Uma das melhores prendas que recebi este Natal foi um caderninho de capa verde onde, graças à minha prendada memória, pude anotar algumas das mais inspiradas frases que se proferiram em Oliveira do Douro e arredores, nos últimos dias.
Boa parte das ditas saíram da bela dupla Tia Glorinda & Tio Zé; perdoem-me a insistência, mas recém-orfã de avós, tenho de me agarrar a esta castiça parceria na busca de material humorístico e brutalmente honesto.
Deixo-vos com um best of:
I. Discussão sobre o bolo rei (um clássico)
Breve sinopse: a minha tia comprou um bolo rei que o meu tio acha insuportavelmente seco. Não conseguem passar cinco minutos sem falar nisso. O auge da discussão acontece em modo «Costanzas» (ver pais do George C., in Seinfeld) e reza assim:
Glorinda: É bom.
Zé: É seco.
Glorinda: É bom.
Zé: É seco.
Glorinda: É bom.
Zé (colérico): É BOM MAS É SECO!!!
II. Considerações sobre uma sobrinha (deles) que é, no mínimo, a ovelha tresmalhada da família.
Glorinda: «Ficámos uma única vez na casa dela em Lisboa. Era calçado por todo o lado!»
Zé: «Tenho uma raiva àquele estupor! Foi um desgosto muito grande! Ela quando era pequena eu cheguei a dar-lhe uma bicicleta!»
Glorinda: «Não gosto da maneira como ela se veste agora, parece um fantoche. Não sei que religião é aquela...»; Zé, na resposta: «É dos países de Leste».
III. Em casa dos meus pais, olhando para a parede onde durante muitos anos viveu um quadro de uma mulher nua e onde agora está pendurada uma imagem mais inofensiva.
Glorinda para meu pai: «Isso que tens aí é para tapar os quadros de que tu gostas?»
IV. Sobre a doçaria tradicional de Natal (mais precisamente, declinando um prato de aletria).
Glorinda: «Massa com açúcar não é para mim».
V. Durante transmissão do programa de Natal da TVI.
Glorinda: «Andou muito. Eu também estou pequena porque andei muito» (sobre diminuta estatura da cantora Dina)
Zé: «Disto é que a mocidade gosta!» (comentando aplausos da plateia para garota que canta «Solta-se o Beijo» da Ala dos Namorados. O favorito dele era o miúdo que cantava «Olhos Castanhos» - «mas isso é porque conheço a canção», admitiu).
VI. O bulício da véspera de Natal e dos telefonemas (para o fixo, claro) de felicitações apoquenta-os.
Zé: «Tudo liga, tudo liga... Parece um ministério, carago!»
Posto isto há que dizer que a minha Tia faz as melhores rabanadas com Vinho Porto que alguma vez provei.
Há 13 anos
5 comentários:
"Glorinda: «Não gosto da maneira como ela se veste agora, parece um fantoche. Não sei que religião é aquela...»; Zé, na resposta: «É dos países de Leste»."
Grande galhofa este post. Ali em cima elegi o personal favourite.
Haverá certamente quem considere a visão que os meus tios-avós têm do mundo algo grotesca. Eu confesso que a acho enternecedora : >
Não acredito que já não tens o quadro da mulher nua na casa!!! :P
:D
Acho que não foi para o lixo... Mas a minha avó também chagou a cabeça ao meu pai que ele o tirou da parede!...
( em vez de «também», quis escrever «tanto ;-) )
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