quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rapaz modesto, faz hinos, casamentos e baptizados

Já no primeiro disco o rapaz Elvis Perkins me tinha mimado os ouvidos, com cançonetas como «While You Were Sleeping» (do mais adorável que pode haver) ou «All The Night Without Love». Cheguei mesmo a entrevistá-lo, no meu quarto (por telefone, entenda-se). Eu tinha acabado de chegar do Sudoeste, com alta telha e cansaço a condizer; ele tratou de me pôr no meu lugar, dizendo que tinha acabado de fazer uma viagem de oito horas ou qualquer coisa assim condizente com o tamanho do país onde labuta.

Mesmo gostando desse primeiro "Ash Wednesday", dizia eu, não esperava tanto do novo "Elvis Perkins In Dearland". Está cheio de canções verdadeiramente empolgantes (e menos choninhas que as do primeiro), sanfonas e harmónicas (alerta Mary-John!), folk sensível e blues com ganas, letras à maneira e uma coragem que se pressente e acaba por desarmar. Na cabeceira da cama, o rapaz Perkins deve ter um retrato do Bob Dylan. Mas, ao invés de tentar emular o mestre, parece aceitar as suas limitações e fugir para a frente, com um pé ligeiro e um jeitinho para a melodia que fazem deste álbum um dos meus favoritos deste ano.

Gosto de todas as canções, mas a que ouço mais vezes chama-se «I Heard Your Voice In Dresden». Dá para bater palminhas, cantarolar, gaguejar, fingir que se está num coro gospel («hallelujah!») e, se o resto do disco não fosse tão bom, valeria o preço do CD. Já há quem lhe chame um hino e pode ouvir-se aqui.

1 comentário:

josé disse...

d-d-dresd-d-d-en!

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