sexta-feira, 25 de junho de 2004

Very late night TV

Esta batata enferrujada começa por pedir perdão pelo tempo que esteve afastada do seu habitat natural, o sofá. Mas os últimos dias têm sido consumidos pela preocupação (futebolística) e pelo medo (metafísico) de regressar para o sítio de onde todas as batatas vêm: a terra. Não é normal tanto sofrimento, não são normais tantos penalties, mas felizmente também não é normal o antigo guarda-redes do meu clube, a quem aproveito para mandar um aperto de mão e um abraço bem suados e orgulhosos da passagem às meias-finais.

( Fica para depois a teoria de que Ricardo é mais um fenómeno do Montijo, essa terra que nos deu já o Bruxo Francisco Guerreiro e ameaça disputar com o Entroncamento o estatuto de terra mais mítica de Portugal, parafraseando o meu amigo João SD )

Depois dos festejos, ontem à noite, tive dificuldade em seguir logo para a cama, e dei por mim a ver um constrangedor espectáculo televisivo, na SIC. Penso que o nome da coisa era "Fashion Model Awards", mas o formato é que importa realçar.

Dois apresentadores lideravam a desastrosa emissão. A dicotomia homem-forte/mulher-bela era desde logo ameaçada por dois pormenores: Joaquim Monchique no papel masculino e uma rapariga engraçada, cuja identidade não consegui descortinar, como sua partenaire. Nos olhos da dita senhora, uma maquilhagem tipo limpa-chaminés lançava fortes dúvidas sobre se a moça estaria, de facto, viva.

De fundo, aquela característica música de discoteca xunga, que em Portugal é possível ouvir (e impossível ignorar) em lojas como a Zara ou a Bershka. Puxa fecho, «I want your loooove - tchum, tchum, tchum», tenho de pôr a bainha para cima, «ooooh, I want it so much».

Na plateia, empoleiravam-se várias pessoas do mundo da moda (assim se explica que não conhecesse nenhuma). De vez em quando, os mais votados lá saltavam ou eram empurrados dos degraus mal amanhados da pequena sala, para receberem prémios despachados a uma velocidade estonteante.

«E agora, melhor modelo masculino, best male model...»

Musiquinha xunga non stop de fundo, discurso de agradecimento com três palavras, e passa ao próximo. Palavra de honra que nunca vi galardões entregues com tão pouco empenho e tão evidente pressa.

Neste mundo que notoriamente não é o meu, gostava apenas de lamentar que João "Pipo" Catarré não tenha levado para casa o troféu relativo a Melhor Manequim Masculino. No sentido de objecto inerte, estático, que o dicionário da Língua Portuguesa lhe atribui

"s. m.,
boneco, representando homem ou mulher"

penso que era mais que justo.

Bom fim-de-semana!...

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