quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Epifania

Eu não estava preparada para aquilo. No jornal, dias depois, o João Bonifácio chamava-lhes «cometa». Aqui ao lado o Vítor também ficou impressionado. No Fórum Sons não faltaram elogios e expressões bem certeiras para descrever o que se passou em Sines. Eu, quase duas semanas depois, continuo à procura das palavras adequadas.

Em teoria, o que vi foi um espectáculo de um grupo do sertão brasileiro, com um vocalista, três percussionistas e um guitarrista. Na prática, foi bem mais. Não estava à espera de nada e saí com tudo - sobretudo, com uma vontade imensa de conhecer mais, ouvir mais, ver mais. Comprei, à saída do castelo onde decorre o festival, um dos CDs da banda, que como temia não é tão violento como o concerto. Mas vale. Alguém diz no fórum dos moços que às vezes não nos fazia nada mal, a nós portugueses, beber um pouco mais da cultura que se estende do outro lado do Oceano, em Português tão português como o nosso.

Sob a influência das letras - arrebatadas, estranhas, singulares - que ouvi em Sines, não posso concordar mais. E que figura é aquele Lirinha, de fato branco, mangas compridonas e gravata vermelha, fazendo-se ao palco como se a sua vida dependesse daquele concerto, perdendo-se no frenesim e no trovoar das percussões com um esgar completamente demente e perverso?

Saí de Sines com uma nova banda preferida, e tendo em conta que, embora vários amigos me tentem a pensar o contrário, nunca entrei completamente no espírito do festival, isso conta muito. Quase tudo. Falta dizer que muita gente odiou. Acho que faz todo o sentido. Agora não descanso enquanto não voltar a pôr-lhes a vista em cima.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não sabia que tinhas gostado assim tanto. Eu achei "engraçadinho", mas realmente é uma banda mais ao teu estilo do que ao meu :)

lia disse...

E eu pensei que tinhas odiado mais do que isso! :D

Ficamos quites, portanto :)

Spaceboy disse...

Serei o único que não os achou nada extraordinários? Gostei muito muito mais dos Gaiteiros de Lisboa, do Rabih Abou Khalil, do Toumani Diabaté ou do Trilok Gurtu...Gostos..

lia disse...

Não vi nenhum desses, como julgo que sabes : )

Mas estou em crer que, mesmo que nessa noite tivesse visto uma nave espacial, ia sempre recordar o Cordel ; )

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