segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

O que é preciso é estilo

Eu nem sou do FCP (aliás, sempre fui educada para rejeitar essa crendice azul e branca). Mas se há homem com classe, boa gente, é aquele a quem eu pedia autógrafos aos 14 anos.

Depois disto:



... foi à sala de imprensa e respondeu assim ao senhor da Sport TV:

«Assumo a minha parte de responsabilidade. Aquilo [a bola] parecia que tinha um controlo remoto, mas sim, a culpa é minha.»

Foi, continuando a usar o jargão futebolístico, «o momento do jogo».

Reforço o meu parecer:


=> CLASSE

(no entanto, também gostei daquelas reportagens "on the road" com a equipa, em que se viu o Co Adriaanse a pagar numa estação de serviço e, o melhor de tudo, o McCarthy a tirar gomas da respectiva montra com a própria mãozinha)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Passo a passo




O melhor momento de "Caros Amigos", o primeiro de três DVD sobre o Chico Buarque que recebi no passado Natal, é um dueto indescritível com um senhor chamado Dorival Caymmi.

Na minha ignorância, confesso que não conhecia este músico, cuja identidade o google ajuda a descobrir:

«Dorival Caymmi nasceu em Salvador, BA, em 30 de Abril de 1914.
Tranqüilidade seria uma palavra perfeita para descrevermos esse grande contador da vida dos pescadores, muitas vezes trágicas, mas contada por ele de forma suave, pura, simples.

Cantou e contou a paisagem baiana como ninguém em seu jogo diferente de ritmos. E através de músicas como O Que é Que a Baiana Tem, A Preta do Acarajé, Você já foi a Bahia? - fez de Carmem Miranda uma verdadeira baiana.

Sua adoração pelo mar e pela natureza, acaba por colocar o homem em sua real posição - uma parte integrante dela - sem domínio, sem superioridade, sem controle.

É capaz de nos mostrar toda a doçura de viver/morrer no mar, doçura de viver, doçura. E ele segue tranqüilo, com pouco mais de 80 canções em 80 anos de vida, chegando a levar anos na criação de uma, burilando um pouco hoje, descansando amanhã, retornando daqui a anos - é um bom tempo, diz ele, é um bom tempo.

Caymmi é o respeito pela vida - é seu ritmo.»

Antes do dito dueto, em que Buarque e Caymmi, trajados como acima, se afogam em carinho e meia dúzia de palavras, o protagonista do DVD aparece a dizer que, em criança, ouvia muito Caymmi, mas que a obra deste é tão única e despojada que não pode considerá-la uma influência na sua música... Ninguém é influenciado por Caymmi, porque ninguém o consegue copiar, diz no meio de um daqueles sorrisos de garoto que lhe cortam e colam o discurso.

«Se fizer bom tempo amanhã, eu vou. Mas se por exemplo chover, não vou.» ("Maricotinha")

Buarque e Caymmi com o mar de fundo, calça branca e camisa às riscas, uma cadência para a qual a palavra hipnótica parece ter sido inventada.

Simples, sim. Perfeito, também.

Doce norueguês

As referências meteorológicas são uma constante aborrecida e preguiçosa da crítica musical, mas não resisto a dizer que canções como 'Failure', 'Misread' ou 'Singing Softly To Me' são, ao mesmo tempo, uma reconfortante chuvinha de molha-tolos e um raio de sol morno na minha cama à janela plantada. Em Abril, na Aula Magna.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Post sortido/miscelânea

É oficial: ao Domingo à tarde, especialmente se estiver murchita ou desocupada, gosto de ver o "Queer Eye For The Straight Guy", programa em que cinco gays dão uma mãozinha (sem malícia) a um straight à rasca em uma ou mais das seguintes áreas da vida: visual/roupa, cabelo/cuidados de pele, casa/decoração, culinária & vinhos, trato social.

Cada um dos senhores é, inevitavelmente e para o bem e para o mal, uma personagem, mas a coisa acaba por fluir alegremente (de forma "gay", portanto) e já assisti a verdadeiros milagres, como casas que passam de pardieiros a protótipos de mansão, assim de um dia para o outro, ou homens horrendos com "mullets" à anos 80 e unhaca comprida que, graças à ajuda dos auto-proclamados "Fab Five", acabam parecidos com o Tom Cruise (eu nunca gostei do Tom Cruise, mas reparem que no começo ele tinha uma "mullet" e parecia guitarrista de um grupo tipo Nickelback. Sempre ficou com melhor ar).

Aquele de quem tenho mais inveja, no entanto, é o gay cozinheiro, que para cada ocasião sabe uma receita, um truque, um conselho infalível. Tento decorar algumas coisas, como as dicas sobre como escolher peixe ou aquecer determinados alimentos, e tenho grande estima pelos conhecimentos do homem. Podiam pô-lo a fazer um programa com aquele senhor do "Na Roça com os Tachos", grande ídolo da minha mãe.



+



Prosseguindo. Nos últimos tempos desenvolvi considerável interesse pela culinária e, mais do que isso, pela respectiva literatura. Leio com dedicação suplementos de receitas e revistas do género, como se cada prato fosse uma pequena história. Gosto de pensar que receitas podia fazer (ie, quais é que conseguiria levar a bom termo) e de memorizar todos os passos até ter relativa certeza que a coisa vai correr bem.

Tenho reparado que este é também um mercado muito saudável, no que toca a publicações. Ele é revistas de culinária para crianças, para vegetarianos, para doceiros, para amantes de caça... Na semana passada, a meio de um desagravo gastrointestinal, lembrei-me de um nicho por explorar: comida de doente.

Como tornar menos insonsa essa batata cozinha? Farto de arrozinho branco? Ponha uns óculos de lentes coloridas, não faz mal à barriga e sempre quebra a monotonia! Doente e sozinho em casa? Canjas em dois tempos sem ser das instantâneas!...

Acho que podiam ter saída, estes manuais.

Felizmente já estou melhor e senti isso na Segunda-feira à noite, quando fui ver o "Munique". O filme é comprido como o raio e não tive tempo de jantar antes. Conclusão: depois de vários dias em que nem podia, nem queria ter qualquer tipo de intimidade com a maior parte dos alimentos à face da terra, dei por mim a salivar de cada vez que os protagonistas do filme falavam do seu arqui-inimigo, o terrorista Al Salameh.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Protege a vida da sua máquina...

Um dos momentos mais consistentemente dramáticos da televisão portuguesa das últimas duas décadas são os anúncios da Calgon. Todos nós sabemos o que acontece quando não damos à máquina de lavar aquilo que ela quer da vida... e no entanto, há sempre uma dona de casa (a repartição de tarefas ainda não chegou a estes reclames) que, incautamente, lá se esquece de administrar ao aparelho o seu apetitoso suplemento anti-calcário e pumba, chega à cozinha para encontrá-la alagada.

Mãos à cabeça, esfregona na mão e toca a ligar para um senhor de bata que aparece lá em casa em dois segundos, invariavelmente danado da vida. Ofendidíssimo, este homem prega à senhora, cabisbaixa, um grande raspanete, antes de meter a máquina de lavar num carrinho e levá-la para um armazém sinistro, onde jazem outras como ela. Gosto especialmente do ar reprovador do homem a ralhar com a senhora, como se mais uma máquina de lavar para arranjar não fosse bom para o negócio.

Sempre achei que estes anúncios comportavam uma certa lição moral... Há coisas na vida que não queremos que mudem, e uma delas é, sem dúvida, o anúncio da Calgon.

Protege a vida da sua máquina... (tenho uma amiga música que se deu ao trabalho de compôr, no telemóvel, um toque com este tema)

Molde partido (a voz, a voz)

A Simone de Oliveira é uma daquelas mulheres de quem já é permitido sentir saudade, mesmo que o seu tempo aqui na Terra não tenha por enquanto chegado ao fim.

Confesso-me fã daquele estilo aristocrático-empertigaitado, de quem sabe sempre o que está a fazer ou dizer (provavelmente por diferir tanto de mim...).

Vê-la agora nos Morangos, como matriarca da milionária família Mergulhão, diverte-me imenso e é, imagino, um privilégio para a miudagem que com ela tem a oportunidade de contracenar.


E estes anos todos depois, vê-la e ouvi-la cantar a 'Desfolhada' continua a ser um tratado.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Imagens e sons em colisão

«Precious and fragile things
Need special handling
My God, what have we done to you?
We always tried to share
The tenderest of care
Now look what we have put you through

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give

Angels with silver wings
Shouldn't know suffering
I wish I could take the pain for you
If God has a master plan
That only He understands
I hope it's your eyes He's seeing through

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give

I pray you learn to trust
Have faith in both of us
And keep room in your hearts for two

Things get damaged
Things get broken
I thought we'd manage
But words left unspoken
Left us so brittle
There was so little left to give»

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Madonna

Depois da Tia Idalina do Amigo Pop lhe ter pedido uma cópia do disco novo da Madonna, é a vez de a PT nos pôr a ouvir 'Hung Up' sempre que ligarmos para um número ocupado.

Depois destas duas, a mulher bem que podia reformar-se. Parece-me claro que o seu plano de dominação global está mais que encaminhado!...

Fora de época

Depois do concerto de ontem, torna-se imperioso desenvolver uma tardia paixão adolescente por este homem:




Meus amigos (e, especialmente, minhas amigas), que 43 anos bem tirados...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Video killed the radio star...

... e os correios coloridos (azuis e verdes, prometendo maior velocidade de entrega) deram cabo dos envelopes normais.

Isto é verdade: hoje quis mandar uma carta para o estrangeiro, comuniquei a minha intenção ao funcionários dos CTT da Boa Hora e ele respondeu-me, num quase sussurro, que «já não se fazem» envelopes normais.

Podia mandar a carta em correio azul internacional (gastando assim meses de poupanças) ou então comprar apenas o selo. «Depois vai a uma papelaria e compra o envelope», confidenciou-me o senhor.

Há qualquer coisa de estranho nisto. Acho que é como se a CP, depois de criar os serviços Intercidades e Alfa, concessionasse a uma micro-empresa os comboios regionais.

Já tenho o selo, falta-me agora o envelope e o mais complicado de tudo: será que ainda há marcos de correio? Ou também estes são muito «normais» para o nosso tempo?

Tempos idos

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