Quando julgava que já tinha visto de tudo no que toca a doenças mentais e programas parvos, apanho um documentário sobre gente aparentemente saudável cujo maior desejo passa por ser amputado.
É uma forma de dismorfia corporal, diz-nos o senhor do Zone Reality, e começa, em muitos casos, quando as vítimas vêem, ainda na infância, estropiados e pessoas com próteses de membros.
Desenvolve-se então uma fantasia: não ter uma perna, ou não ter nenhuma, por achar que a simetria vai contra a imagem «ideal» que se tem do próprio corpo.
Um dos homens que, ao longo deste documentário, tentou obter autorização psiquiátrica para que lhe amputassem a perna dizia mesmo que, para ele, o seu corpo acabava acima do joelho direito, e o resto era um empecilho, uma anomalia.
Desgraçadamente, este senhor, que até se tornou psicoterapeuta para melhor compreender a sua panca, conseguiu a tal aprovação para que lhe cortassem meia pernoca, mas antes que a operação fosse em frente, o hospital escocês que fazia o servicinho decidiu deixar-se dessas coisas, por causa de uma reportagem televisiva sobre as polémicas intervenções cirúrgicas.
Confesso que fiquei com um nadinha de pena do homem - jurava, quase a chorar, que só amputado podia ser feliz. E não se importava de correr o risco de morrer (!) durante a operação, que nunca se chegou a realizar.
Há 13 anos