segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Tirem Cristo da Cruz

Nasci em Gaia, mais precisamente na popular freguesia de Mafamude (experimentem dizer a alguém que é essa a vossa naturalidade, mesmo que seja mentira, e constatem a reacção). Vivo em Lisboa faz no Outono nove anos e pode-se dizer que já me habituei - que remédio! - e, heresia, até gosto. Depois de um atribulado primeiro ano em Benfica, mudei-de de armas e bagagens para a Ajuda, para ficar perto da faculdade onde estudava. A segunda mudança deu-se daí para a Boa Hora, uma localidade que é metade Ajuda, metade Alcântara, e conjura assim a metade velha, tacanha e rezingona com a metade jovem, aberta e borgueira daquela região.

Na Boa Hora, não há quem não proteste, por tudo e por nada. Parece um desporto. Procurei no Google por imagens da Boa Hora e apareceu-me isto:



Reconheço o sítio (é ao fundo da minha rua) mas não o mural, que entretanto deve ter sido apagado do mapa, e daquela parede... Mas dá para ter uma ideia do espírito da zona.

Hoje de manhã, e vocês sabem que quando eu falo em manhã, falo em antes das 07h00, reparei que as paragens da Boa Hora tinham novos atractivos. Folhas A4, impressas em casa, que alguém andou a colar, com o intuito de:

1) revoltar o povo contra a Carris («quem é que eles julgam que eles são? Transportes públicos? Transportes públicos grátis, já!! O povo não tem de pagar para trabalhar! A Carris não pode mandar no povo!»)

2) tirar Cristo da cruz. Esta prosa decorei mesmo, tinha de a partilhar, aqui, com a merecida precisão.

«Tirem Cristo da Cruz!

Ele não merece sofrer tantos anos!

Não o lamentem! Sigam-no e libertem-no!»


Anseio pelos próximos capítulos. Se um dia houver uma nova revolução em Portugal, ela vai começar na Ajuda, facção Boa Hora, tenho a certeza.

Boa semana!...

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