O que separa, hoje em dia, boa parte dos vídeos e imagens promocionais das «divas pop» e a velha arte da pornografia? A meu ver, honestidade: nos filmes da especialidade, como diria o pai de uma amiga, o charme está todo na clareza da coisa: tal como nas fitas de pancadaria, não há uma história, mas sim um pretexto. Nuns casos, essa circunstância inicial abre caminho a porrada de criar bicho, noutros a cenas que em pouco superam o teor explícito dos telediscos das Gagás, Aguileras e Rihannas deste mundo, com a vantagem de não invocarem fajutas pretensões artísticas. (Lembro-me de pensar nisto quando vi a primeira destas artistas numa clássica pose de exame ginecológico, num dos seus aclamados vídeos).
Não me considero moralista muito menos me oponho à existência desta fábrica pop de obsessões sazonais (actualmente, nada parece vender e fazer salivar como a sugestão de amor entre senhoras; queria-me rir se as jeitosas do costume fossem substituídas por homens feiosos em preparos igualmente assanhados. É que, quando nasce, a homossexualidade é para todos...). Só me cansa a facilidade dos «argumentos» e a exploração da sexualidade feminina como carne para canhão. Ninguém devia guiar-se na vida pelos vídeos pop, mas estou certa que muita garotada o faz, e não há como negar que o paradigma actual de poder feminino equivale, mais coisa menos coisa, a ser uma grande meretriz.
Há 13 anos
2 comentários:
"fossem substituídas por homens feiosos em preparos igualmente assanhados" - O George Michael, pelo menos, já tentou. De resto, é chatear o Jake Shears.
Ninguém quer ver isso - à excepção dos gays, cujos apetites as divas tentam apaziguar salpicando os seus vídeos de homens entroncados em trajes menores...
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