sexta-feira, 28 de abril de 2006

Even kitties get the blues

Conta-me a minha irmã que a nossa gata, Zuca Maria de sua graça, está deprimida!

Continua a comer, pois claro (um corpinho daqueles não se alimenta do ar), mas anda cabisbaixa, sem alento.

Eu digo que é da mudança de estação (mais calor -> o meu pai põe de lado o robe de fazenda -> ela fica sem almofada). Mas entretanto, durante a noite, fiz um upgrade de desgraça e sonhei que a moça tinha morrido!

Fica aqui um brinde on line à sua saúde e longevidade (ou um «bate na madeira» dos tempos modernos).

terça-feira, 25 de abril de 2006

Eterno feminino

Cibelle. Só com um "l", vive no meu coração há muitos e bons anos, como grande amiga. Com dois, passou pelo meu estaminé laboral para um showcase, em apresentação do novo "The Shine of Dried Electric Leaves".

Vale (muito) a pena ouvir as músicas da esbelta brasileira: 'City People', por exemplo, é a Bor Land a operar no Brasil, enquanto 'Instante de Dois' é dos temas mais bonitos que ouvi nos últimos tempos. E há também versões para todos os que acham que não é pecado voltar a tocar as canções dos intocáveis: Tom Waits, Caetano Veloso. A versão para 'London, London', com o Devendra Banhart em versão pouco caprina, é um mimo.

O melhor de tudo: basta passar por aqui ou por aqui para conferir isso tudo e muito mais. O que não diria a Associação Fonográfica Portuguesa...

Tristes coincidências

Como diz o Vítor ali ao lado, nem numa Terça-feira o último Blitz pôde sair.

Um dos nossos mais bonitos feriados antecipou um dia a saída da última edição daquele que sempre foi, e por este andar continuará a ser sempre, o único jornal português de música.

No quiosque da minha rua, onde o senhor já sabe ao que é que eu vou todas as terças-feiras, estava uma cara nova (bem, de meia idade, mas nova no quiosque).

Eu falo baixo, pelo que não me admirei que o senhor me perguntasse «o quê, menina?» quando, pela primeira vez, lhe pedi o Blitz.

À segunda já não se justifica que tenha dito, intrigado: «O... belites? Oh menina, explique-me lá o que é isso!».

22 anos a chover no molhado? Espero que não, e que o problema tenha sido mesmo - e só - a pouca experiência no posto daquele senhor (por ele profusamente explicada, de resto, enquanto me entregava, por fim, o jornal).

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Nojo

Não é a primeira vez que um amigo meu perde o pai. A sensação de quem quer ajudar é sempre a mesma: a de impotência, sobretudo verbal. O que dizer perante uma situação destas? Mesmo que as palavras adequadas tivessem sido inventadas, iam sempre soar mal. Às vezes o mais certo, ou menos intrusivo, acaba por ser mesmo o silêncio, ou o silêncio de um abraço. A dor de quem perde o pai não cabe nas nossas palavras, por mais que as estiquemos.

Pelo menos tão mau (há quem diga que é ainda pior, por contrariar a - pouca - lógica da vida) será perder um filho. E é sobretudo isso que me magoa neste circo que a TVI tem montado à volta da morte do "Dino". Os Morangos podem ser uma produção da TVI, os actores podem ter os seus direitos todos esmigalhados na mão da estação, mas o Francisco Adam não é pertença da Televisão Independente. Nos últimos dias, tenho-me recusado a passar por aquele canal por me custar a crer em tão gritante falta de decoro e contenção, numa hora que só à família e aos amigos devia dizer respeito. Acho que essa é capaz de ser a maior lição que tiro de toda esta desgraça: já ninguém é dono de si próprio, nem mesmo na hora da morte.

Bem me parecia

Ainda ontem pensei escrever um post sobre aqueles casais que, de tão perfeitos que se apresentam, me parecem sinistros.

Aqui está o exemplo-mor:



E a prova do quão bem anda a funcionar a minha intuição:

Vou comer a placenta

(a esta hora está a Nicole Kidman aliviada por nunca ter procriado biologicamente com Mr. Top Gun...)

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Mimo & Preguiça

«Lay me down and say something pretty»





(na foto, o vistoso Laranja, gato quase de peluche da melhor amiga da minha irmã)

domingo, 16 de abril de 2006

Prenda de Páscoa

Foi na TV que aprendi a ser puta... diz o Foge Foge Bandido.

Alguns segundos da estreia a solo do Manuel Cruz, cortesia dos meninos do respectivo site.

Eu estive lá e tentei pôr em palavras o que pensei/senti, mas este senhor do Bodyspace conseguiu traduzir melhor a situação por escrito:

«A guitarra saltitante, as letras, por vezes cruas, mas sempre agridoces, a voz arrastada e muito tripeira, lembraram-nos o quanto Manuel Cruz faz falta no panorama musical português. É um dos mais castiços músicos do nosso país e, sem dúvida, um dos melhores letristas.»

É sempre isso que acabo por achar: faz falta, tenho saudades. Mesmo sabendo que o tempo não volta para trás...

(Já agora, para todos os que acham que a MTV é o Diabo, vi no programa Buzz uma mini-entrevista bem engraçada ao "grande" Manuel Cruz, como se lhe dirigiu a VJ. A moça - também ex-Moranga... - tem um estilo bem sóbrio e interessado)

Triste

Morreu Francisco Adam, o actor que fazia de Dino nos "Morangos com Açúcar".

É "só" mais uma das baixas da Operação Páscoa, a que tenta evitar desastres e fatalidades na estrada, nesta quadra festiva.

No entanto, não serei hipócrita, chocou-me evidentemente mais a notícia da morte do "Dino" do que a dos outros automobilistas desaparecidos desde ontem. Porque não o conhecendo, era como se conhecesse - desde a segunda série de Verão que era uma das presenças mais assíduas nos Morangos, e uma das personagens mais cómicas, também. Esperá-lo-ia, provavelmente, um futuro como galã malandreco nas produções nacionais...

Infinitamente mais grave que a perda do "Morango" é, claro está, a partida de um rapaz de 22 anos. Que a família e os amigos encontrem o apoio de que precisam nesta hora...

(e já que falamos de hipocrisia, que se foda a censura corporativa que no meu meio laboral se pratica. Gentes da SIC, ele não era actor de «uma novela da TVI», fazia parte do elenco dos Morangos. Quanto mais não seja porque milhares de pais se vêem, neste momento, obrigados a explicar aos filhos o que significa «morrer», esta nuance da informação faz toda a diferença...)

Casa Arrumada

Há praí três semanas que tenho pilhas de roupa para passar a ferro, em casa. Começo a fazer estranhas combinações cromáticas, com as peças que envergo na rua e no trabalho, mas sinceramente pegar na tábua e no ferro quando chego, esgotada, ao meu quarto direito a horas impróprias para consumo é a última coisa que me apetece fazer.

Por isso, decidi dedicar-me a uma tarefa quase tão fastidiosa como passar a ferro: actualizar a barra de links deste meu tasco online! Queria ter aqui todos os sites que consulto com frequência, e livrar-me daqueles que, por culpa própria ou alheia, se tornaram obsoletos no meu quotidiano. Deu qualquer coisa como o que podem ver do lado esquerdo dos vossos ecrãs. Criei ainda a elucidativa secção "Coiso", para tudo o que não é belogue nem site ao qual tenha ligação umbilical. Espero que (também) vos dê jeito.

sábado, 15 de abril de 2006

Privilégios

Cinco minutos de uma entrevista de mais de meia hora com uma personagem insolitamente culta, interessante e equilibrada.

Ainda são conversas destas que fazem valer a pena o meu ofício (desgraçosamente, já despromovido de categoria de pecado pelo Vaticano. Parece que foi um problema de tradução... acho que o sindicato devia fazer qualquer coisa.)

Afinal...

Afinal, não é assim tão mau o novo disco dos Calexico (uma das minhas bandas favoritas, já agora).

Às vezes a coisa certa a fazer é mesmo passar por cima da desilusão inicial e começar de fresco. Uma Páscoa chuvosa pode servir para muita coisa, desde tentar entregar regueifas a familiares mais ou menos distantes de quem acabámos sempre por nos desencontrar, a descobrir por fim um chisquinho de interesse nos janados mais falados de Inglaterra... ou tentar perdoar os Calexico por terem despedido a orquestra mariachi que desde sempre lhes/nos tocava no coração. Isto devagarinho vai... Entrevista quilométrica em breve, no site áudio do costume.

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Para juntar aos outros

Finalmente, a minha profissão elevada à categoria de pecado!...

Igreja: tv e net já são pecado

«Passar demasiado tempo a ler jornais, a ver televisão ou a navegar na Internet são alguns dos 'novos pecados' anunciados pela Igreja Católica, noticia a Agência Ecclesia.»

Vai aquecendo o meu lugar, Satã!

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Eu tenho dois amores

A minha fidelidade ao E.R. pareceu comprometida com o aparecimento do House, mas bastou-me ver o episódio de ontem da primeira destas séries para perceber que estas paixões não se esquecem assim.

(Mesmo tendo em consideração que o ecrã continua às risquinhas, devido à ventania que deve ter derrubado a antena do prédio e à minha preguiça para sintonizar novamente os canais).

Neste momento o meu coração palpita a igual velocidade pelos dois programas - o da Cidade do Vento, infelizmente já clooneyless, e o do Mourinho dos Médicos. Eu, sucker por séries de médicos, me confesso...

Credo

(Ainda) me assusto com as coisas que muitos portugueses têm em casa (*).



Entrada nova no top 10 de DVD, esta semana.

(*) - sim, eu gosto de acreditar que as pessoas compram mas depois não ouvem. Chamem-me optimista...

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Sonhos, parte 528

Esta noite sonhei que o Manuel Cruz apresentava um novo disco (que alguém, de fundo, dizia ser «o terceiro álbum dos Ornatos», não sei se no sentido literal ou figurado) a bordo de um daqueles barcos que fazem a travessia Tavira-Ilha de Tavira.




Eu estava entusiasmada e orgulhosa, até porque era a responsável por "desenroscar" (isto hoje está bonito, no que toca a terminologia técnica) a corda da âncora e dar começo à viagem.

Anos a fio de férias no Sotavento Algarvio dão nisto, suponho...

Bem-vinda!

(para ser lido ao som do 'Tango do Covil'... se à autora assim lhe aprouver!)

Bem-vinda ao Bairro dos Belogues, Menina-Alice!...

Quem dá uso à palavra «buganvília» merece tudo.

Andorinhas

Muito podia ser dito - e decerto já foi - sobre a capacidade de certos sons, à semelhança do que acontece com os aromas, nos transportarem para tempos que já lá vão.

Deste lado do sofá, é impossível escutar o chilrear (*) das andorinhas e não me vir à memória os fins de tarde passados com a minha avó ao portão da nossa casa. A partir de Março, Abril - ou seja, quando os dias começavam a esticar e o sol a durar mais um bocadinho - íamos sempre para o portão as duas, ver as trabalhadoras da fábrica Coats & Clark passarem, de sacos de plástico na mão e ar apressado, no final do expediente. Do outro lado da rua, o senhor Jorge, enfermeiro e amigo de todos os cães e gatos das redondezas, saudava-nos naquele ritual.

Sei que soa entediante e descolorido, mas naquela altura não havia melhor - tudo enquanto as andorinhas rasgavam, histéricas, o céu rosado, subitamente maior, mais alto.


(*) - sei que as andorinhas não chilreiam, fazem outra coisa qualquer, que vi outro dia n' "A Herança". Mas, apesar de na altura ter acertado na resposta, agora já me olvidei.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Piano Mágico

Tenho às vezes, e infelizmente cada vez mais, a sensação de que a maior parte da música não me toca. Não me diz nada, não fala comigo.

Consigo ouvir um disco ou uma música na rádio e dizer se está «bem feito» (expressão odiosa) ou tecer um qualquer julgamento funcional (se serve, ou não, para: dançar, brincar, rockar, ouvir ao vivo, dormir, etc). Mas não me toca, bate no campo magnético criado sabe-se lá como e volta para a toca de onde saiu, provavelmente com a melhor das intenções.

Ponho-me a pensar se, há alguns anos, pensaria o mesmo das mesmas músicas. Provavelmente não, e defenderia com unhas e dentes o que hoje não me causa mais do que indiferença. Lembro-me das centenas de horas que passava a ouvir os programas do Miguel Quintão, por exemplo, e de como adorava de paixão 96% das coisas que ele passava (os outros 4% adorava só um bocadinho, ou então tinha ido à cozinha ou ao WC). Suponho que a disposição e a abertura fossem, então, outras. Ou que quanto mais conhecemos, menos nos surpreendemos e deixamos fascinar. Seja como for, continuo a adorar as músicas que conheci naquelas circunstâncias. Se pela música em si, se pela memória das ditas circunstâncias, não saberei dizer.

Como nem tudo é mau, a crescente indiferença face ao grosso do que ouço torna ainda mais especiais as coisas de que realmente gosto.

E há sempre uma saída em trabalho que salva a honra do convento e o correr dos dias: foi o que aconteceu ontem à noite, no mui aconchegante Maria Matos.

O Bernardo Sassetti é o maior. Enquanto aqueles concertos duram, dou por mim a pensar que o piano é o único instrumento que interessa. Salve, Alice.

Tempos idos

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