Já aqui escrevi, muitas (demasiadas?) vezes, sobre a minha admiração e o meu carinho pelo Mark Eitzel. Geralmente falo de música, mas a pessoa que se entrevê atrás do chapéu e do humor auto-depreciativo também me aquece o coração (como o reclame do café Brasa, exacto).
Acompanho diariamente o blogue deste senhor e de vez em quando até se me vêem as lágrimas aos olhos. Não sei porquê, mas os posts sobre animais (os cães que lhe invadiram o quintal, o gato que morreu pouco tempo depois da dona) comovem-me sempre; sou uma pessoa simplória e previsível, eu sei.
Na semana passada o delírio aconteceu quando a Sandra S., outra devota atentíssima, me avisou que o homem se tinha pronunciado sobre a banda santa cá de casa. Sabia que eles se gostavam (como dizem os brasileiros) e sempre senti ali uma ligação, mas ver isto escrito proporciou-me uma alegria disparatada. Como é que ele consegue descrever tão bem o que eu sinto por outra banda? (Se bem que eu nunca estive em Zurique, aparte as secas no aeroporto, em escalas, quando a TAP faz greve. Mas vi o centro de Genebra quando um emigrante destroçado pela morte do avô precisou de distrair-se e levou-me numa passeata turística, como sua «refém». Mais uma vez, culpa das greves da TAP).
«I like great songs and great singers. I got the new The National record and right now they are my favorite pop band. I walked around yesterday and listened to the whole record again. Anyone who knows me would say it is because on half a listen they have Joy Division thing (and I was a HUGE fan - see the first 2 AMC records) - but actually no. I like them because live especially the songs are about my life. For instance I saw them in Zurich once on a night off. They played at this Youth Center miles and miles from my hotel. My sense of direction is not reliable and I walked for hours in the (freezing) cold to find this place never sure if i would arrive. I got there ready for anything. Ready for a beer. A spark from a bonfire. It was when you see music that integrates with how you feel inside. Loving something that reflects your delusions. (Also the openers were Film School and it was the best show I ever saw them play and they helped my life)»
Hoje, e perdoem-me o apropriar de material alheio (se o Ricardo Rodrigues pode eu também posso), descobri no blogue do homem mais uma pérola, desta vez versando pássaros. Os de Los Angeles são mais felizes que os de San Francisco, pelos vistos, e ele sente-se mais confortável com os da sua cidade (a da ponte do portão dourado). Eu aposto que ele também se comovia com o trinado das andorinhas cá da terra, se as ouvisse como eu, a rasgar os céus do fim de tarde.
«So I today I was in San Francisco. When finally I took my hangover outside for a walk I made the following brilliant observation: I think the birds of LA are happier than the birds of San Francisco. Birds have no facial muscles but it is plainly true. Clues? The 'shameless abandon' of their flying style; (a false gesture perhaps but limited means make for creative solutions) Also: their songs of threat and territory. These are a hungry crow at the stars and also the sound of healthy happy birds. In SF they are broken, dirty, a step below rats. They don't sing they whisper. They spin about haggard and haunted. As if a shadow follows. As if always a pointer is running after them. Yes indeed. Home Sweet Home. Sure I love LA, and love the bed and the company in the bed and that makes me stumble through scenery like I'm playing the luckiest man alive. (Though true I have always stumbled)
But: I am not used to LA and its spiritless trees and its billion anonymous birds. And their shrill joys.»
Para vosso entretém.
Há 13 anos