Se as pessoas que fazem o som da sua voz ecoar pelos open spaces desta vida já são irritantes, que dizer daqueles que usam o seu surround system pessoal para publicitar teorias de valor duvidoso, com a certeza de quem descobriu a pólvora?
Depois de um dia inteiro a ouvir as palavras «golo», «anulado», «roubado» e «injusto» em todo o tipo de frase e arranjo gramatical, eis que um vizinho decide apregoar a sua teoria sobre o Starbucks.
Para este senhor cuja cara não vejo, ir ao Starbucks em Portugal será como ir à Pizza Hut em Itália - não vai acontecer. Seguem-se exemplos inanes sobre a importância que «o português», esse bicho raro, dá ao contacto pessoal com o senhor do café e à qualidade do café propriamente dito.
Fosse eu tida ou achada para esta discussão unilateral e talvez viessem à baila certos pormenores. Assim de repente: o Starbucks vai abrir em Lisboa, num centro comercial, e não num Portugal romântico e idealizado onde as pessoas ainda conhecem o merceeiro pelo nome. Ou: a maior parte dos cimbalinos que por aí se tragam, nos mais «tradicionais» cafés de bairro, são na realidade uma bela zurrapa.
Se os argumentos deste senhor fizessem algum sentido, a canalhada das nossas cidades teria desprezado o McDonalds em detrimento da tasca das bifanas, e continuava a ir à sapataria Charles com os papás, a cada semestre, ao invés de vampirizar o orçamento familiar com as belas sapatilhas da marca.
Mas como ninguém me perguntou nada, mais vale ir andando para casa. É nestas alturas que um capuccino para levar calhava mesmo bem.
Há 13 anos
2 comentários:
Curiosamente, diz que o Starbucks ensina os empregados a privilegiarem o contacto com o cliente.
Eu só tenho pena daquilo ficar num centro comercial longe de casa. Aquilo é para ter na rua onde passeias!
Eu risco os dias no calendário até ao dia em que voltarei a beber um café Moka à hora que quiser, e não apenas quando visito a minha cidade-metade!
Venha o Starbucks!
Venha o Pret a Manger!
:P
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