Ainda sobre o Mundial (nos dias que correm, não dá para lhe escapar, nem sei se quero): compreendo que os senhores que mandam nestas coisas desejem que a transmissão se centre nos jogos, mas ignorar coisas como a entrada em campo de um adepto croata, durante o jogo com o Brasil ontem à noite, é um bocado ridículo.
Não mostrar imagens quase nenhumas das pessoas que, na bancada, fazem a festa é, a meu ver, tão estúpido como, nos resumos das partidas, mostrar só essas imagens e ignorar os golos, jogadas mais perigosas, etc.
Ontem, quando o dito fã da selecção aos quadradinhos entrou em campo, obrigando à interrupção do desafio, o realizador optou por mostrar os jogadores a olhar para o ar ou uma ou outra claque nas bancadas. O valente croata, nem vê-lo. Este tipo de edição é uma palhaçada e raia mesmo a censura. O facto, a notícia naquele momento era a entrada em campo do gajo, e não o jogo, que por acaso até estava parado.
(Qualquer dia entra um elefante em campo e os comentadores: «Pois é, pois é, a relva está bem verdinha!»)
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Ou seja, não é preciso centrar as reportagens em fait-divers como o champô favorito dos jogadores, nem fazer de conta que um mega-evento como o Mundial de Futebol se faz apenas com uma bola e 24 pés.
Há 13 anos
6 comentários:
Estou 100% de acordo no que toca à censura. Não uma censura inquisitória, mas uma censura necessária para que o "jornalismo pimba para as massas" não seja afectado.
Isto não é nada contra a classe jornalística, felizmente que ainda há reportagens muito bem feitas. Mas sim contra a mentalidade que se instalou no nosso (não só no nosso) país.
Dando como exemplo uma vez mais o jornalismo desportivo, tu tens certos energúmenos autenticamente a massacrar jogadores e treinadores com provocações. Mas se a dada altura são estes que perdem (e às vezes também condenavelmente, admito) a cabeça, cai logo o Carmo e a Trindade: "É incrível!!! Nós só estamos a informar!!! Nós só estamos a fazer o nosso trabalho!!!". Por amor de Deus. Eu quero lá saber se o Simão está chateado com alguém no balneário e lhe atirou com o sabonete líquido à cara! Isso é que é informar?
Por exemplo, porque o Scolari chamou aqueles nomes todos a quem chamou, passa a ser um mau treinador? Acaba por ser falta de profissionalismo condenar a competência de uma pessoa, como foi feito, só porque suas excelências coitadinhas, podem provocar à vontade, mas se é ao contrário aí a coisa já muda de figura, começando uma mesquinha campanha de vitimização.
E, para ajudar à festa, quando o meu pai escreveu um comentário on line sobre este tema nos sites da Bola e do Record, com o título "PARABENS SCOLARI", surpresa das surpresas... não o publicaram!!!
Bem, estejam à vontade, mas acho que já estão a falar de coisas que pouco têm a ver com o meu post ;-)
A cena do adepto croata que invade o campo e não é mostrado pelas câmaras é um absurdo, não consigo vê-lo de outra forma, ponto.
O ângulo de abordagem de muitas reportagens, também.
Agora, antes de se crucificar jornalistas (tal como em todas as actividades, uns melhores que outros), acho importante pensar: porque é que nos dão aquelas reportagens?
Acho que a resposta nem é assim tão difícil de ver.
Um evento desportivo desta dimensão interessa a uns quantos milhões em todo o mundo, um evento de fait divers, palhaçadas sortidas e muito colorido, com um chisco de futebol pelo meio, interessa (teoricamente) a muitos mais.
É essa massa de público que se está bem a cagar para a bola mas quer que a sua selecção ganhe, ou não se importa de ver umas reportagens de ambiente, que as televisões e os jornais desportivos querem, cada vez mais, apanhar.
Os espectadores ganhos compensam, decerto, os perdidos, ou seja, aqueles que gostam é do futebol e têm de levar com as inanidades à volta para apanhar com os golos.
Mas repito, aquilo ontem foi absurdo. Fechar os olhos não é outra maneira de olhar as coisas.
Não estou a dizer que o Scolari é um santo, apesar de o considerar um excelente treinador. Nem tão pouco me referia a essa entrevista no Brasil, a qual também condeno, apesar de ter as minhas dúvidas sobre se foi deturpada ou não, mas sim a uma cá em Portugal.
Tudo um pequeno à parte em relação à censura, que se falava no post original. Acho que, em prol dessas "palhaçadas sortidas" de que falaste -porque no fundo é disso que o povão gosta-, faz-se muita censura aos comentários que vão no sentido de as condenar. E lembra-te que quem estava a transmitir o jogo era a TV alemã. Se fosse a portuguesa acredito que tivessem dado a cena do adepto (a TVI era limpinho!), e então se ele estivesse nu, melhor ainda :) Mas concordo contigo, nem tanto ao mar nem tanto à terra...
as ordens são dos ditadores da fifa.
eles mandam e as tv's: amen!
Uma curiosidade deste Mundial é o facto de os jogos no Irão serem transmitidos com um delay de minutos, o tempo necessário para que sejam editadas as imagens das bancadas, não vá aparecer uma moçoila mais desnudada e assim chocar os bons costumes da terra.
Aliás, a cerimónia do sorteio não foi sequer transmitida naquele país, porque a Heidi Klum (coitadinha!) tinha um decote "exagerado".
Depois de saber desta pérola televisiva iraniana, diverti-me a imaginar uma final Brasil-Irão e a trabalheira que não deveria ser :)
Como tal parece pouco provável de acontecer, se alguém me arranjar viagem e bilhete para o Portugal-Irão do próximo Sábado, aquando do 1º golo (de muitos, esperemos!) de Portugal, prometo solenemente invadir o campo completamente nua, a fim de espevitar os ditadores da FIFA e levar a um esgotamento o realizador da TV iraniana responsável pela transmissão.
:)
Esta mensagem e a ideia que lhe subjaz é linda, Susaninha! :D
Sim, João, tinha ideia que era a FIFA que mandava, mas não deixo de achar uma "trolheira", como diz a outra Susana :D
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