Outra coisa que a Clarice faz muito bem é escrever sobre cães.
«Às vezes, tocado pela tua acuidade, eu conseguia ver em ti a tua própria angústia. Não a angústia de ser cão que era a tua única forma possível. Mas a angústia de existir de um modo tão perfeito que se tornava uma alegria insuportável: davas então um pulo e vinhas lamber meu rosto com amor inteiramente dado e certo perigo de ódio como se fosse eu quem, pela amizade, te houvesse revelado. Agora estou bem certo de que não fui eu quem teve um cão. Foste tu que tiveste uma pessoa», in O Crime do Professor de Matemática
Há 13 anos
2 comentários:
que magnífico raciocínio! tive neste momento a certeza de que a Bobina, também ela, é que tem uma pessoa.
esta manhã, já conseguiu deixar a marca das patinhas nas calças escuras do Nuno, logo pelas 7h da matina! :)
Oh, gosto tanto dela : )) Desculpa ontem estar um bocado murcha, fui para a cama cedíssima com uma bela dor de tola! Há uma outra passagem desta mesma escritora sobre cães que te vou mandar, mal a li lembrei-me logo de ti : ))
Enviar um comentário