quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Bebés

A reacção feminina à chegada ao escritório de alguém com um bebé ao colo é um clássico.

Estejam lá a fazer o que estiverem, levantam-se como se tivessem fogo no rabo para aclamar a criança, coitada, por momentos transformada num autêntico Menino Jesus, com sete ou oito mulheres em seu redor, a tagarelar e fazer as vezes de reis magos.

Não me interpretem mal: gosto tanto de bebés como qualquer nuvípara (aprendi esta quando fui fazer uma mamografia; acho que quer dizer «sem filhos»), mas não consigo ir cantar loas à cria de alguém que mal conheço (ou não conheço de todo, como acaba de acontecer).

Isto lembra-me duas coisas: o Ricardo Araújo Pereira a dizer que o sketch do Paulo Bento só foi visto por meio milhão de pessoas porque estas, no trabalho, preferem fazer «qualquer coisa» a ter de trabalhar; e o episódio do Seinfeld em que há um bebé particularmente horrendo. Todos fingem a reacção de encantamento («Ooooohhhh, que lindo!...»), menos o Kramer, que com os seus típicos tremeliques e convulsões denuncia, aos berros, a real aparência da criança (sosseguem os mais sensíveis: o bebé nem aparece, provavelmente dentro da mantinha estava um boneco).

7 comentários:

João M disse...

é que estou 100% de acordo. eu primeiro tenho aquele momento de cinismo, e penso, ok, vai acontecer o que sempre acontece deixa cá observar, mas depois imagino as pessoas a pensar "que tipo de pessoa é aquele rapaz que não fica contente com este bébé no trabalho" e lá me levanto para fazer uma graça, afinal, também não custa nada e a mãe deve ter uma daquelas epifanias do "sim-as-pessoas-amam-a-minha-cria-tudo-faz-sentido". :p

Anónimo disse...

o Kramer sempre foi o meu fav! :)

K@ disse...

Um clássico, sem dúvida. Ao nível dos dias de aniversário dos funcionários, em que toda a gente aparenta dar-se bem com toda a gente mas no fundo só estão a aproveitar a oportunidade para morfar um bocado de bolo à pala e estar (mais) uns minutos sem trabucar. Outro clássico, na minha opinião.

Anónimo disse...

Andava eu a "blogar" no sofá que a Susana Ribeiro me tinha aconselhado quando deparei com este post.
Não imaginas quanto me identifico com ele.
Não é estranho quando no trabalho tens uma chefe a gritar "Produtividade, Produtividade, Produtividade, Produtividade" e de repente entra o "puto" e tudo pode parar?
Percebo-te perfeitamente... eu fico FULO!!!!

clara disse...

:D concordo, mas eu faria parte do grupo das histericas, nao resisto a bebes e a fazer cara de parva a interagir com eles :D e é nulípara (em contraste com multipara) :)

Anónimo disse...

É a velha história dos 2 pesos e das duas medidas..
Eu gosto muito de bebés, agora mais que nunca depois do nascimento do meu afilhado! :)
Mas acho que deve haver equilíbrio; uma festinha, um beijinho, uma palavra, e on with the show!

lia disse...

Tanto juizo numa caixa de comments apena :)

Concordo com o João, como quase sempre - também temo que me tomem por perigosa psicopata por não entrar na animada dança proto-maternal...

Obrigada à K e ao neurónio perdónio pela solidariedade, e à Clara pela correcção. Bem tinha a impressão que estava a meter a pata na poça (tudo é melhor, porém, que pôr o que quer que seja na maquineta desses testes... brr!).

Beijinhos,

Lia

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