sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Tal como prometido...

Algumas imagens para tentar ilustrar a paixão recente pela Grande Maçã.






















Legenda: um candeeiro olha para o Ground Zero; Gershwin ecoa num túnel de Central Park; o São João em Nova Iorque (ou Little Italy à noite); transporte alternativo na cidade/no distrito das limusines; um parque com livros à disposição, para consumir e voltar a colocar na prateleira; um de muitos restaurantes acolhedores e surpreendentemente económicos; uma limusine de tamanho médio para Manhattan; um pachorrento Domingo de manhã na Quinta Avenida; uma das magníficas “mercearias” com comidas prontas ou prontas a preparar + horários espantosos (abertas a toda a hora, portanto); a bimba mas obrigatória panorâmica da Ponte de Brooklyn.

Ainda...

Sei que estou a ficar (ainda mais) repetitiva e enfadonha, mas ainda penso nisto...





Será que há linhas de ajuda para pessoas como eu?...

sábado, 23 de setembro de 2006

NY, duas semanas mais tarde

Aos 28 anos, sem estar à espera nem fazer nada por isso, fiz algo que imaginava só ser possível muitos anos e muitos subsídios de férias mais tarde: atravessei o Atlântico e visitei, pela primeira vez, a América.

Foram três dias com um serviço (entrevista a careca famoso) pelo meio, mas chegou para me deixar encantar por uma cidade que é muito mais do que isso. Como tentei explicar abaixo, se Londres é um elegante fogo de artifício, Nova Iorque, com os seus ziliões de quilómetros (sobretudo em altitude), cheiros (muitos deles horrendos), ruídos (a toda a santa hora) e pessoas em infatigável trânsito, só pode ser comparada a uma explosão atómica. Caminhar pelas ruas de Manhattan é um atentado aos sentidos, permanentemente despertados pelo tamanho das limusines, ou pelo aspecto sou-boa-demais-para-o-Sexo-e-a-Cidade das transeuntes mais ricaças, ou pelos irrecusáveis pretzels, bagels e companhia, ou ou...

Fiz Central Park quase todo a pé, num Domingo de manhã, descobri a mal-cheirosa e frenética Chinatown por acidente, à noite, e logo de seguida derreti-me com os aromas e as luzinhas meigas de Little Italy. Um São João em plena Nova Iorque? Sem ter posto lá um dedinho de pé que fosse, já sabia, como toda a gente, que Nova Iorque é muitas cidades ao mesmo tempo. Mas a confirmação, na prática, de tal lugar comum deu-me adrenalina para continuar a calcorrear as ruas da Big Apple, ignorando dores nas pernas e as horas tardias que já seriam em Portugal.

A cada passo há uma «photo opportunity» - e eu que só levei um cartão na máquina digital... A cada esgar mais desorientado aparece alguém que nos pergunta se estamos bem, se precisamos de ajuda ou direcções - sem ser preciso pedir. Isto aconteceu várias vezes, quer nas zonas mais abastadas da cidade quer nas que mais se aproximam da nacional «xungaria». Quando eu e o meu colega procurávamos a rua do CBGB's, por exemplo, um velhote veio ter connosco, a perguntar o que queríamos daquela zona. «É que aquilo agora é só winos», alertou-nos ele. Que tivéssemos cuidado.

Esta disponibilidade permanente é, talvez, a impressão mais forte que trago de Nova Iorque. Explicaram-me que, por lá, os empregados de mesa não ganham um salário, mas sim um seguro de saúde e o que recebem em gorjetas. Será isso que os faz cumprimentar toda a gente com um sorriso e esmerar-se no atendimento? Provavelmente. Mas acredito que existe, naquela maneira de ser nova-iorquina, uma apetência muito especial pela rapidez, pela eficácia, pelo ser «despachado» e expedito que supera a compreensível corrida ao dólar. A cidade e todos os seus milhões de habitantes, de todas as cores, tamanhos e idades (vi muitos idosos a passear, auxiliados por complicados derivados de bengalas), parecem viver com uma ideia em mente. Ou antes, com uma missão. E é essa missão que mantém Nova Iorque a vibrar, a zumbir, a fazer tique-taque 24 horas por dia, como um gigantesco coração.

(queria pôr aqui umas imagens, mas o blogger não está a colaborar...)

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Nova Iorque

Já contei as histórias milhões de vezes a pessoas diferentes, mas ainda não me ocorre nada de certeiro nem sucinto para escrever sobre Nova Iorque.

Socorro-me por enquanto de imagens.

Se Londres é isto...



... Nova Iorque só pode ser comparada a isto:



Mais a qualquer momento...

Chico

Hoje comecei o dia a ver um dos DVDs da nova trilogia do Chico Buarque (a do Amor, Palavra e Futebol).

Por razão alfabética ou qualquer outra, peguei primeiro no do Amor. Diz o homem, numa das muitas declarações que polvilham o documentário, que uma letra de canção não é - a nível formal, de conteúdo e intenção - a mesma coisa que literatura.

Pois não, mas o que dizer de letras destas?

«Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você»

É em alturas destas que uma pessoa sente um certo calorzinho no coração por falar Português.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Depois do drama abaixo documentado, este blog prossegue com a sua programação «normal».

Uma estudante de Comunicação do ISCSP (a mesma faculdade que eu e muitos dos seis leitores deste blog frequentámos) fez um trabalho de fim de curso sobre... crítica musical!

Que bom, ver alguém ignorar os temas - muito populares no «meu tempo» - do efeito pernicioso dos desenhos animados nas crianças ou da fisionomia do escaravelho da batata (um destes é mentira, não vou dizer qual).

Pelas respostas dadas pelo Jorge Manuel Lopes e partilhadas no seu blog, deve ser um trabalho bem interessante de consultar, o da Ana Luzia. Deixo aqui a resposta que mais me encheu as medidas:

«15 – Há alguma coisa que considera que deve mesmo ser mudada ao nível da crítica musical no nosso país?
Quem faz crítica musical devia ouvir menos música só para registar mentalmente que ouviu música. Devia ouvir música melhor. Devia ser menos reverente em relação ao passado. Devia ler mais sobre música. Devia ler mais sobre/ envolver-se mais no que nos rodeia (socialmente, politicamente, culturalmente) que não é música mas que tem tudo a ver com música. Devia ter menos medo. Devia ter mais recursos lexicais. Devia ter mais imaginação. Devia ser mais jornalística e, ao mesmo tempo, menos funcional. Devia ser simultaneamente mais subjectiva e objectiva. Devia ouvir música nova mais e melhor. Devia pensar a música portuguesa mais e melhor.»

Antes e Depois (1990 - 2006)

Procedimento habitual pós-derrota importante deste senhor, quando era miúda:

- chorava, ficava ensimesmada no quarto, escrevia no diário

Mulher feita, assisti Domingo à despedida do atleta, após 21 anos de carreira.

- chorei, tirei a roupa da máquina e pendurei-a no estendal, fiz o jantar, fui a um concerto em trabalho e, passados dois dias, vim escrever no belogue

Não há nada como ter que fazer para afastar os macaquinhos do sótão.

Mas continuo algo inconsolável, sim. Como diz a amiga Cibele, é como se uma parte de nós desaparecesse. Como diz o amigo moonshiner, citando os grandes The National, «all you've gotta do is be brave and be kind».

Entretanto, uma dúvida: será o homem um génio (também) da comunicação ou este discurso já estava pensado? É formalmente perfeito e absolutamente delicioso para qualquer fã. Como seguidora de longa data, não podia pedir um agradecimento mais bonito ou sentido. Mesmo sem as lágrimas, aqui fica a transcrição...

«The scoreboard says I lost today, but what the scoreboard doesn't say is what it is I have found. And over the last 21 years, I have found loyalty. You have pulled for me on the court and also in life. I've found inspiration. You have willed me to succeed sometimes in my lowest moments. And I've found generosity. You have given me your shoulders to stand on to reach for my dreams, dreams I could have never reached without you. Over the last 21 years, I have found you. And I will take you and the memory of you with me for the rest of my life. Thank you.»

O discurso e o pranto de que se fala, no link do youtube abaixo.

A prova de que estamos em sintonia, aqui:

«I was sitting there realizing that I was saying goodbye to everybody out there, and they were saying goodbye to me. It's saying goodbye. You know, it's a necessary evil. But we were getting through it together. That felt amazing.»

Photobucket - Video and Image Hosting

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

As verdadeiras estatísticas

Ficam as estatísticas oficiais daquele que, afinal, não foi o último jogo de Andre Agassi.

-> muitas horas de espera até à uma e meia da manhã, hora a que começou a partida com Baghdatis

-> 14 posições no sofá, procurando o equilíbrio impossível entre conforto, boa visibilidade para o televisor e manter-me acordada

-> sete mordidelas de melga

-> um tubo de Fenistil Gel

-> 249 zumbidos de melgas rasando os meus ouvidos

-> zero melgas esmagadas

-> 21 anos de carreira passados em revista num jogo

-> dois sets fáceis, um fácil mas para o outro lado, e dois de puro sofrimento

-> um tenista de Chipre que não merecia - tal como Blake, em 2005 - perder o jogo

-> quatro horas de nervos, génio, coragem, caimbras e até teatro

-> 24 mil pessoas a puxar para o mesmo lado, nem sempre com civismo, mas com paixão inabalável

-> dois match points, um dos quais a valer

-> duas lendas em court (no final, quando John McEnroe entrevista o vencedor)

-> um sorriso único, como diz o amigo JG

-> vários sms de comentário ao jogo e chacota com comentadores, trocadas com o «vizinho» acima referido

-> uma hora e meia de «sono» antes de um acordar complicado

-> uma razão maior para, afinal, ter sido boa ideia adiar para este ano, para este torneio, para esta cidade, o último adeus

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