Perdi o cartão do multibanco. Sempre me interroguei como seria sofrer um revés destes. Já me gamaram o telemóvel, e dessa vez foram logo duas curiosidades satisfeitas de uma só vez: fiquei a saber como é ser assaltada, e como é viver, ainda que apenas temporariamente, sem telemóvel.
Agora o multibanco. Sempre fui rapariga de fracas posses, e mesmo tendo a impressão que não compro muita coisa, o dinheiro passa a correr na minha conta. Ontem, quando dei pela falta do multibanco, tratei logo de o cancelar. O senhor da «caixa directa» fez questão de me avisar que esta era uma operação irreversível, ou seja, depois de cancelado, o cartão fica inutilizado, mesmo que o encontremos (até parece que me conhece!). Fiquei então com cerca de 7€ na carteira. Obviamente (mas até podia nem ser assim tão óbvio) tenho pessoas muito próximas que desde logo se prontificaram a emprestar-me dinheiro, e que até mo davam se fosse preciso, estou em crer. Mas enquanto me dirigia à CGD com a caderneta (última actualização: tinha 26 contos, no começo de 2000), para verificar se alguém me tinha roubado dinheiro nos entretantos, tentei pensar em como será andar por este mundo efectivamente sem dinheiro. Olhar para a montra da loja, para a banca de jornais, para a fachada de um restaurante e pensar: não, ali não posso ir, como um cão à porta de um qualquer estabelecimento.
Não me gamaram dinheiro desde que perdi o cartão, acabou por dizer-me a caderneta, e no caminho para casa comprei dois pães de tamanho médio por 50 cêntimos, para o lanche. Às vezes, faz bem relativizar as coisas (e, já agora, ver como a comida é inflacionada em tudo o que é café).
Há 13 anos
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