quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sina

Suponho que haja muito boa gente a sofrer - e bem - com problemas de inveja.

Basta ler os panfletos do Professor Mambo ou do seu congénere Karamba: além dos dilemas de amor e questínculas de dinheiro, a inveja tem sempre lugar consagrado na lista de desgraças com solução à vista, em troca da remuneração certa.

A inveja, acho eu, nunca me aleijou particularmente. Aliás, não vejo grande razão para que alguém me inveje o que quer que seja (abro uma fugaz excepção para a foto uns posts abaixo, eu radiosa - ou radiante - com aquela banda que a gente sabe).

Hoje, porém, uma cigana alertou-me para uma situação que eu «tinha de» conhecer.

Levantou-se do banquinho em Belém para o qual eu, incautamente, me dirigia e tentou convencer-me a pagar-lhe, para que me lesse a sina. Declinei de 260 educadas formas mas ela não desistia.

«Não fica mais rica nem mais pobre por isso!», argumentava.

Mas se eu dizia que não tinha dinheiro, respondia que bastava ir ao multibanco: «São só cinco euros!».

Como teaser, e perante a minha resistência, abriu-me ainda os olhos para o que me espera. Eis o seu diagnóstico:

«É uma pessoa muito invejada!» (palmas para mim, que a isto consegui apenas rir, e não gargalhar. «E tem uma praga rogada em cima! Por duas mulheres suas inimigas [RISOTA] que lhe têm muita inveja!»

Será que este é o discurso-tipo, capaz de acertar de raspão que seja na vida de 99% dos potenciais fregueses?... Comigo não podia ter saído mais ao lado. Ao fim de uns bons cinco minutos, a senhora encolheu os ombros e foi rogar a sua pragazita para a beira das três ou quatro amigas que a esperavam no banco de jardim.

Há que dizer que, andava eu na faculdade, uma colega de ofício desta senhora me leu a sina por 200 paus e me prometeu «um casalinho» de filhos e um noivo «de farda».

4 comentários:

menina alice disse...

Também já me abordaram duas vezes ali no Marquês e a conversa foi exactamente a mesma. Chegaram a ter o descaramento de me tocar na mão.

Anónimo disse...

Noivo de farda????? LOLOLOLOL, bem foi mesmo "ÁGUA" a kilómetros do porta-aviões! :D

salamandrine disse...

madama, desvias o assunto quando sabes que a cigana falava de nós e do arranjinho que encomendamos ao professor mokambo.


bufa, a cigana!

Suz disse...

Olha miga, a mim foi em Benfica, frente à igreja (como convém). Uma das ciganas que anda a vender roupas penduradas nos braços chega ao pé de mim e diz-me que "vê" que sou uma pessoa muito invejada, que o ambiente do meu trabalho é mau, e que me invejam a posição que tenho (!!)
Foi aí que desmistifiquei a situação, porque *ninguém* mas *NINGUÉM* poderá invejar aquele trabalho!
:D

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