quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Chico

Hoje comecei o dia a ver um dos DVDs da nova trilogia do Chico Buarque (a do Amor, Palavra e Futebol).

Por razão alfabética ou qualquer outra, peguei primeiro no do Amor. Diz o homem, numa das muitas declarações que polvilham o documentário, que uma letra de canção não é - a nível formal, de conteúdo e intenção - a mesma coisa que literatura.

Pois não, mas o que dizer de letras destas?

«Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você»

É em alturas destas que uma pessoa sente um certo calorzinho no coração por falar Português.

3 comentários:

Anónimo disse...

A amiga vai-me desculpar mas essa letra é divinal, mas prefiro-a na voz da Gal. tb temos cá esses dvd's. Ainda só vimos o 1º, acho que amigos.

lia disse...

Ora com certeza, comadre. Desculpo sobretudo se me mostrar tal preciosidade :D

E já reparou como o seu JP deve ter ido buscar uma inspiraçãozinha aqui, para o «Lisboa Debaixo do Mar» (não sei se o título é assim, mas tu sabes do que eu estou a falar)? :-p

Anónimo disse...

Se não estou em erro a Elis Regina também cantou isso mas às tantas estou a fazer confusão com a Gal.

A letra já conhecia :)

Tempos idos

FEEDJIT Live Traffic Feed