sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Já estou mesmo a ver

Amanhã vou ao casamento de uma antiga colega (de muito mau feitio; coitado do futuro marido) e ao concerto do 50 Cent (pobre de mim; se não voltar a escrever, já sabem, desapareci em combate). Mas o que me está a causar verdadeira ansiedade é a distribuição, com o jornal Público, de uma colectânea de versões, feitas por músicos portugueses, de canções nacionais e não só. Pelo meio, temos a Margarida Pinto a cantar o 'Capitão Romance'. Já os Clã tocam essa música ao vivo, numa versão [blasfémia!] praticamente melhor que o original. Vamos ver como se sai a maravilhosa voz dos Coldfinger.

O que é certo é que, independentemente de gostar ou não do resultado, já sei que vou ter outra recaída - e isto à conta da revisitação de uma música que, apesar de belíssima, nem é das minhas favoritas, no catálogo daquela banda. Parafraseando a minha colega Ana M., mal sabem eles... mal sabem eles os corações que continuam a mover.

Disclaimer

Parece que feri sensibilidades (maternais) com o mini-post sobre os super-poderes do menino que, com menos de seis anos, já dita a lei na sua escola. Esclareço: escrevi as desajeitadas palavras curvada pelo respeito e por alguma inveja, também. Soubesse eu impôr-me dessa forma na primária e não chegava aos 27 anos a escrever posts sobre sapos. As minhas imensas desculpas e melhores cumprimentos...

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Alerta

Tenho um colega que acredita piamente numa vindoura invasão da Terra por extraterrestres. Pior: tenho outro colega que lhe dá razão e com ele protagoniza animados debates sobre o assunto, o que me permite concluir que existe uma seita em formação, no meu próprio local de trabalho.

A minha teoria é ligeiramente diferente, e prende-se com a emergência actual, a nível planetário, dos sapos. Atenção: nada me move contra os bichos. O único animal a quem gostaria de assinar a extinção são as baratas. Sapos lembram-me as visitas à aldeia da minha avó materna - são atarracados, viscosos, um pouco nojentos e de cor acastanhada. Ainda assim, bem mais atraentes que os sapos que, como defendia atrás, começam a ocupar os lugares cimeiros da nossa sociedade.

Veja-se esse fenómeno para-musical de nome Crazy Frog. Da «canção» nem falarei, que o estômago é fraco e não quero ter uma recaída. Mas já olharam bem para o artista em si?... Aquilo é um sapo desde quando?



A boca medonha, cheia de dentes, a cor acinzentada da pele e os oculinhos na cabeça repugnam-me. OK, os óculos escuros, bem como o esgar ligeiramente ganzado, até se entendem, se tivermos em conta os meios (musicais) em que o anfíbio se move.

Mas... e o que dizer do umbigo? O Crazy Frog tem umbigo. Pensar que aquele ser já esteve ligado umbilicalmente a qualquer coisa assusta-me, e faz-me desejar nunca conhecer a sua criadora. Depois há a música, claro, mas sobre essa já avisei, nem tentarei botar sentença.

Menos omnipresente mas igualmente misterioso e asqueroso é o sapo da dita operadora nacional de Internet (espero que ninguém da empresa leia isto, se não ainda vai a batata para tribunal). Sempre me meteram um certo nojo as formas esguias e esverdeadas do animal. A antropomorfização da coisa não ajuda; o sapo não precisava de caminhar nas patas de trás nem «passar a noite a curtir com os amigos» (no anúncio, um pinguim) para as pessoas aderirem aos seus serviços.

Mas há pior: no novo reclame, o animal (literal e insultuosamente) começa por dar um grande arroto, e, depois de uma noite na disco com o amigo pinguim (denoto aqui algum homo-erotismo) deita-se na cama e manda os lençóis pelo ar com uma potente flatulência. Que exemplo se pretende transmitir com isto? Que a energia eólica é fácil e barata?

Queria deixar aqui uma imagem deste sapo leviano, mas na homepage do sapo não a encontrei... dei, no entanto, com um retrato do outro sapo, o «granda maluco» do Crazy Frog. Isto só vem provar a perigosidade do lobby sapo - além de nojentos, sem modos e desrespeitadores das suas próprias tradições verduscas, unem-se em compadrio para melhor atingirem o seu grande propósito - conquistar o mundo. Fiquem atentos.

A canção e o seu uso

Já sei que são comerciais e enchem salas (demasiado grandes) e anseiam ser os U2, mas não consigo ouvir os teclados de 'Speed of Sound' sem pensar que esta música dos Coldplay é A música para olhar para as estrelas, numa noite gelada de Natal.

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

No meu tempo não era assim

Um pouco à moda do querido Amigo Pop, duas observações aparentemente desconexas do meu quotidiano partilhável:

- o filho do meu amigo P. "Laranja Amarga" S., que ainda no Verão passado me relembrava de cinco em cinco minutos ter «quatro anos e meio», entrou na primária. Parece que lida bem com o facto de ter menos uns mesitos que os colegas, pois sempre que estes o importunam, faz uso do corpinho robusto e ou lhes dá pontapés na barriga, ou os manda para cima das mesas da escola... por via aérea.

- ontem, no inestimável 42, dois miúdos da primária discutiam os méritos namoradeiros de um e outro. Iam acompanhados pelo que julguei serem as respectivas mães, facto que não impediu a discussão de se tornar encalorada. O menino, dos seus oito anitos, encostou mesmo a interlocutora, talvez já nos nove (e meio), à parede:

«Mas preferias namorar comigo ou com um preto?!»
Ela: (em tom provocatório e exclamativo) «Com um preto!!!»
«Ei-shh!!!...»

É só

Às vezes precisamos de discos que nos dêem a mão, façam uma festinha no cachaço, dêem banhinho e nos metam na cama, consolados. Mesmo que seja com letras do calibre de "My mind's not right, my mind's not right, my mind's not right", "I have weird memories of you/Pissing in a sink, I think" ou "I think this place is full of spies/I think they're on to me", uma das entradas mais perfeitas dos últimos tempos.

Não morde mas marca - ouçam:

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

E agora?

Sempre na vanguarda das coisas que realmente interessam, a TVI anunciou ontem a criação e aplicação de um «inovador» sistema de classificação dos programas que transmite, consoante a idade de quem deve/pode vê-los.

«O seu filho tem idade para ver os Morangos Com Açúcar?», era a frase que chamava a atenção para a peça.

Só espero que a minha mãe não veja isto, aposto que a minha idade não está entre as contempladas.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Boas-vindas oficiais

Venho por este meio dar as boas-vindas da blogosfera à Eunice, que oferece os seus apetitosos produtos aqui, e já agora dar uma palavrinha calorosa à dona de um blog quase homónimo do meu - Sofá Laranja!

Juntemo-nos todos para parecermos muitos/as.

Está o mundo perdido

Ontem na Pull & Bear (ou, como diz o meu homem, na Puxa e Urso) assisti ao declínio do reinado, em lojas de roupa, da house frenética e criada para provadores apertados e ginásios em vésperas de temporada balnear. No tempo que me levou a experimentar umas saias muito giras e a perceber que não me ficam como à Dalila Carmo do Ninguém Como Tu, ouvi Queens of the Stone Age, Beastie Boys, Ladytron (?) e Devendra Banhart. Juro. Não comprei nada, mas prometo voltar para ver se a saga continua - já uma vez que lá fui buscar umas sapatilhas apanhei Josh Rouse e Rufus Wainwright.

Será que quero?

Em troca do meu nome e morada (tive o cuidado de assinalar as opções «não quero receber outras ofertas e propostas, decentes ou não») recebi em casa uma amostra de champô e outra de amaciador da Herbal Essences (já é o produto da minha eleição, foi só mesmo a promessa de borla a passar constantemente no site em que trabalho a tentar-me).

No entanto, confesso-me apreensiva depois de abrir o bonito envelope que me enviaram para casa. Explicam que devemos deixar correr a água sobre nós (num claro desrespeito pela «lei seca» que o tempo ordena), abrir o champô e sentir-nos transportadas para um local «exótico, misterioso e selvagem».

Pá... não sei se é normal, mas eu tomo banho sozinha e sem roupa. Será que quero mesmo aceitar o convite?


segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Conhece o Gael?

A Eunice do recém-nascido Abotoa-te diz que vem ao meu blog todo-o-santo-dia e que tem direito a protestar (pela falta de posts, completa, mas eu acho que, por ser quem é, tem direito a protestar contra o que quiser).

Concordo.

Agora sinto-me obrigada a ter uma historinha para contar diariamente... felizmente, os malucos não têm largado o meu pé, nestes tempos mais recentes. Na Sexta-feira, estação de Santa Apolónia:

Eu - Queria um bilhete no próximo Intercidades para o Porto, por favor.
Senhor começa a tirar o bilhete
Eu - Olhe, desculpe, o lugar é para não fumadores, não é?
Senhor, sorridente - Sim, sim. Para não fumadores, à janela, de frente... quer o Tom Cruise a seu lado?...




(dispenso, tal como dispensava o casal de brasileiros com o James Brown no toque de telemóvel e os pés descalços no assento em frente. Na viagem de regresso, apanhei numerosos betos em digressão inseridos numa qualquer colectividade dividida em subgrupos como Camaleões, Dinossauros e Gambosinos. Alguém sabe o que possa ser? Fiquei doente de curiosidade!)

Coming of age

A garganta a arder, o sal na cara, um chorinho silencioso. Engraçado que tenha sido uma coisa destas (não o jogo, nem o discurso do final, mas mais as imagens de «retrospectiva» de carreira que encerraram a transmissão) a traçar na minha cabeça uma sensação tão precisa de mudança de era.

Obrigada uma vez mais, a sério.

domingo, 11 de setembro de 2005

AA Anónimos

Em tempos falei aqui na paixão avassaladora que nutri - e que na realidade ainda me move para muita coisa... - pelos Ornatos Violeta. Penso que não lhe chamei a minha maior devoção histérico-mediática; é que se o fiz, terei de repôr a verdade das coisas. Os Ornatos foram parte de leão da minha vida, mas continuam a viver na sombra do grande... Andre Agassi.

Dos 12 anos em diante torci desesperadamente por aquele a quem hoje todos chamam «veterano», «experiente» ou mesmo «lendário». Ainda me lembro quando era o «perdulário», «inconstante» ou «perdido para o ténis» - e tenho os recortes de jornais para provar a evolução.

Porque comecei eu, uma pré-adolescente que nem das aulas de ginástica na escola gostava, a acompanhar os torneios do Grand Slam e a ansiar pela secção do desporto do "Jornal de Notícias", nesses pré-históricos tempos sem Internet?

A princípio, e naquele que terá sido o mais fulminante caso de amor à primeira vista da minha infância, porque apanhei um jogo das meias-finais de Roland Garros, em 1990, no segundo canal, e fiquei deslumbrada. Pelo cabelo (sim, gente nova, havia e muito!), pelas roupas coloridas, pelo olhar do senhor que, então com apenas 20 anos, carimbava a primeira passagem à final do torneio parisiense. Perdeu. Fiquei triste. Hoje, quem se lembrará do colombiano Andrés Gomez? OK, eu. Mas já nessa altura não era muito normal.

Faltavam-me também a esperteza e os meios para acompanhar decentemente a competição, pelo que só me lembro do US Open que se seguiu (perdeu, para o Pete Sampras) e do regresso à final de Roland Garros, um ano depois, para lerpar frente ao Jim Courier (vi-o ontem na televisão, está igual - ou seja, uma versão beta do Josh Homme, dos Queens of the Stone Age).

A partir desse reencontro, a minha vida mudou. Ganhei aqueles comportamentos referidos acima, tentando saber sempre por onde andava o homem, com quem ganhava e perdia jogos, que tropelias extra-ténis lhe atribuíam. Chorava de tristeza ultra genuína com os desgostos, e acreditava nos jornalistas que diziam que, graças à sua inconstância, nunca ganharia qualquer torneio dos grandes.

Wimbledon de 92 foi assim uma data mágica. Acho que me consigo lembrar com pormenor de todos os passos que dei durante aquela quinzena em que o improvável - ganhar em relva, a mais particular das superfícies - aconteceu ao então Kid de Las Vegas. Gastei mais de mil escudos em jornais e revistas que ainda hoje guardo, num dossier que não consigo encarar como tolo. Eu vivia aquilo. Para aquilo. Se calhar é ao senhor campeão que devo imputar a culpa de, enquanto as minhas amigas deliravam com as bandas do momento ou os pin ups de Hollywood, eu pouco acompanhar tais artes. A maluqueira com que seguia o circuito (e mais jogos não via porque TV Cabo era, ainda, uma realidade distante) ocupava-me o tempo e o coração, não havia força para mais paixões.

Só nos últimos três ou quatro anos abrandei um pouco o ritmo. É preciso ver que o senhor entretanto assentou (abençoada Stefi, por isto e aquilo), a idade começou a pesar e os torneios em que participa a rarear. Mas sei que continua tudo lá, com a mesma chama. Hoje é Sábado: vi-o ganhar, jogando mal, a um estreante de nome Robby Ginepri. Amanhã, será com toda a certeza torturado pelo Roger Federer, o rei do ténis actual. Mas na madrugada de Quarta para Quinta, fiquei em casa do meu batato para ver, das 03h às 06h, a inacreditável partida entre o simpático ancião e o novato, e também com o seu quê de inacreditável, James Blake. Não exagerarei se disser que foi o jogo mais belo e emocionante que vi. Pela primeira vez em 15 anos, fiquei a pensar que o perdedor (também) merecia ter vencido. No final, o Andre (como é conhecido cá em casa, tamanha é a familiariedade) dizia que, para si, ganhar aquele jogo fora como arrebatar a final, e que o ténis era aquilo: respeito pelo adversário, paixão pelo jogo, incerteza até ao final.

Fiquei de sorriso incrédulo e pernas a tremer, olhando para o écran sem perceber se a resposta ao serviço tinha sido boa (o televisor estava sem som, não ouvia os guinhcos histéricos dos nova-iorquinos). A bola era boa, determinou o árbitro. Os adversários abraçaram-se na rede e Blake terá dito a Agassi que, se é para continuar a jogar assim... que continue por muito tempo.

Antes que chegue então a malfadada final com Federer, obrigada ao segundo canal por me ter mostrado aquele jogo, em 1990, e ao meu Pai por me explicar as regras do jogo. Durante anos, os desafios e os torneios ditaram o meu calendário pessoal e a perspectiva de um dia ver o homem jogar ao vivo enchia-me de esperança. Aconteceu nos Masters de Ténis de Lisboa, em 2002, e deu-me a oportunidade de dar um passou-bem ao meu herói. Valeu a pena quase ser esmagada por uma pequena multidão em busca de autógrafos, tal como valeu a pena ser fã dedicada e algo tresloucada durante este 15 anos, em que passei de menina a mulher e ele de miúdo carismático a jogador temido. Sem este garrido capítulo, a minha vida teria tido, sem dúvida, muito menos graça.

Tempos idos

FEEDJIT Live Traffic Feed