Hoje comecei o dia a ver um dos DVDs da nova trilogia do Chico Buarque (a do Amor, Palavra e Futebol).
Por razão alfabética ou qualquer outra, peguei primeiro no do Amor. Diz o homem, numa das muitas declarações que polvilham o documentário, que uma letra de canção não é - a nível formal, de conteúdo e intenção - a mesma coisa que literatura.
Pois não, mas o que dizer de letras destas?
«Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você»
É em alturas destas que uma pessoa sente um certo calorzinho no coração por falar Português.
Há 13 anos
3 comentários:
A amiga vai-me desculpar mas essa letra é divinal, mas prefiro-a na voz da Gal. tb temos cá esses dvd's. Ainda só vimos o 1º, acho que amigos.
Ora com certeza, comadre. Desculpo sobretudo se me mostrar tal preciosidade :D
E já reparou como o seu JP deve ter ido buscar uma inspiraçãozinha aqui, para o «Lisboa Debaixo do Mar» (não sei se o título é assim, mas tu sabes do que eu estou a falar)? :-p
Se não estou em erro a Elis Regina também cantou isso mas às tantas estou a fazer confusão com a Gal.
A letra já conhecia :)
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