quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Morrer na praia

Morrer na praia é desistir de ouvir o último disco (triplo, interminável, pretensioso nas - mais de duas - horas) da Joanna Newsom a três músicas do fim. Arre, eu até gostava da moça quando ela cantava como um esquilo, e se calhar logo à noite até saio do CCB rendida àquela beleza pérfida de tão angelical, mas este «Have One on Me» não voltarei a ouvir nem que me paguem. Quer dizer...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Wake up call

Eu sabia que havia uma boa razão para, ainda no quente da cama mas já a trabalhar de portátil ao colo, ligar a Radar on-line.



Tenho cá umas ganas que chegue Maio que nem vos digo nem vos conto.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Para coisas menos deprimentes

Ele há quem diga que os blogues morreram. E é verdade: a este, por exemplo, já só vêm os meus amigos mais amorosos, mais insistentes e mais crentes no milagre de um novo post. Isto é, todos os meus amigos. Longe vão os tempos em que o Sofá Verde recebia visitas dos quatro cantos do mundo - brasileiros que não conseguiam passar mais uma noite de insónias sem saber onde comprar «(capas para) sofá verde»; fãs de boa televisão em busca de informação sobre o Dempsey & Makepeace, vindos da Polónia, onde a série deve ter estreado em 2008; coisas estruturais desse género.

Mas quando nada o faria esperar, eis que outro dia - ou para ser mais verdadeira, outra noite, daquelas em que qualquer coisa me parece mais fixe do que ir dormir - sigo, no feicebú, esse grande chacinador de blogues, o link botado por uma amiga. Alguém que compara a Tilda Swinton ao Thom Yorke, olha que engraçado, eheh. Em boa hora satisfiz esta minha curiosidade tola, porque foi assim que encontrei o que já não cuidava existir: um óptimo blogue! Até me fazem usar pontos de exclamação, horror e mil perdões se vos feri os tímpanos.

Resumindo, que se calhar devia mesmo ir dormir: a Lady Oh My Dog já tem o corrosivo, hilariante, marabilhoso blogue há um ror de anos e eu, como sempre, a dormir na forma. Mas não tem mal, pois assim posso ir lendo os posts em ordem cronológica inversa, como quem aprecia um bom livro (de trás para a frente? Talvez esta analogia não seja a melhor, afinal). Tal como um bom livro, qualquer que seja a ordem de leitura, este blogue tem sexo, um uso criterioso e criativo de palavrões e numerosas questões fracturantes, desde a solidão urbana a reflexões geracionais, passando por crises de hipocondria, bolachas Oreo, maquilhagem e pecados associados. Enquanto não chegar a 2007, altura em que nasceu a Lady Oh My Dog, Clarice vai ter de esperar.

O meu Domingo

Bem ao meio, uma cama muito alta - a minha avó sempre detestou camas baixas e devia mesmo achar que a minha, que me amparou os costados desde os 4 aos 18 anos, mais parecia um pequenito batel. Ao fundo, um daqueles guarda-fatos de madeira escura, à antiga, carregado de casacões austeros e bolas de naftalina (do tempo em que as ditas ainda não faziam cancro, claramente, que ninguém na família - bate na madeira, bate - apanhou o bicho). E ao lado direito, rumo a uma das janelas para o quintal, uma cómoda comprida onde se alinhavam, sem grande ordem, latas douradas daquela laca que a minha avó usava em exclusivo (e até lhe ofertávamos pelo Natal), fotos do meu avô quando era novo e usava óculos de massa, uma ou outra caixita de jóias. Em Maio recebíamos também aquele santuário portátil que o pessoal da igreja deixava em casa dos fiéis no Mês de Maria, cujo nome me escapa por completo mas que chegou a conviver pacificamente, olhai que lindo diálogo ecuménico, com o Galheteiro de David e respectivas velinhas, de quando a minha tia se lembrou de converter ao Judaísmo (e ainda ia a casa dos pais ao fim-de-semana).

O quarto da minha avó era assim. E depois havia, mais perto da janela e com uma foto mais pequenita, tipo passe, encaixada em baixo, uma moldura onde os meus pais - ou uma versão setentista deles, calças à boca de sino, óculos de mafioso e tudo - desfilavam Aliados abaixo com uma bandeira. De um partido. Antes do 25 de Abril, os meus pais, que hoje não partem um prato, atravessaram a Ponte D. Luiz, que na altura poucas mais haveria, para lutar por certas e determinadas coisas.

O meu avô, que eu muito adorava, nutria simpatia pelos tempos da «outra senhora» e é da sua autoria a inolvidável frase para o meu pai, em resposta a uma carta que ele lhe escreveu de Moçambique, durante a guerra colonial: «Antes prefiro que voltes sem uma perna do que com o vício do jogo» (o filho acabara de confessar-lhe o terrível hábito de jogar às cartas entre combates). A minha avó, quando a senilidade ainda parecia longe, uma vez foi votar e demorou tanto que o meu avô lhe ralhou. «Então», respondeu ela muito pimpona. «Tive de escrever o meu nome todo! Em todas as linhas [de todos os candidatos]!». Ela nunca foi à escola mas teve um senhor que a ensinou a ler, na casa onde começou a trabalhar como criada, ainda era uma criança.

Ontem a foto dos meus pais a descer a Avenida dos Aliados assombrou-me o Domingo. Pela primeira vez devia ter votado em Lisboa, onde vivo há quase 15 anos, mas onde só agora me recenseei. Não votei, porque não consegui perceber onde fazê-lo (Lisboa > Benfica é um bocado vago, senhores da CNE), mas essa é, como se costuma dizer no estudo das guerras, apenas a causa próxima. A verdadeira é que não sabia em qual dos quadradinhos botar a cruz. Não queria dar o meu voto, frugal e tremidinho, a nenhum daqueles senhores. E apesar de, ao longo da tarde, ter entabulado conversações com entes queridos que, ao contrário de mim, levantaram o rabo para ir votar - neste ou naquele fulano - à hora de fecho das urnas, sentimento de culpa e tudo, encontrava-me a esfregar a banheira e metodicamente limpar o resto da casa-de-banho.

Ainda me lembro de quando saía da pequena escola primária de Oliveira do Douro onde sempre votei com a sensação de ter crescido uns quantos centímetros - em cidadania, pertença à sociedade, eu sei lá. Ontem, simplesmente não consegui importar-me o suficiente. E sei que isso é (ainda) mais triste que os olhinhos dos meus pais, desapontados com esta descendência e com este país, naquela foto a preto e branco que o desmantelamento da casa dos meus avós deve ter mandado para o galheiro.

(As boas notícias são que consegui resistir à tentação de anular o voto escrevendo no boletim o meu chavão favorito, por se aplicar a tudo sem dizer nada: «Por isso é que este país está como está»).

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

1995 - 2011




Lembro-me do dia em que o Kit chegou a casa. Saiu da cesta de uma senhora da Anadia, que vendia uma ninhada de cachorros na «Feira dos Passarinhos», no Porto, directamente para as mãos do meu pai que, regressado de uma bem regada reunião da tropa, pagou pelo bicho 10 contos. Referia essa maquia carinhosamente sempre que, com frequência, o animal fazia asneiras ou dava despesa («Dei eu 10 contos por ele, se tivesse posto o dinheiro a render, etc»).

O Kiko, nosso/meu primeiro cão, tinha morrido de velhice há coisa de dois anos e eu e a minha irmã, muito infantis na nossa adolescência, queríamos à força toda um novo animal para estimar. Os animais sempre foram muito bem estimados lá em casa, dos reis caninos à tartaruga que o Kit abocanhou e cuja carapaça os meus pais remenderam com fita gomada da grossa. Viveu muitos anos depois desse conserto.

Ao contrário de mim e da minha irmã, a minha mãe fazia questão de dizer que não queria mais animais lá em casa. Mas, quando o meu pai, ainda vagamente alegre da reunião da noite anterior, entrou pela casa da minha avó adentro com o pequenito (muito pequenino) ao colo, de imediato deixou escapar um «aawww!» que não deixou margem para dúvidas: estava selado o amor entre os dois, para sempre.

Assustado, o Kit, que na altura nem nome tinha, fez chichi. Quando chegou a casa para ser fotografado, pela primeira vez, no sofá, fez chichi outra vez. E acho que no carro, entre casas, também se aliviou. Era um bebé e tudo foi limpo com paciência e até alguma ternura.

No ano seguinte vim para Lisboa. Cada vez que ia a casa o cão dispensava-me a mais eufórica recepção possível: desde guinchos histéricos a mordidelas de amigo, não faltava nada - bem, talvez um fogo de artifício - para ilustrar como não me esquecera. Às vezes, quando eu já regressara a Lisboa, cheirava a roupa que eu esquecia no quarto e abanava o rabinho, conta a minha irmã.

A minha mãe chegou a lamentar suspeitar que eu tivesse mais saudades do cão do que dela. Pela nossa parte, eu e a minha irmã acreditávamos piamente que o Kit era «o filho favorito». No meio dos falsos ciúmes, o cão era uma cola tão valiosa como outra qualquer naquela família.

Há uns três anos o veterinário ouviu a «tosse cardíaca» do Kit e disse à minha mãe para se «preparar». À semelhança da minha avó, contudo, que resistiu 97 anos, o cão que muitos confundiram com uma cadela e não terá deixado descendência aguentou. Mais um ano, outro, outro ainda. Cada vez mais magro, doente, mouco. Nos últimos dias deixou de ver, metia-se em armários e corria o risco de voltar a cair escadas abaixo.

A última vez que fui a casa tive de ser eu a procurá-lo. Já não me ouvia chegar e, de olhar perdido no quarto dos meus pais, só me reconheceu quando me aproximei e lhe acariciei o focinho. Com uma capinha de malha que a minha mãe lhe tricotou pelas costas, não consoou - nunca gostou de peixe, e lá em casa come-se bacalhau a 24. Mas no dia seguinte jantou com prazer umas fatias de carne assada. A minha mãe agarrava-se a esta falta de fastio como sinal possível de uma saúde que já não existia.

O chichi, tal como no primeiro dia, era novamente uma constante. No quarto de banho e marquise acumulavam-se os jornais antigos pelo chão, para minimizar os danos. Ninguém lhe ralhava, já, mas a paciência e ternura com que se limpava o bebé deu lugar à paciência e resignação de quem espera o inevitável.

Hoje às 20h10, o Kit começou a andar às voltas sobre si mesmo. Os meus pais levaram-no para a varanda, para apanhar ar, mas a minha mãe soube que não era esse o problema. Já lá fora, o cão deu um grito e partiu.

Apalavrado estava já um enterro na casa dos meus padrinhos, de quintal generoso. A minha irmã, que não quis ver o Kit sem vida, tratou de tudo e os meus pais ajudaram o meu tio a depositar o cachorrinho debaixo de uma árvore de flores vistosas, no mesmo jardim onde repousam outros notáveis cães da mesma família (Charlie e Nico, lembro-me de repente).

A minha mãe estranhou que o corpo aparentemente vazio do cão lhe pesasse tanto nos braços, a caminho do funeral.

«Ainda hoje tinha lavado a caminha e as mantas dele», disse-me. «Ficaram lavadas».

Enquanto escrevo isto, um cão ladra lá fora, perdido no silêncio da noite. Sei que os cães nunca morrem na nossa memória, porque ainda hoje sou capaz de sonhar com o Kiko. E enquanto ouvir a Mary chamar pela sua pequenita, ou a Cibele a contar-me como o Benny e a Vivi subiram para a banca da louça e de lá derrubaram tupperwares e facas, sei que o Kit, ou a ideia dele, também continua viva.

Acordar mais cedo

Em certas manhãs, há um batalhão de castiças personagens que, indiferentes ao toque do despertador, continuam por efémeros mas intensos segundos a sua vida onírica. São gente dos sonhos, cujo discurso e acção obedece a essa mesma lógica (ou falta dela), mas por vezes custa-lhes a perceber que a bola de sabão em que vivem já rebentou. Nessa altura mais vale eu não dizer nada porque, apesar de já ter os olhos abertos, é provável que o que me saia da boca sejam palavras destes pequenos gremlins.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

While you were sleeping

Não admira que, pesquisando por «Elvis Perkins» no Google, ele (o Google) nos sugira logo a letra da «While You Were Sleeping», uma das melhores músicas do primeiro álbum. É dos «tours de force» mais bonitos que me lembro de ouvir/ler e uma das poucas letras que, literariamente (passe a redundância), se aguentariam sem música num qualquer livro de poesia. Digo eu. Vejam vocês.

«While you were sleeping
the babies grew
the stars shined and the shadows moved
time flew, the phone rang
there was a silence when the kitchen sang
its songs competed like kids for space
we stared for hours in our maker's face
they gave us picks
said go mine the sun
and go gold and come back when you're done

While you were sleeping
you tossed, you turned
you rolled your eyes as the world burned
the heavens fell, the earth quaked
i thought you must be, but you weren't awake
no, you were sleeping
you ignored the sun
you grew your power garden
for your little ones
and you found brides for them on christmas eve
they hung young cain from the adam trees
and danced

While you were sleeping
i tossed and i turned
til i closed my eyes
but the future burned
through the planet turned a hair gray
as i relived the day
while you were sleeping
the money died
machines were harmless and the earth, she sighed

through the wind you slept sound
and gravity caught my love around
the ocean rose, sang about decay
while witches flew
and the mermaids stayed
full of dreams, you overslept
and keeping with quiet, through the walls i crept
i walked on tiptoe, sent darkness swirling over all the kitchen in the early morning
i'll never catch up to you
who sleeps so sound
my arms are useless
my heart beats too loud to go to sleep
my mind's too proud to bow out

While you were sleeping
the time changed
all your things were rearranged
your vampire mirrors face to face
they saw forever out into space
and found you dreaming in black and white
while it rained in all the colors of the night
i watched the tvs
memories
championships
vanished to sea
could it be, my honey between you and me
so i waited for the riddled sky
to dissolve again by sunrise
and i've made a death suit for life
for my father's ill widowed wife
did you have that strangest dream before you woke
cos in your gown you had the butterfly stroke
did it escape you like some half told joke?
when you reached for your plume of smoke
it'll haunt you, my honey bee
anyone who is anyone has that same dream
were you falling
were you flying
and were you calling out
or were you dying
thank god you're up now
let's stay this way
else there'll be no mornings
and no more days
cos when we're dreaming
our babies grow
the sun shines
and the shadows flow
time flies
the phone rings
there is a silence
and everybody tries to sing».

Perkins vive!

Tenho a sorte de ter visto este friquezinho ao vivo, na melhor das companhias e num cenário muito especial. Lembram-se, pequenitas? : )



And I see it vividly, daydreaming in the sun

Ao cuidado da Mary...

... do Roofy e de todos os que, como nós, se deixam comover com quatro patitas cheias de pêlo e aquela «burrice cheia de doçura».

«Não posso ver um cão na rua, nem gosto de olhar. Você não sabe que revelação foi para mim ter um cão, ver e sentir a matéria de que é feito um cão. É a coisa mais doce que eu já vi, e cão é de uma paciência para com a natureza impotente dele e para a natureza incompreensível dos outros... E com os pequenos meios que ele tem, com uma burrice cheia de doçura, ele arranja um modo de compreender a gente de um modo directo» , Clarice Lispector em carta às irmãs, citada na biografia Uma Vida.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Clarice & Cachorros

Outra coisa que a Clarice faz muito bem é escrever sobre cães.

«Às vezes, tocado pela tua acuidade, eu conseguia ver em ti a tua própria angústia. Não a angústia de ser cão que era a tua única forma possível. Mas a angústia de existir de um modo tão perfeito que se tornava uma alegria insuportável: davas então um pulo e vinhas lamber meu rosto com amor inteiramente dado e certo perigo de ódio como se fosse eu quem, pela amizade, te houvesse revelado. Agora estou bem certo de que não fui eu quem teve um cão. Foste tu que tiveste uma pessoa», in O Crime do Professor de Matemática

Ainda se pode desejar um bom ano novo?

I'm devoted with a glass of champagne to you...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Notas no meio de alguma febre

Não que tenha algum interesse, este desabafo, mas dão-me volta à barriga os louvores aos discursos motivacionais dessa entidade pop chamada Lady Gaga (cada um é como qual, aprendam a gostar de vocês como nasceram, yadda yadda) quando a mulher para chegar a este protótipo oxigenado e laminado que conhecemos há-de ter passado por milhões de quilómetros de passadeira, um ou outro bisturi amigo e muita tinta para o cabelo. Aprendam a gostar daquilo em que quiseram, e conseguiram, tornar-se, isso sim, faria sentido. E (também) não tem mal nenhum.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

(Eu esperar) que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe? Pode sonhar! Que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe, que chumbe e aos 30 anos ainda esteja em casa? Nem pensar, que vá mas é estudar! (Da colecção de conversas onomatopaicas que as minhas vizinhas têm à janela, ao cair da noite. Juro que a ocupante do parapeito dizia sempre os seis «que chumbe», num crescendo muito certinho).

Preciosidade

Aqui deixo o arranque de um dos meus contos favoritos de Clarice Lispector, chamado «Preciosidade» (gostaria de partilhar convosco tantas mais histórias, tantas mais destas palavras que cirurgicamente esquartejam os factos e os seres, mas talvez seja mais fácil emprestar os livros!).

«De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acor­dar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos.

Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosi­dade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se com­prometia, não se contaminava. Que era intenso como uma jóia. Ela
».

sábado, 1 de janeiro de 2011

Kozelek em Sun Kil Moon

Os entendidos em guitarra dizem que isto é muito difícil de tocar e, por isso, mais valioso. A mim, honestamente, que à excepção da flautinha do ciclo nunca soube tocar instrumentos, o que me toca é a suavidade, os caminhos inesperados, os jogos de luz e sombra, aquela voz que corre tépida e caudalosa rumo ao fim que se adia. E a forma como o disco nunca me soa exactamente igual, por muitas vezes que o ouça. Bom ano para todos!






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