quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Sal-si-chas



Sem menosprezo para todos os outros momentos que me têm feito companhia sempre que estou em casa, sem vontade de fazer nenhum, o primeiro post temático deste cantinho solitário tinha de ser dedicado ao melhor anúncio a passar, actualmente, na tê bê portuguesa.

Falo de um reclame (gosto do arcaísmo) da Teleshop, mas daquela Teleshop nacional, sem referência a 22 estados norte-americanos nem gente parecida com o Chuck Norris e a Pamela Anderson. Aquela Teleshop caseira, maneirinha, sobretudo direccionada a quem passa a vida na cozinha, e que muito da parte da tarde.

Como todos os anúncios da Teleshop, também este descreve o martírio que são os dias de qualquer espectador que não tenha ainda aderido às fabulosas pechinchas do serviço. Que passamos a vida a lavar louça, a misturar sabores, a fazer da cozinha um aterro sanitário, diz uma voz feminina, de dicção normalíssima e timbre agradável.

Mas eis que chega ela: não, não se trata da Filipa Vacondeus, mas sim da frigideira tripartida, uma espécie de prato de aperitivos que pode (?) ir ao lume, dando guarida simultânea a três tipos distintos de paparoca, sem que os odores e sabores desta se misturem.

Até aqui, muito bem: o anúncio prossegue em passo de corrida, com as imagens sedutoras de uma cozinha ilídica, resplandescente, na qual as refeições têm tão bom aspecto que nem o chavalo mais insurrecto torceria o nariz. Até que chega, pela primeira vez, a palavra que a senhora da locução não sabe dizer: «Com esta frigideira, pode fritar ovos, jal-chi-chas...», promete ela.

Ora, todos temos os nossos problemas de dicção, mas o desta arauta é especialmente hilariante, quanto mais não seja porque se repete mais lá para a frente, aquando da promessa de oferta de um utensílio para cortar mil e uma coisas. Sim, jal-chi-chas incluídas, apesar de, à segunda, a senhora fazer uma micro-pausa antes de tentar pronunciar a palavra proibida. Não resulta. E ainda bem. É um momento único na nossa televisão, tão falha de humor. Dá muito na TVI, antes do fabuloso "Quem Quer Ganha", da Iva Domingues. Também gosto dela, sobretudo quando liga para o estúdio algum concorrente de Braga, cidade da qual a moça é natural. Mas essa paixão fica para outras núp-ji-as.

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