Seja como for, tens todo o meu apoio moral e compreensão. Os Ai-Podes são instrumentos verdadeiramente INDISPENSÁVEIS hoje em dia para quem anda de transportes públicos como nós, já cheguei a essa conclusão...
Eram as odiosas crianças que o faziam... E nem o meu iPod conseguia abafar tamanha poluição sonora e mental!
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