domingo, 13 de janeiro de 2008

Uma simples pergunta

Na passada Sexta-feira ao fim da tarde, levanto-me do banco do comboio para sair na Estação de Algés. Uma rapariga - bastante agasalhada, ar menineiro, uma prancha de bodyboard debaixo do braço - prepara-se para fazer o mesmo. Nisto, é abordada por um velho. Quem o visse ao longe, ou escutasse apenas a entoação da pergunta e não as palavras que a constituíam, pensaria que ele lhe perguntava se era aquela a estação que pretendia. Mas eu, que estava bem perto deles e até registei a cena nos rascunhos do telemóvel, para não me esquecer, posso afiançar que o que o velho - educadamente, é certo - perguntou à rapariga foi:

«Desculpe, é aí que a menina se prostitui?»

Perante a muda estupefacção da moça, insistiu, sempre no mesmo tom solene.

«A menina vai-se prostituir?»

A rapariga não conseguiu dizer nada e saiu, tal como eu e outra mulher, em Algés. Olhou para nós - expressão entre o riso e a vergonha - e cada uma seguiu o seu caminho.

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