A batata às vezes testa as histórias em amigos. Se eles não gostam, volta para o saco guardado debaixo do guarda-louças. Se se riem, atreve-se a saltar para a frigideira e partilhar os salpicos do óleo com quem de direito. A narrativa que se segue é por demais conhecida de muitos que a irão (?) ler, mas não resisto a passá-la para um registo mais palpável e abrangente que a conversa à mesa do café.
Nessa verdadeira instituição que é o Jornal da TVI, onde os pivots se referem às crianças como «miúdos» e aos idosos como «velhotes», uma notícia verdadeiramente insólita teve honras de destaque na edição de Sábado. Uma senhora, dos seus 50 e tal anos, queixava-se de ter ido na cantiga de um falso médico, que lhe entrou pela casa dentro, oferecendo-se para lhe fazer um rastreio gratuito ao cancro da mama. Nesta, mesmo eu, que sou lorpa com carteira profissional, era incapaz de cair. Mas a pobre mulher abriu a porta de sua casa, e os botões da blusa também, deixando que o charlatão de modos elegantes lhe apalpasse as mamas (será que esta história passava na TV americana? Com o escândalo da Janet Jackson, andam todos muitos sensíveis...). Encantado com a saúde da senhora, o homem terá mesmo dito que a "paciente" tinha «uns mamilos muito bonitos para a sua idade», frase que, quanto a mim, lhe permite entrada directa para o panteão dos criminosos mais divertidos dos nossos tempos.
Só quando o prestável doutor regressou ao local do crime, oferecendo-se para um segundo exame, é que a mulher, e o seu marido, desconfiaram. O homem fugiu, quando o cônjuge enfurecido tentou anotar a matrícula da sua viatura. A polícia diz nada poder fazer, já que a senhora permitiu a entrada em sua casa do trafulha. A minha parte favorita, no entanto, foi a confissão da lesada às câmaras da TVI (em horário nobre, recorde-se):
«O meu marido ficou muito mal. Até me disse: 'Ó mulher, tu não contes isto a ninguém!'»
Passem a palavra: rastreio sim, mas nem por satélite nem ao domicílio.
Há 13 anos
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