A batatinha tem um vizinho da frente que sabe mais sobre os seus hábitos (nomeadamente, horários quotidianos e companhias com quem os pratica) do que muitos dos que lhe são próximos.
O senhor, que tem idade e diâmetro consideráveis, pendura-se da janela todo o santo dia (e noite), sabendo assim que tão depressa saio para trabalhar às seis e tal, como regresso já a lua vai alta (e as baratas se escondem por trás da porta do prédio - pormenor gore, mas verdadeiro).
Regra geral, o vizinho faz-se acompanhar de uma fileira de roupa a secar, num estendal que lhe dá mais ou menos pela cabeça. Roupa interior e camisolas da mesma espécie são o seu forte, o que se explica se lembrarmos que o nosso herói é pouco dado a arrepios de frio e costuma brindar a nossa travessa com o seu tronco nu (se usa calções ou coisa pior, não sei nem quero arriscar. Valha-nos a varanda a tapar as vergonhas).
A verdade é que, à falta de vizinhos mais simpáticos, muitas vezes dou por mim a chegar a casa e olhar para a sua varanda. Tornou-se uma espécie de acto reflexo, companhia constante, e o facto de sempre que chego ao meu quarto (frente à sua janela) baixar a persiana nenhuma hostilidade revela face à sua pessoa.
Foi assim com espanto que, há coisa de duas semanas, dei pela falta do nosso amigo. Nem ele, nem a sua carismática roupa alva, deram a cara durante alguns dias. Preocupante, no mínimo.
Já ouvi falar em pessoas que se deixam consumir pelo futebol, mas isto é demais!
Há 13 anos
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