Há 13 anos
terça-feira, 31 de julho de 2007
Outra verdade inconveniente (e porventura injusta)
Um acordeão, um violino e o visual de cigano chegam e sobram para serem enquadrados na categoria de «músicas do mundo». Tudo o resto é pop-rock, e como bem diz o VJ ali, bem azeiteiro. Mas têm um vocalista saltimbanco e apalhaçado que concentra todas as atenções, em palco, e sabem muito bem como fazer a festa. Em disco não me diz nada (a não ser «muda o CD»), ao vivo faz-me pensar que estão encontrados os novos Gotan Project. Daqui a dois ou três anos e 7201 concertos na Aula Magna, Casa da Música, Coliseu, Queimas das Fitas e Feiras de Enchidos, enrolar-se-ão em bandeiras de Portugal e cachês chorudos, mas já não serei capaz de encontrar ninguém que confesse gostar deles.
Uma verdade inconveniente
Só um bicho bom e nobre como o cão para aturar os friques.
(Ou as fricas - duas delas agacharam-se a mijar à beira do nosso carro, na noite de Sexta para Sábado. Eu vi.)
(Ou as fricas - duas delas agacharam-se a mijar à beira do nosso carro, na noite de Sexta para Sábado. Eu vi.)
sexta-feira, 27 de julho de 2007
Elvis Perkins
O meu moço diz que não entende o que é que eu - e o mundo - vemos no Elvis Perkins. Eu vejo algumas boas canções e um par de letras deliciosas. A minha favorita é esta:
«While you were sleeping
Your babies grew
The stars shined
And the shadows moved
Time flew
The phone rang
There was a silence
When the kitchen sang
Songs competed
Like kids from space
We stared for hours
At our makers’ face
They gave us picks
Said “go mine the sun
Go gold
And come back when you’re done”
Uh oh
Uh oh
While you were sleeping
You tossed, you turned
You rolled your eyes
As the world burned
The heavens fell
The earth quaked
I thought you must be
But you weren’t awake
No, you were dreaming
You ignored the sun
You grew a power garden
For your little ones
And you found brides for them
On Christmas Eve
You hung young Cain
From the Adam tree
And danced
Uh oh
While you were sleeping
I tossed and I turned too
I closed my eyes
But the future burned through
The planet turned
A hair grey
As I relived
The day
While you were sleeping
The money died
Machines were harmless
And the earth sighed
The wind
You swept sound
Gravity brought
My love around
The ocean’s roe
Sang of decay,
The witches flew
And the mermaids stayed
Full of dreams
You overslept
In keeping with the quiet
Through the walls I krept
I walked on tip-toes,
Sent darkness swirling
Over all the kitchen
In the early morning
Uh oh
Uh oh
I’ll never catch up to you
Who sleep so sound
My yawns are useless,
My heart beats too loud
To go to sleep
My mind’s too proud
To bow out
While you were sleeping
The time changed
All your things
Were re-arranged
Your vampire mirrors
Face to face
Saw forever out in to space
And found you dreaming
In black and white
While it rained in all
The colors of the night
Uh oh
Uh oh
I watched the TV’s memories
Champion ships
Vanish to sea
Can it be
My honey between
You and me?
So I waited for
The riddled sky
To be solved again
By the sunrise
I made a death-Soup for life
For my father’s Ill widowed wife.
Did you have that strangest dream
Before you woke?
‘Cause in your gown you had
the butterfly stroke.
Did it escape you
Like some half-told joke
When you reached for
Your plume of smoke?
And it’ll haunt you
My honey bee
Anyone who’s anyone
Has that same dream.
Were you falling
Were you flying
Were you calling out
Or were you dying?
But thank god you’re up now
Let’s stay this way
Else there’ll be no mornings
And no more days
‘Cause when we’re dreaming
The babies grow
The stars shine
And the shadows flow
Time flies
The phone rings
There is a silence
When everbody tries to sing.»
Gostem ou não da musiquinha, será menos secante ouvi-la aqui, o vivo no Letterman, do que ler a letra toda.
Your babies grew
The stars shined
And the shadows moved
Time flew
The phone rang
There was a silence
When the kitchen sang
Songs competed
Like kids from space
We stared for hours
At our makers’ face
They gave us picks
Said “go mine the sun
Go gold
And come back when you’re done”
Uh oh
Uh oh
While you were sleeping
You tossed, you turned
You rolled your eyes
As the world burned
The heavens fell
The earth quaked
I thought you must be
But you weren’t awake
No, you were dreaming
You ignored the sun
You grew a power garden
For your little ones
And you found brides for them
On Christmas Eve
You hung young Cain
From the Adam tree
And danced
Uh oh
While you were sleeping
I tossed and I turned too
I closed my eyes
But the future burned through
The planet turned
A hair grey
As I relived
The day
While you were sleeping
The money died
Machines were harmless
And the earth sighed
The wind
You swept sound
Gravity brought
My love around
The ocean’s roe
Sang of decay,
The witches flew
And the mermaids stayed
Full of dreams
You overslept
In keeping with the quiet
Through the walls I krept
I walked on tip-toes,
Sent darkness swirling
Over all the kitchen
In the early morning
Uh oh
Uh oh
I’ll never catch up to you
Who sleep so sound
My yawns are useless,
My heart beats too loud
To go to sleep
My mind’s too proud
To bow out
While you were sleeping
The time changed
All your things
Were re-arranged
Your vampire mirrors
Face to face
Saw forever out in to space
And found you dreaming
In black and white
While it rained in all
The colors of the night
Uh oh
Uh oh
I watched the TV’s memories
Champion ships
Vanish to sea
Can it be
My honey between
You and me?
So I waited for
The riddled sky
To be solved again
By the sunrise
I made a death-Soup for life
For my father’s Ill widowed wife.
Did you have that strangest dream
Before you woke?
‘Cause in your gown you had
the butterfly stroke.
Did it escape you
Like some half-told joke
When you reached for
Your plume of smoke?
And it’ll haunt you
My honey bee
Anyone who’s anyone
Has that same dream.
Were you falling
Were you flying
Were you calling out
Or were you dying?
But thank god you’re up now
Let’s stay this way
Else there’ll be no mornings
And no more days
‘Cause when we’re dreaming
The babies grow
The stars shine
And the shadows flow
Time flies
The phone rings
There is a silence
When everbody tries to sing.»
Gostem ou não da musiquinha, será menos secante ouvi-la aqui, o vivo no Letterman, do que ler a letra toda.
O melhor cão do mundo
Há quem diga que nem é bem um cão - raposinha, lobito, morcego são alguns dos nomes que já lhe chamaram, em 12 anos de vida. Também há quem julgue que é uma cadela (sobretudo quando se passeia ao lado do robusto - e homossexual - Caramelo). Mas ao meu Kitinho endereço, nesta data feliiiz (que foi ontem), um apertado abracinho de parabéns. Feliz aniversário para o cão que me reconhece ao telefone.
(as fotos têm fraca qualidade, eu sei, mas o bicho nos últimos anos desenvolveu um inultrapassável medo às câmaras, julgo que graças à potência do flash da minha digital. De cima para baixo: circunspecto, com o parceiro Caramelo, disfrutável no sofá)
(as fotos têm fraca qualidade, eu sei, mas o bicho nos últimos anos desenvolveu um inultrapassável medo às câmaras, julgo que graças à potência do flash da minha digital. De cima para baixo: circunspecto, com o parceiro Caramelo, disfrutável no sofá)
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Consultora de moda
Há coisa de uma semana, aguardava a minha vez de pagar na fila do C&A quando a senhora à minha frente me aborda com ar ligeiramente ansioso. Até julguei que me tivesse confundido com alguma funcionária da loja, mas não. Mostra-me uma blusa de risquinhas rosa que ia adquirir e pergunta-me:
«Acha que isto fica bem com umas calças pretas ou castanhas?»
Acabo por dizer-lhe que sim, se fosse um castanho escuro. Certifiquei-me que não se tratava de uma partida para os apanhados.
«Sim, é escuro, como esse castanho», garante a senhora, apontando para a alça da minha mala.
«Então sim, acho que fica», sorrio.
Passados alguns minutos (a fila estava demorada), volta a dirigir-se a mim, como quem desabafa algo que lhe vai na alma.
«É que no próximo Sábado eu vou receber, das mãos do senhor ministro José Sócrates, um diploma. Acha mesmo que isto fica bem?»
Acho que não. Devia ser algo mais festivo ou então formal. Mas ela não tem nem vontade de ouvir isso, nem disposição para ir à procura de outra coisa, adivinho.
«Siiim... Quer dizer, para quem é bacalhau basta», tento eu, referindo-me ao Sócrates. «Mas se puser uma écharpe ou um lenço...».
«Pois, e se for de gola? É que vão estar lá as televisões... », volta ela.
«Erm, acho que não... É Verão»
«Então vou bem assim? Mesmo sem écharpe?»
«Sim, acho que sim». Sorrio para confortá-la.
Antes de pagar voltou a agradecer-me efusivamente.
«Acha que isto fica bem com umas calças pretas ou castanhas?»
Acabo por dizer-lhe que sim, se fosse um castanho escuro. Certifiquei-me que não se tratava de uma partida para os apanhados.
«Sim, é escuro, como esse castanho», garante a senhora, apontando para a alça da minha mala.
«Então sim, acho que fica», sorrio.
Passados alguns minutos (a fila estava demorada), volta a dirigir-se a mim, como quem desabafa algo que lhe vai na alma.
«É que no próximo Sábado eu vou receber, das mãos do senhor ministro José Sócrates, um diploma. Acha mesmo que isto fica bem?»
Acho que não. Devia ser algo mais festivo ou então formal. Mas ela não tem nem vontade de ouvir isso, nem disposição para ir à procura de outra coisa, adivinho.
«Siiim... Quer dizer, para quem é bacalhau basta», tento eu, referindo-me ao Sócrates. «Mas se puser uma écharpe ou um lenço...».
«Pois, e se for de gola? É que vão estar lá as televisões... », volta ela.
«Erm, acho que não... É Verão»
«Então vou bem assim? Mesmo sem écharpe?»
«Sim, acho que sim». Sorrio para confortá-la.
Antes de pagar voltou a agradecer-me efusivamente.
Ironias
Ultimamente ando com fraca sorte, mas isto é demais: então escrevo aquele post tão arrebatado e minutos depois leio que os National tocam no Sudoeste das 2h às 3h da manhã de Domingo?...
POR FAVOR.
POR FAVOR.
Menos de duas semanas
Se este blogue contemplasse uma espécie de boletim meteorológico da minha panca pelos National, hoje era o dia em que a maré estava alta, o perigo de incêndio elevadíssimo, o alerta laranja activado.
Ontem à noite vi, cortesia do YouTube, a actuação da banda no programa do David Letterman, gravado este semana. Levaram a «Fake Empire», o que por si só me faz querer beijar-lhes os pés [hum, isto é uma hipérbole].
Se isto não é belo, então não sei. Daqui a 20 anos estes homens estarão num casino do Algarve a tocar só estas músicas mais lentas, e eu, caquética e de bengala em riste, a gritar pela «Mr. November». E o Berninger, que tem cara de quem sofre das costas, a responder com o seu melhor sorriso de Bill Murray.
Ainda me falta falar da versão para o «Pretty In Pink», gravada de exemplar forma para uma rádio on line. Ou do sangue que me corre mais quente e mais espesso e me faz insultar, em fóruns da net, gente que se mete entre mim e a minha panca.
Faltam menos de duas semanas para voltar a vê-los.
Ontem à noite vi, cortesia do YouTube, a actuação da banda no programa do David Letterman, gravado este semana. Levaram a «Fake Empire», o que por si só me faz querer beijar-lhes os pés [hum, isto é uma hipérbole].
Se isto não é belo, então não sei. Daqui a 20 anos estes homens estarão num casino do Algarve a tocar só estas músicas mais lentas, e eu, caquética e de bengala em riste, a gritar pela «Mr. November». E o Berninger, que tem cara de quem sofre das costas, a responder com o seu melhor sorriso de Bill Murray.
Ainda me falta falar da versão para o «Pretty In Pink», gravada de exemplar forma para uma rádio on line. Ou do sangue que me corre mais quente e mais espesso e me faz insultar, em fóruns da net, gente que se mete entre mim e a minha panca.
Faltam menos de duas semanas para voltar a vê-los.
terça-feira, 24 de julho de 2007
Comentários prementes
Na terceira noite do FMM, em Porto Covo, um senhor de generosíssimo diâmetro dirige-se aos amigos, que se sentam a meu lado. Cumprimentos trocados, vamos ao que interessa: «Então, ontem vieram?». Não, ontem não. «Eh pá, é pena!», exclama o senhor barrigudo, com uma resma de bilhetes na mão (tinha ido buscá-los para o primo, justifica-se). «Ontem não vieram... É pena. Gostei da indiana! Gostei muito da indiana.»
(na foto, a arménia Gayane Arutyunyan, do grupo russo Deti Picasso)
(na foto, a arménia Gayane Arutyunyan, do grupo russo Deti Picasso)
Boa Noite e um Queijo
Se hoje acordaram mais bem dispostos do que é costume e não sabem porquê, eu explico. Primeiro, não têm certamente de pagar 401 euros ao fisco (ver post abaixo). Depois, e apesar da ausência da Ana Martins, o Boa Noite e um Queijo desta semana vai mesmo acontecer, pela mão do grande e inimitável JG. Para os que não puderem ouvir hoje, amanhã contamos apresentar-vos o nosso podcast (mas provavelmente um pouco mais tarde do que habitualmente; temos de aguardar que a Ana regresse de Chicago. NC, pedimos desculpa pelo transtorno - tentaremos que valha a pena!)
Segunda-feira de nervos
Não sei o que me enervou mais, ontem à noite: se o final da terceira temporada do House, com a equipa toda a demitir-se ou a ser demitida, se perceber que, afinal, não tenho a receber 401 euros do IRS - tenho a pagá-los.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Porão
Título de um artigo, na revista que uma senhora lia ontem, na paragem do autocarro:
«José Castelo Branco e mulher viajam de avião em classe económica - "Tratam-nos mal!"»
Certamente o porão, onde viajam as malas e os bichinhos, estaria cheio?...
«José Castelo Branco e mulher viajam de avião em classe económica - "Tratam-nos mal!"»
Certamente o porão, onde viajam as malas e os bichinhos, estaria cheio?...
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Homens
Cheira-me que os homens portugueses estão a mudar, e não necessariamente para melhor.
Ontem, numa rua de Benfica Velha, região pouco conhecida pela sua inovação social, dois senhores de ar bem conservador passam por mim. Um deles diz:
«Com um fatinho preto, nunca me comprometo.»
Um pouco mais tarde, na Avenida da Liberdade, dois robustos amigos que, à semelhante dos senhores de Benfica, não pareciam vindos do Chiado ou do Príncipe Real, conversam animadamente.
«Era um vestidinho assim, de ganga...», explica um ao outro, passando a mão pelo tórax, como quem tenta ilustrar o corte do dito «vestidinho».
Ontem, numa rua de Benfica Velha, região pouco conhecida pela sua inovação social, dois senhores de ar bem conservador passam por mim. Um deles diz:
«Com um fatinho preto, nunca me comprometo.»
Um pouco mais tarde, na Avenida da Liberdade, dois robustos amigos que, à semelhante dos senhores de Benfica, não pareciam vindos do Chiado ou do Príncipe Real, conversam animadamente.
«Era um vestidinho assim, de ganga...», explica um ao outro, passando a mão pelo tórax, como quem tenta ilustrar o corte do dito «vestidinho».
terça-feira, 17 de julho de 2007
Hoje à noite
Hoje às 22h ou no vosso PC / mp3 quando vos apetecer: o melhor programa de rádio do mundo, dentre todos os programas de rádio do mundo que se chamam Boa Noite e um Queijo e passam à Terça-feira na Rádio Zero:
FAÇAM-NOS COMPANHIA QUE NÓS FICAMOS CONTENTES
FAÇAM-NOS COMPANHIA QUE NÓS FICAMOS CONTENTES
House
Como suportar os seis dias por semana em que a Fox não transmite episódios novos do House (sim, eu também vejo os repetidos mas não é a mesma coisa)?
Uma solução, bem boa por sinal:
Um belo thriller escrito pelo actor, mas que acho impossível de ler sem pensar no narrador e protagonista enquanto Doutor House. O que é óptimo, claro.
Uma solução, bem boa por sinal:
Um belo thriller escrito pelo actor, mas que acho impossível de ler sem pensar no narrador e protagonista enquanto Doutor House. O que é óptimo, claro.
Tempo farrusco
Pode ser atípico e sobretudo inconveniente para quem tirou férias por esta altura, mas ver o rio envolto numa névoa branca e relativamente espessa, num final de tarde de Julho, não deixa de surtir significativo efeito estético.
Do comboio para o autocarro, pouco cheio àquela hora em que muitos já jantam. «Green Gloves» / «Brainy» / «Cherry Tree» / «All The Wine» compõem uma bela sequência para acompanhar os humores da dona (do leitor de mp3) até casa: embalada pelo verde de Monsanto, admirada pelo nevoeiro de Verão, cansadita e quase a tombar, entusiasmada por fim com o facto de já ver a casa ao fundo da rua.
Só mesmo para ouvir «I'm in a state / nothing can touch us my love» é que atrasaria a subida dos três lances de escadas (e atrasei mesmo).
Do comboio para o autocarro, pouco cheio àquela hora em que muitos já jantam. «Green Gloves» / «Brainy» / «Cherry Tree» / «All The Wine» compõem uma bela sequência para acompanhar os humores da dona (do leitor de mp3) até casa: embalada pelo verde de Monsanto, admirada pelo nevoeiro de Verão, cansadita e quase a tombar, entusiasmada por fim com o facto de já ver a casa ao fundo da rua.
Só mesmo para ouvir «I'm in a state / nothing can touch us my love» é que atrasaria a subida dos três lances de escadas (e atrasei mesmo).
segunda-feira, 9 de julho de 2007
O meu best of
Já aqui tenho confessado a minha inépcia para perceber devidamente as letras das músicas, mesmo daquelas que ouço milhares de vezes. Desconfio que, se ninguém me dissesse nada, podia passar a vida inteira alegremente enganada. Deixo aqui um best of das minhas melhores invenções.
Maxïmo Park
A última música do novo disco, «Parisian Skies», acaba com o Paul Smith a clamar por uma Rebecca qualquer que se lhe escapou por entre os dedos. «Oh Rebecca, your loss was mine too!», lamenta ele. «Oh Rebecca, your dress was mine too!», percebia eu até ver o booklet. Cheguei a usar esta (inexistente) letra como argumento para «vender» a banda junto de amiga adepta do «cross dressing» (vá lá que não resultou...).
Faith No More
Uma das primeiras músicas que conheci daquela que se viria a tornar uma das minhas bandas favoritas de sempre foi o «Evidence«. Achava fascinante que o Mike Patton cantasse, com aquele estilo todo, «It´s just a fetal thing». Toda a gente sabe que é, obviamente, «It didn't feel a thing». Eu perceberia isso anos mais tarde.
The National
Como se já não me bastasse não saber quem é/era/foi o Val Jester, na música do mesmo nome, que venero acima de quase tudo, andei imenso tempo a pensar que aquele coro fantasmagórico sussurrava «all the people lying pretty in the orphanage». A verdade: «All the most important people in New York are nineteen».
Pronto, agora gozem comigo durante dias a fio.
Maxïmo Park
A última música do novo disco, «Parisian Skies», acaba com o Paul Smith a clamar por uma Rebecca qualquer que se lhe escapou por entre os dedos. «Oh Rebecca, your loss was mine too!», lamenta ele. «Oh Rebecca, your dress was mine too!», percebia eu até ver o booklet. Cheguei a usar esta (inexistente) letra como argumento para «vender» a banda junto de amiga adepta do «cross dressing» (vá lá que não resultou...).
Faith No More
Uma das primeiras músicas que conheci daquela que se viria a tornar uma das minhas bandas favoritas de sempre foi o «Evidence«. Achava fascinante que o Mike Patton cantasse, com aquele estilo todo, «It´s just a fetal thing». Toda a gente sabe que é, obviamente, «It didn't feel a thing». Eu perceberia isso anos mais tarde.
The National
Como se já não me bastasse não saber quem é/era/foi o Val Jester, na música do mesmo nome, que venero acima de quase tudo, andei imenso tempo a pensar que aquele coro fantasmagórico sussurrava «all the people lying pretty in the orphanage». A verdade: «All the most important people in New York are nineteen».
Pronto, agora gozem comigo durante dias a fio.
Big Apple
Posts como este e todos os que se lhe seguiram deixam-me com uma inexplicável, mas muito sincera saudade de um planeta onde só estive, mais coisa menos coisa, 72 horas.
Rehab, parte dois
Depois da indiezada toda da semana passada, só me apetece ouvir música sem ironia. Ultra-romântica e arrebatada, com os arranjos todos no sítio e vozes de cana de açúcar.
Percebi isto ontem, quando na colectânea "71-87" do Sérgio Godinho encontrei uma cantiga chamada «O Que Há-de Ser de Nós», com Ivan Lins. Mas nem foi preciso chegar a voz do senhor para pressentir a brasileirice da coisa. No caso vertente, não podia ser mais bem-vinda. Quero gente a cantar bem e a sério, se faz favor.
Percebi isto ontem, quando na colectânea "71-87" do Sérgio Godinho encontrei uma cantiga chamada «O Que Há-de Ser de Nós», com Ivan Lins. Mas nem foi preciso chegar a voz do senhor para pressentir a brasileirice da coisa. No caso vertente, não podia ser mais bem-vinda. Quero gente a cantar bem e a sério, se faz favor.
domingo, 8 de julho de 2007
Super Coiso
Ainda que ninguém mo tenha perguntado, a razão deste blogue ter estado abandonado, nos últimos dias, prende-se com o facto de ter passado a última semana no Super Bock Super Rock, em missão laboral.
Confesso que o cartaz me atraía sobremaneira, a nível pessoal, mas a verdade é que passar três ou quatro dias (e noites...) a viver exclusivamente para um evento lhe tira quase toda a graça (hedonista, egoísta) que ele possa ter.
Posto isto, vamos ao que interessa - livre das amarras profissionais, fica o verdadeiro rescaldo. Pequenas, intensas, ressabiadas, apaixonadas, irracionais, disparatadas e livres, muito livres, considerações sobre o que vi no Parque Tejo.
The Gift - ou como é possível colocar sempre um «ôôôhhh» ou um «uáááái» a mais em cada ponte e em cada refrão. Não sou daquelas pessoas que os acham completamente destituídos de talento (há ali trabalho, alguns bons temas e ideias), mas a abordagem constantemente «over the top» torna-se, mais do que cansativa, enjoativa. Era tirar-lhes os samples de cordas e já se estava melhor.
Klaxons - que pobreza. Até cantarolo alegremente os singles, mas em palco estes três moços estão tão à-vontade como eu numa convenção de Física Quântica. Concerto muito perro e enganadiço; salvaram-se as miúdas aos berros de cada vez que o Lovefoxxxo abria a boca.
Magic Numbers - tinha a impressão que ia ser uma bela seca mas foi, afinal, uma bela surpresa. Canções com açúcar amarelo e uma enorme dose de simpatia / profissionalismo / experiência deram o resultado certo: um público convencido e participativo.
Bloc Party - percebi, por fim, a razão pela qual sonho tantas vezes com o Kele Okereke. É muuuuiiiito querido... E sonhar com as canções estaria um pouco fora de questão, pois apesar de giritas... bem, são todas iguais.
Arcade Fire - embirro um bocadinho com o novo disco e com toda aquela atitude melodramática (sininhos, coros, órgãos de igreja - tipo os Gift em bom). Mas ouvi muita gente a dizer que tinha sido o concerto das suas vidas e não me choca nada: foi realmente muito bonito.
Mundo Cão - há necessidade de cantar assim? Como um Manel Cruz nos primeiros tempos, com sotaque alfacinha em vez de tripeiro? E com letras que só fazem mesmo sentido se vociferadas pelo Canibal, que as escreve? Depois de ler a peça do Correio da Manhã, concluo: não sei como há mulheres que gostam disto.
Linda Martini: muito bem, muito seguros. Um nadinha secantes. O costume, portanto.
Clap Your Hands Say Yeah: era cortar-lhes as mãozinhas. Indie pop pobrezinho, pobrezinho, servido pela voz do ceguinho que pede no metro. Pandeiretas e teclados tlim-tlim-tlim. A voz... a voz. Porque é que há gente que faz de propósito para ser irritante? Já não nos bastam aqueles que o são naturalmente?
Maxïmo Park - gosto muito do novo disco. Saí do concerto a gostar mais do Paul Smith do que das músicas. Deu-me vontade de gritar-lhes: «Calma! Toquem mais devagar!». Espero voltar a vê-los com menos pressa (os saltos podem ficar).
LCD Soundsystem - um ursinho de peluche vestido de pijama. Como é fofinho o James Murphy. E nisto já o pessoal está todo a dançar, mais do que nos Underworld. Uma pequena maravilha.
Anselmo Ralph - outra maravilha. R&B angolano igualzinho ao americano, mas em pobre e cómico. Pancadaria encenada em palco. Ninguém conta isso melhor que o Cristiano Pereira.
Micro Audio Waves - moça muito séchi, música pop electrónica e animada. Podiam ter ido além dos 20 minutos que não me importaria.
X-Wife - não era concerto para as seis da tarde. Não é voz para as seis da tarde.
Gossip - faço minhas as palavras de uma colega, em conversa com outrém: «Experimenta ser uma mulher gorda, de vestido curto, em cima de um palco». A Beth Gossip experimentou e não quer outra coisa. Ainda bem.
TV On The Radio - adoro-os e não pude vê-los. Ao longe pareceu-me que não estava a ser bombástico...
Scissor Sisters - mais ou menos a mesma coisa que no Coliseu, ou seja, bastante bom.
Interpol - muito estilo e muita segurança. Onde os Bloc Party têm 2 ou 3 canções, estes têm 4 ou 5 (que se repetem ao longo dos respectivos discos). Mas ao menos são boas, essas 4 ou 5 músicas dos Interpol.
Underworld - algures na minha vida, confundi alguma coisa que realmente se tenha passado comigo com a banda-sonora do Trainspotting. Teria de me submeter a hipnose para entender como é que um percurso limpinho e sem espinhas como o meu encontrou tanta identificação numa música como «Born Slippy», mas não posso negar o fenómeno. Ouvi-la foi emocionante, o resto também não me soube mal.
Para o ano, se estiver viva e ainda não me tiver dedicado à jardinagem, lá estarei outra vez.
Confesso que o cartaz me atraía sobremaneira, a nível pessoal, mas a verdade é que passar três ou quatro dias (e noites...) a viver exclusivamente para um evento lhe tira quase toda a graça (hedonista, egoísta) que ele possa ter.
Posto isto, vamos ao que interessa - livre das amarras profissionais, fica o verdadeiro rescaldo. Pequenas, intensas, ressabiadas, apaixonadas, irracionais, disparatadas e livres, muito livres, considerações sobre o que vi no Parque Tejo.
The Gift - ou como é possível colocar sempre um «ôôôhhh» ou um «uáááái» a mais em cada ponte e em cada refrão. Não sou daquelas pessoas que os acham completamente destituídos de talento (há ali trabalho, alguns bons temas e ideias), mas a abordagem constantemente «over the top» torna-se, mais do que cansativa, enjoativa. Era tirar-lhes os samples de cordas e já se estava melhor.
Klaxons - que pobreza. Até cantarolo alegremente os singles, mas em palco estes três moços estão tão à-vontade como eu numa convenção de Física Quântica. Concerto muito perro e enganadiço; salvaram-se as miúdas aos berros de cada vez que o Lovefoxxxo abria a boca.
Magic Numbers - tinha a impressão que ia ser uma bela seca mas foi, afinal, uma bela surpresa. Canções com açúcar amarelo e uma enorme dose de simpatia / profissionalismo / experiência deram o resultado certo: um público convencido e participativo.
Bloc Party - percebi, por fim, a razão pela qual sonho tantas vezes com o Kele Okereke. É muuuuiiiito querido... E sonhar com as canções estaria um pouco fora de questão, pois apesar de giritas... bem, são todas iguais.
Arcade Fire - embirro um bocadinho com o novo disco e com toda aquela atitude melodramática (sininhos, coros, órgãos de igreja - tipo os Gift em bom). Mas ouvi muita gente a dizer que tinha sido o concerto das suas vidas e não me choca nada: foi realmente muito bonito.
Mundo Cão - há necessidade de cantar assim? Como um Manel Cruz nos primeiros tempos, com sotaque alfacinha em vez de tripeiro? E com letras que só fazem mesmo sentido se vociferadas pelo Canibal, que as escreve? Depois de ler a peça do Correio da Manhã, concluo: não sei como há mulheres que gostam disto.
Linda Martini: muito bem, muito seguros. Um nadinha secantes. O costume, portanto.
Clap Your Hands Say Yeah: era cortar-lhes as mãozinhas. Indie pop pobrezinho, pobrezinho, servido pela voz do ceguinho que pede no metro. Pandeiretas e teclados tlim-tlim-tlim. A voz... a voz. Porque é que há gente que faz de propósito para ser irritante? Já não nos bastam aqueles que o são naturalmente?
Maxïmo Park - gosto muito do novo disco. Saí do concerto a gostar mais do Paul Smith do que das músicas. Deu-me vontade de gritar-lhes: «Calma! Toquem mais devagar!». Espero voltar a vê-los com menos pressa (os saltos podem ficar).
LCD Soundsystem - um ursinho de peluche vestido de pijama. Como é fofinho o James Murphy. E nisto já o pessoal está todo a dançar, mais do que nos Underworld. Uma pequena maravilha.
Anselmo Ralph - outra maravilha. R&B angolano igualzinho ao americano, mas em pobre e cómico. Pancadaria encenada em palco. Ninguém conta isso melhor que o Cristiano Pereira.
Micro Audio Waves - moça muito séchi, música pop electrónica e animada. Podiam ter ido além dos 20 minutos que não me importaria.
X-Wife - não era concerto para as seis da tarde. Não é voz para as seis da tarde.
Gossip - faço minhas as palavras de uma colega, em conversa com outrém: «Experimenta ser uma mulher gorda, de vestido curto, em cima de um palco». A Beth Gossip experimentou e não quer outra coisa. Ainda bem.
TV On The Radio - adoro-os e não pude vê-los. Ao longe pareceu-me que não estava a ser bombástico...
Scissor Sisters - mais ou menos a mesma coisa que no Coliseu, ou seja, bastante bom.
Interpol - muito estilo e muita segurança. Onde os Bloc Party têm 2 ou 3 canções, estes têm 4 ou 5 (que se repetem ao longo dos respectivos discos). Mas ao menos são boas, essas 4 ou 5 músicas dos Interpol.
Underworld - algures na minha vida, confundi alguma coisa que realmente se tenha passado comigo com a banda-sonora do Trainspotting. Teria de me submeter a hipnose para entender como é que um percurso limpinho e sem espinhas como o meu encontrou tanta identificação numa música como «Born Slippy», mas não posso negar o fenómeno. Ouvi-la foi emocionante, o resto também não me soube mal.
Para o ano, se estiver viva e ainda não me tiver dedicado à jardinagem, lá estarei outra vez.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Salsa e Soja
Já desconfiava, desde que ignorou um pedacinho cozinhado e «limpo» (sem temperos agressivos) de pescada, que a felina não seria do mais normal que por aí se encontra. Há pouco tempo apanhei-a a roer um raminho de salsa no chão da cozinha - e na passada semana, a derradeira prova. No final da refeição, saltou para cima da mesa, manifestando arreigado interesse nos restos da salada. Acabou por surripiar um rebento de soja (o mais comprido e completo dos que restavam) e comê-lo, deliciada, já fora da taça.
Apresento-vos Shiva, a gata vegetariana.
Apresento-vos Shiva, a gata vegetariana.
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