terça-feira, 7 de outubro de 2008

Honest things, they last

Raramente os press releases servem para alguma coisa. Minto: se nos telefonam e temos de anotar alguma coisa, a face em branco pode revelar-se útil. Quando queremos ocultar as manchas de café no tampo da secretária e não temos lenços de papel, também é bom termos uma dessas coisas por perto. Mas na maior parte dos casos, pouca utilidade têm essas palavras mal amanhadas por alguém que do objecto em causa (disco, filme, cabaz de Natal) nada percebe.

Não é o caso, por incrível que pareça, do textinho que acompanha o novo (e primeiro) best of do Josh Rouse.

Para já, para escrevê-lo houve um senhor que foi falar com o artista a um parque em Nova Iorque, num dia de vento fresquinho. O cenário faz sentido. Depois, dá ao texto o título de «It's an honest thing and honest things, they last», deixa da última música do 1972, a hipercalórica «Rise». A coisa promete, vê-se que o homem percebe da poda e soube escolher uma frase bem representativa da obra do Señor Rouse (agora vive em Espanha).

O Josh Rouse é, dizem as más línguas, um dos artistas mais sensaborões a merecer a minha estima. Eu até posso concordar, mas prefiro não lutar contra a boa disposição, os sorrisos e as palminhas que cada uma destas músicas causam em mim mesmo antes da chegada de cada refrão, redondo e perfeitinho. Depois há toda a questão, ainda mais choninhas, das lembranças que canções como «Laughter», «Feeling No Pain» ou «Come Back (Light Therapy)» despertam no meu cérebro apatetado.

Assim de repente: passeios com a Mary-John ao fim-de-semana, de carro na Marginal; noites coladas ao rádio a ouvir os programas do Miguel Quintão; subir a Rua do Carmo, sem pressas, em tardes de sol, rumo ao meu primeiro local de trabalho; os primeiros - e melhores - tempos de camaradagem, amizade e palhaçada no Cotonete; um belo e inesperado concerto na Aula Magna, que vi com a Martens e outros bons amigos, poucos dias antes de deixar o local onde trabalhei que nem uma moura durante cinco anos.

Podia continuar, mas acho que já perceberam a ideia. E que me caia uma resma de comunicados de imprensa na cabeça se isto não é verdade: desde que comecei a escrever este post, a chuva parou de cair.

3 comentários:

Anónimo disse...

gamma!
e é tão bom lembrar também aquele fim de tarde em paredes de coura, em que parou de chover e o sol surgiu por cima do palco, no momento em que o josh rouse se apresentou em cena para actuar.

boas nostalgias neste post e sobretudo boas memórias :)

lia disse...

Mary!

Essa edição de Paredes de Coura deixa saudades. Também me lembro das CocoRosie a entrarem em palco abraçadinhas uma à outra, sob grande dilúvio e sem ninguém no público, e de à medida que iam tocando o pessoal começar a aproximar-se e a chuva passar a cair de mansinho...

Ainda sobre o Josh Rouse, esta semana no Queijo passámos o Rise e falámos de si mais da tangueta :D Estive a explicar ao nosso convidado (em off) a diferença entre tangueta, songráiter roto e javardos :D

Anónimo disse...

LOLOL

faço ideia a cara do convidado a ouvir essas teorias preciosas!

continuo a apreciar uma boa tangueta. sempre! :)

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