domingo, 21 de dezembro de 2003

Ó Pipo!

As vistas do Sofá Verde nem sempre são bonitas. De há uma semana para cá, porém, e se me virar para o lado certo, tenho à minha frente um belo espectáculo: pela primeira vez desde que vivo (relativamente) sozinha, ou seja, desde os idos de 96, tenho uma árvore de Natal. Comprei-a na "Loja Económica" da rua acima da minha, depois de me terem oferecido dois sacos gigantes e prenhos de decorações, novinhas em folha. Gosto de ficar a olhar para as agulhas desalinhadas e para os fios das luzes, em silêncio. Como diria o outro, na canção dos Blur, «it gives me a sense of enormous well being».

Mas felizmente, e para equilibrar as coisas, do outro extremo do sofá continuam a ver-se, com agrado, as mesmas inanidades de sempre. Se há programa que encarna na perfeição o espírito deste cantinho, é a mais bem sucedida novela da TVI, "Morangos com Açúcar". Ter um blog sobre TV e não falar sobre esta magnífica produção seria como ir a Roma e não ver o Papa (se bem que, de momento, com as ameaças à segurança do Santo Padre, a proeza não deve ser assim tão simplória. Mas adiante).

Em "Morangos com Açúcar", série que esteve para se chamar "Baía do Sol" (se tem algum jeito! "Morangos com Açúcar", mesmo que não perceba a razão do título, é que é!), a acção gira em redor de um grupo de jovens com muito em comum. Frequentam todos a mesma escola (o Colégio da Barra!), a mesma praia (quer seja Verão, o que acontece em 95% das cenas, ou Inverno enevoado), gostam todos de roupa de marca e parecem todos estupidamente mais novos ou mais velhos do que as suas personagens.

Exemplo: este miúdo passou uma grande vergonha quando o seu amigo desencaminhador (Rodas, o rapaz com as sobrancelhas mais inclinadas da história da televisão) descobriu a sua virgindade. Tentou o chavalo defender-se, lembrando só ter 15 anos. Atente-se à sua carinha pré-púbere:



Pelo contrário, o seu irmão, sobre cujos ombros recai a responsabilidade de criar o clã, sem pais desde o dia em que um professor do colégio os matou num acidente de carro, anda no 12º ano mas tem um corpanzil de quem exerce o nobre ofício da construção civil desde meados da década de 80. Observe-se:



No Colégio da Barra, ninguém se preocupa com notas e exames, e os que o fazem (até agora, contei um) são de imediato rotulados de "marrões e cromos". A miúda a quem calhou o desgraçado na rifa rapidamente o trocou pelo lourinho virgem (ver foto acima), congratulando-se o tal de Rodas por as miúdas preferirem sempre os "freaks". Curiosamente, no Colégio da Barra, não há senão betos. Recentemente, talvez para dar (ou retirar!) um certo colorido à série, apareceu uma nova personagem, cujo nome agora me escapa. Para dizer a verdade, também não interessa nada, porque para ficarmos a par da sua fisionomia, basta lembrarmos o papel desempenhado por Wes Bentley em "American Beauty".

Tal como essa personagem, o outsider em "Morangos com Açúcar" veste de preto e usa um barrete. Preto, também. Cachecol, casaco e sweat shirts são outros dos acessórios que o moço -- sensível e adepto das leituras -- não dispensa, fazendo um curioso contraste com a roupagem dos seus colegas, que parecem reflectir todas as cores do arco-íris. Há-de acabar com a neta do Raul Sonaldo, até ver a melhor actriz dentre os novitos da novela, a quem cabe desempenhar a sempre necessária personagem atinada e afável.

Muito pouco estereotipados, em "Morangos com Açúcar", são também os professores. Há pouco tempo, Rogério Sapinho, inesquecível Lúcifer em "Duarte e Companhia", foi expulso do Colégio da Barra pelos seus indisfarçáveis maus fígados, e pouco simpática tentativa de assassinar o professor Eduardo (por sua vez, assassino dos pais de Pipo e companhia). Austero e intolerável, o professor ameaçou voltar, e pelo que vi esta semana, não perdeu tempo. Há agora uma personagem a quem só vemos as mãos, cobertas por negras luvas de couro, que dá instruções maléficas a um rapaz betíssimo, de fato. Este aprendiz de Sapinho é um dos novos professores do colégio e vai ajudar a desestabilizar o dito, seguindo as instruções do seu mestre. É uma daquelas personagens cuja missão, numa novela, é garantir que tudo corre mal. Há quem pense tratar-se do afilhado de Rogério Sapinho. Não digo que não, mas também pode ser um simples argumentista.

Felizmente, parece estar resolvido o equívoco que levou a professora Constança (directora do Colégio, papel vivido por Rita Salema) a suspender o professor Nuno Sacramento, por alegado caso de assédio sexual, exercido sobre a insonsa Mónica (ex-apresentadora do Curto Circuito). Afinal, era ela quem tentara a sua sorte com a minha personagem favorita, e, frustrada pela não correspondência, o acusara de vis intentos. Má!

Aqui ficam, entretanto, os professores mais e menos cool da escola (Nuno Sacramento e Rogério Sapinho):



Mas como há palavras que dizem mais que as imagens, partilho convosco duas frases que guardo na minha galeria de melhores recordações televisivas:

«Ó Pipo, que parvo! Sabes perfeitamente que dar beijinhos não dá sede nenhuma!», miúdo loirinho, aka Tiago, para o irmão, depois de este o ter visto aos beijos com namorada e lhe ter servido duas colas (no Bar dos Rebeldes, pertença da família de Pipo, não há álcool)

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«Mas setôr Nuno, eu amo-o tanto!», a dita Mónica para o professor de Matemática. Em "Morangos com Açúcar", as paixões são arrebatadoras, sim senhora, mas nada como manter o devido respeito pelas hierarquias e classes profissionais.

É caso para dizer: «Amo-te tanto, funcionário de uma repartição pública João!, ou «Não posso viver sem ti, empregado de balcão do café da esquina Manuel!».

Outro dia apanhei a RTP a fazer uma reposição de programas antigos... e lá estava o Carlos Alberto Moniz a cantar músicas de Natal, com as suas duas filhas, Lúcia e Sara Moniz. Esta entra, agora, em "Morangos com Açúcar"... gostava que o canal público tivesse mostrado algumas imagens do Pipo na mesma altura, já agora. O moço devia, então, ter acabado de tirar a carta de condução de pesados.

Bom Natal!...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

Fim-de-semana ao comprido

Ao fim-de-semana o Sofá Verde muda de paragens. De trouxinha às costas, muda também de formato, e até de cor. Como pode o velhote mal jeitoso querer perder a tonalidade que em nada fica a dever à que se pode observar na imagem do BI deste blog? Pois é, há coisas que não se explicam, mas a verdade é que acontecem. E consigo trazem uma metamorfose ainda mais imperdível: ao Sábado e ao Domingo, a habitante do Sofá Verde vê mais do que quatro canais. Pronto, nem sempre. Mas pelo menos pode ver dezenas deles, o que representa significativa alteração face ao panorama lusófono da restante semana.

Este fim-de-semana, vi que capturaram o Pai Natal. Vinha coberto de fuligem e parece que lhe doíam os dentes. Pelo menos, muitas televisões -- até as estrangeiras! -- mostraram um doutor, de luvas, a espetar uma espátula nas goelas do pobre São Nicolau (em estrangeiro diz-se Sadd não sei quê). A tudo o senhor que nos traz prendas dizia que sim, com uma paciência de jó e umas olheiras piores que as minhas -- percebe-se, esta altura do ano não é fácil para ninguém, quanto mais para ele.





Lá em casa sempre me pregaram a tanga, desde pequenina, de que o Pai Natal não existe. As prendas, diziam os meus pais, eram eles que as compravam, guardando-as fora do alcance das minhas então, e agora, sapudas mãos. Gostava de ter visto a cara deles quando apanharam o pobre senhor, ontem à tarde. Ainda hei-de encontrar, numa qualquer gaveta cheia de caruncho, as listas de prendas e os recibos trocados entre o Pai Natal e os meus pais, há uns valentes anos. Bem, seja como for, acabo de ler que os EUA podem vir a condenar o Pai Natal à pena de morte. Não se compreende: tudo bem que é difícil ultrapassarmos o desmoronar das nossas ilusões, mas a cadeira eléctrica?... Com ou sem luzinhas a piscar?

Outro dos momentos altos do meu fim-de-semana televisivo passou pela primeira visita ao fascinante mundo da SMS TV. Quando uma amiga me contou que lhe tinham trocado os canais da TV Cabo e oferecido esta nova opção, pensei que se tratasse de um canal para sado-masoquistas. Mas não, é uma estação inteiramente concebida para as mensagens escritas que se transformaram nos bilhetinhos, amorosos e/ou indecorosos, dos nossos dias. Há gente que gasta 120$ (soa mais ordinário do que 60 cêntimos) para perguntar quem quer teclar consigo. É verdade. Mas também há programas, com cabeça, corpo e membros. Bem, para dizer a verdade, mais corpo que cabeça ou membros. Chama-se "strip", tem um símbolo que faria corar de vergonha os consultórios de mamografia, e apresenta três concorrentes, em pleno acto de despojamento de bens materiais. A menina que reunir mais votos pode ser vista, um pouquinho mais tarde, a tirar toda a roupa. E engane-se quem pensava que um strip acaba quando não há mais nada para ver: pelo menos na SMS TV, a vencedora ainda se fartou de roçar em todos os recantos do cenário, fazendo uma espécie de flexões de braços que revelaram ao mundo a sua flacidez evidente. Mas pronto, aí já a concorrente brasileira (a outra era, também, de terras de Vera Cruz, e a terceira de um país do Leste) liderava a votação com uma vantagem incontornável. A apresentar está uma menina de corpete rubro e olhos com cio. Dizem-me que foi o Tomás Taveira, e o seu Olho Mágico (é o nome da produtora), a escolhê-las. Um caso de coerência, portanto.

Fica ainda o nome por extenso, sugerido pelo batato desta batatinha, para a sigla sms: "Só Mulheres Strippers".

sábado, 13 de dezembro de 2003

O rei da festa

Hélder Reis é o nome do meu novo í­dolo. Novo, porque só há pouco tempo reparei no seu talento jorrante. Novo também, porque apesar de passar a vida entre pessoas com idade para estarem no Museu de História Natural, é um jovem rapaz. Apareceu na minha vida nas manhãs em que me levanto e, não tendo de ir trabalhar, me alapo no desconchavado sofá que dá nome a este cantinho. É um sidekick do Jorge Gabriel e da Sónia Araújo na indispensável Praça da Alegria (confesso-me fã do género, e só há uma coisa que me faz mudar de canal quando estou a ver um programa matinal: não, não são as vedetas musicais de meter medo ao susto. Nem os casos da vida para todos chorarmos de piedade, agarrados à almofada a deitar sumaúma. Nem sequer o senhor padre que, na TVI, nos diz para exclamarmos um «Mas que belo dia de Inverno!», sempre que saí­mos à rua e apanhamos com uma carga de água em cima, correspondente a três gripes e duas baixas médicas. São os números de comédia. Aquelas personagens que tentam desesperadamente ter graça, no contexto de um programa da manhã. Estão a ver o contra-senso? É como tentar adocicar um toucinho do céu, ou salgar um bolinho de bacalhau. Não funciona, nem é preciso, até porque a graça desses programas tem de ser sempre um nadinha espontânea, um nadinha involuntária, para fazer com que nos atrasemos e tenhamos de tomar banho à pressa antes de ir trabalhar).

Quem faz tudo isto e muito mais, muito bem feito (refiro-me a ter graça, não a tomar banho), é o tal Hélder Reis de que vos falava. O rapaz circula com impressionante à-vontade por entre habitats que fariam a delícia dos candidatos a qualquer eleição: mercados (o mais mítico dos quais, o Bolhão, tem presença gaiata e frequente), feiras, centros de apoio a idosos, associações recreativas para reformados. Com todos (e todas: as velhotas adoram-no) o moço fala, troca piropos («Ora essa, tem 95 mas ninguém lhe dava mais que 143!»), esbraceja, dança, sorri. Sorri. Acho que é esta a razão do meu fascínio pela personagem. Ao seu lado, a expressão "sorriso pepsodent" esmorece, cinzenta e moribunda. O Hélder Reis é um monumento de resistência e simpatia, sempre com a dentaura à mostra (e nem sequer a usa para ferrar alguns dos interessantí­ssimos doces que os entrevistados não se cansam de lhe pôr à frente). E parece, sempre, verdadeiramente interessado no que lhe contam. Acho isto formidável. A única pessoa que conheço e que ostentava um sorriso semelhante acabou na Mega FM (NT, se me estás a ler, desculpa! Gosto de ti na mesma).

Infelizmente não encontrei nenhuma foto do senhor para ilustrar esta ode ao seu trabalho. Mas digo-vos que, apesar de ser jovenzito, o rapaz usa, invariavelmente, pesada farpela: sobretudo de fazenda, e cachecóis finórios, que só por sorte (ou por estarem colados ao casaco?) não mergulham de cabeça nas caixas de sardinhas que lhe mostram, orgulhosas, as peixeiras com quem fala amiúde.

Outro dia, e provavelmente por estarmos no Natal, altura do ano em que a solidariedade por quem já não tem dentes aumenta a olhos vistos, apanhei o Hélder Reis na TV, à noite. Mas como é isto possí­vel, se o homem passa a vida a arreganhar a tacha, toda a santa manhã? É que à noite tinham-no destacado exactamente para o mesmo serviço.

Faz-me lembrar o José Carlos Malato, a quem cabe apresentar o programa da Antena 3 durante a manhã (sendo que aquilo começa às 7h, deve ter de se levantar a que horas? Lá pelas 5h?), e que à  tarde ouve emigrantes portugueses pelo telefone, e grandes artistas portugueses ao vivo, no palco do "Portugal no Coração".

Esta gente, mesmo que tenha uma família perfeita, daquelas dos anúncios a carros, deve chegar a casa e mandar toda a gente estar caladinha e quieta. Depois enfiam-se no quarto e tomam a poção mágica para a manhã seguinte. Ninguém pode ser assim tão simpático todo o tempo -- ou pode?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Sal-si-chas



Sem menosprezo para todos os outros momentos que me têm feito companhia sempre que estou em casa, sem vontade de fazer nenhum, o primeiro post temático deste cantinho solitário tinha de ser dedicado ao melhor anúncio a passar, actualmente, na tê bê portuguesa.

Falo de um reclame (gosto do arcaísmo) da Teleshop, mas daquela Teleshop nacional, sem referência a 22 estados norte-americanos nem gente parecida com o Chuck Norris e a Pamela Anderson. Aquela Teleshop caseira, maneirinha, sobretudo direccionada a quem passa a vida na cozinha, e que muito da parte da tarde.

Como todos os anúncios da Teleshop, também este descreve o martírio que são os dias de qualquer espectador que não tenha ainda aderido às fabulosas pechinchas do serviço. Que passamos a vida a lavar louça, a misturar sabores, a fazer da cozinha um aterro sanitário, diz uma voz feminina, de dicção normalíssima e timbre agradável.

Mas eis que chega ela: não, não se trata da Filipa Vacondeus, mas sim da frigideira tripartida, uma espécie de prato de aperitivos que pode (?) ir ao lume, dando guarida simultânea a três tipos distintos de paparoca, sem que os odores e sabores desta se misturem.

Até aqui, muito bem: o anúncio prossegue em passo de corrida, com as imagens sedutoras de uma cozinha ilídica, resplandescente, na qual as refeições têm tão bom aspecto que nem o chavalo mais insurrecto torceria o nariz. Até que chega, pela primeira vez, a palavra que a senhora da locução não sabe dizer: «Com esta frigideira, pode fritar ovos, jal-chi-chas...», promete ela.

Ora, todos temos os nossos problemas de dicção, mas o desta arauta é especialmente hilariante, quanto mais não seja porque se repete mais lá para a frente, aquando da promessa de oferta de um utensílio para cortar mil e uma coisas. Sim, jal-chi-chas incluídas, apesar de, à segunda, a senhora fazer uma micro-pausa antes de tentar pronunciar a palavra proibida. Não resulta. E ainda bem. É um momento único na nossa televisão, tão falha de humor. Dá muito na TVI, antes do fabuloso "Quem Quer Ganha", da Iva Domingues. Também gosto dela, sobretudo quando liga para o estúdio algum concorrente de Braga, cidade da qual a moça é natural. Mas essa paixão fica para outras núp-ji-as.

Eu não vejo televisão

Pronto, nem o sofá verde de que aqui falo é aquele que estou há horas a querer colocar como imagem, no BI do blog, nem a televisão que me animou a infância é a mesma que, ao longo das últimas semanas, tem servido para preencher todos os minutos que a minha preguiça impede de serem minimamente produtivos.

Mas o que conta é mesmo a intenção, e a minha é a de partilhar com os dois leitores e meio deste blog (o meio sou eu mesma) o mundo fascinante de personagens que (não) se escondem na caixinha que mudou o mundo. Tenho um pressentimento que este espaço vai ser visto, pelos quatro olhos dos seus dois leitores, como um blog “para dizer mal”. Mas garanto-vos que a gente que me fez trair a jura de nunca ter um blog é merecedora de aplauso: por me fazer rir, por me fazer pensar «como é possível?!», por me dar a impressão de que até eu (!) faria melhor. Palavra de meia (de leite).

Em pequena, o meu Avó vinha sempre ter comigo, quando queria saber a programação dos então dois canais. O meu dia favorito era a Quarta-feira, por ser nessa altura que chegava ao quiosque do Sr. Manel a “TV Guia”, então arredada, como toda a humanidade, das falsas vedetas dos reality shows. Séries, filmes e novelas faziam as minhas delícias.

Ao crescer, passei por uma casa com ditadura televisiva, por outra sem televisor. Troquei a imagem pelo som, tornando-me fanática pelos programas de autor que então pululavam na rádio, e que agora, graças a Deus e ao serviço público, começam a regressar. Recentemente, tive uma recaída: recebi, de presente, um televisor lindíssimo, e, como naquelas brincadeiras e encostões que os concorrentes do Big Brother dizem sempre não querer dizer nada, reatei a relação com a TV. Que decorre no sofá verde desconchavado, propriedade da minha senhoria e adversário de costas direitas e olhos atentos aos quatro canais de que disponho. Não há (quase) nada que veja e me faça pensar: «Que bom que isto é, que bem feito!». Não: às vezes dá-me vontade de rir, outras de chorar, mas distrai-me e inspira-me... nem que seja para escrever umas linhas sobre estes heróis por cantar. Não saia do seu lugar!

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