Ao fim-de-semana o Sofá Verde muda de paragens. De trouxinha às costas, muda também de formato, e até de cor. Como pode o velhote mal jeitoso querer perder a tonalidade que em nada fica a dever à que se pode observar na imagem do BI deste blog? Pois é, há coisas que não se explicam, mas a verdade é que acontecem. E consigo trazem uma metamorfose ainda mais imperdível: ao Sábado e ao Domingo, a habitante do Sofá Verde vê mais do que quatro canais. Pronto, nem sempre. Mas pelo menos pode ver dezenas deles, o que representa significativa alteração face ao panorama lusófono da restante semana.
Este fim-de-semana, vi que capturaram o Pai Natal. Vinha coberto de fuligem e parece que lhe doíam os dentes. Pelo menos, muitas televisões -- até as estrangeiras! -- mostraram um doutor, de luvas, a espetar uma espátula nas goelas do pobre São Nicolau (em estrangeiro diz-se Sadd não sei quê). A tudo o senhor que nos traz prendas dizia que sim, com uma paciência de jó e umas olheiras piores que as minhas -- percebe-se, esta altura do ano não é fácil para ninguém, quanto mais para ele.
Lá em casa sempre me pregaram a tanga, desde pequenina, de que o Pai Natal não existe. As prendas, diziam os meus pais, eram eles que as compravam, guardando-as fora do alcance das minhas então, e agora, sapudas mãos. Gostava de ter visto a cara deles quando apanharam o pobre senhor, ontem à tarde. Ainda hei-de encontrar, numa qualquer gaveta cheia de caruncho, as listas de prendas e os recibos trocados entre o Pai Natal e os meus pais, há uns valentes anos. Bem, seja como for, acabo de ler que os EUA podem vir a condenar o Pai Natal à pena de morte. Não se compreende: tudo bem que é difícil ultrapassarmos o desmoronar das nossas ilusões, mas a cadeira eléctrica?... Com ou sem luzinhas a piscar?
Outro dos momentos altos do meu fim-de-semana televisivo passou pela primeira visita ao fascinante mundo da SMS TV. Quando uma amiga me contou que lhe tinham trocado os canais da TV Cabo e oferecido esta nova opção, pensei que se tratasse de um canal para sado-masoquistas. Mas não, é uma estação inteiramente concebida para as mensagens escritas que se transformaram nos bilhetinhos, amorosos e/ou indecorosos, dos nossos dias. Há gente que gasta 120$ (soa mais ordinário do que 60 cêntimos) para perguntar quem quer teclar consigo. É verdade. Mas também há programas, com cabeça, corpo e membros. Bem, para dizer a verdade, mais corpo que cabeça ou membros. Chama-se "strip", tem um símbolo que faria corar de vergonha os consultórios de mamografia, e apresenta três concorrentes, em pleno acto de despojamento de bens materiais. A menina que reunir mais votos pode ser vista, um pouquinho mais tarde, a tirar toda a roupa. E engane-se quem pensava que um strip acaba quando não há mais nada para ver: pelo menos na SMS TV, a vencedora ainda se fartou de roçar em todos os recantos do cenário, fazendo uma espécie de flexões de braços que revelaram ao mundo a sua flacidez evidente. Mas pronto, aí já a concorrente brasileira (a outra era, também, de terras de Vera Cruz, e a terceira de um país do Leste) liderava a votação com uma vantagem incontornável. A apresentar está uma menina de corpete rubro e olhos com cio. Dizem-me que foi o Tomás Taveira, e o seu Olho Mágico (é o nome da produtora), a escolhê-las. Um caso de coerência, portanto.
Fica ainda o nome por extenso, sugerido pelo batato desta batatinha, para a sigla sms: "Só Mulheres Strippers".
Há 13 anos
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