Tenho um colega que acredita piamente numa vindoura invasão da Terra por extraterrestres. Pior: tenho outro colega que lhe dá razão e com ele protagoniza animados debates sobre o assunto, o que me permite concluir que existe uma seita em formação, no meu próprio local de trabalho.
A minha teoria é ligeiramente diferente, e prende-se com a emergência actual, a nível planetário, dos sapos. Atenção: nada me move contra os bichos. O único animal a quem gostaria de assinar a extinção são as baratas. Sapos lembram-me as visitas à aldeia da minha avó materna - são atarracados, viscosos, um pouco nojentos e de cor acastanhada. Ainda assim, bem mais atraentes que os sapos que, como defendia atrás, começam a ocupar os lugares cimeiros da nossa sociedade.
Veja-se esse fenómeno para-musical de nome Crazy Frog. Da «canção» nem falarei, que o estômago é fraco e não quero ter uma recaída. Mas já olharam bem para o artista em si?... Aquilo é um sapo desde quando?
A boca medonha, cheia de dentes, a cor acinzentada da pele e os oculinhos na cabeça repugnam-me. OK, os óculos escuros, bem como o esgar ligeiramente ganzado, até se entendem, se tivermos em conta os meios (musicais) em que o anfíbio se move.
Mas... e o que dizer do umbigo? O Crazy Frog tem umbigo. Pensar que aquele ser já esteve ligado umbilicalmente a qualquer coisa assusta-me, e faz-me desejar nunca conhecer a sua criadora. Depois há a música, claro, mas sobre essa já avisei, nem tentarei botar sentença.
Menos omnipresente mas igualmente misterioso e asqueroso é o sapo da dita operadora nacional de Internet (espero que ninguém da empresa leia isto, se não ainda vai a batata para tribunal). Sempre me meteram um certo nojo as formas esguias e esverdeadas do animal. A antropomorfização da coisa não ajuda; o sapo não precisava de caminhar nas patas de trás nem «passar a noite a curtir com os amigos» (no anúncio, um pinguim) para as pessoas aderirem aos seus serviços.
Mas há pior: no novo reclame, o animal (literal e insultuosamente) começa por dar um grande arroto, e, depois de uma noite na disco com o amigo pinguim (denoto aqui algum homo-erotismo) deita-se na cama e manda os lençóis pelo ar com uma potente flatulência. Que exemplo se pretende transmitir com isto? Que a energia eólica é fácil e barata?
Queria deixar aqui uma imagem deste sapo leviano, mas na homepage do sapo não a encontrei... dei, no entanto, com um retrato do outro sapo, o «granda maluco» do Crazy Frog. Isto só vem provar a perigosidade do lobby sapo - além de nojentos, sem modos e desrespeitadores das suas próprias tradições verduscas, unem-se em compadrio para melhor atingirem o seu grande propósito - conquistar o mundo. Fiquem atentos.
Há 13 anos
6 comentários:
LOL e reLOL. Este texto está genial!
também já dissertei sobre o assunto crazy frog:
http://dedosdecinza.blogspot.com/2005/09/o-que-mais-surpreendente-na-imagem.html
isto dá matéria para uma tese universitária
Os sapos que vieram para nos dar cabo da cabeça... é um herói cá de casa esse Crazy Frog (o outro limita-se a fornecer serviços básicos de acesso à net)
ps
:-)
Rita, vou consultar o teu parecer!
Eunice, I aim to please you!...
Pedro, acredito verdadeiramente que existe algo de subliminar (e mau) nesta enxurrada de sapos. Hás-de ver quantos aparecem em anúncios hoje em dia...
Tenho esperança que, daqui a 15 anos, olhemos para esta fase dos nossos media com o mesmo distanciamento irónico com que hoje vemos o hair metal ou os blazers com chumaços dos anos 80. Mas enquanto dura, é custoso!
beijos,
lia
The truth is out there..
É uma rã...
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