sábado, 21 de junho de 2008

A selecção

(mais um post que não é escrito a tempo de entrar nos «blogues de papel» do Público, raios!)

Pouca gente sofre mais do que eu pela selecção. Acho que é por não perceber assim muito, muito de futebol que tudo me parece tão intenso e dou por mim a ceder a superstições e manias, numa tentativa de virar o jogo a nossa favor (já a minha mãe acha que passar a ferro dá sorte a Portugal e ao Sporting, a sua equipa predilecta).

Neste Europeu, no entanto, o meu desgosto foi atenuado. Em primeiro lugar, porque - não custa reconhecer - já vamos estando habituados a perder, não é? Na final contra a Grécia (que anedota) ou nos quartos com a Alemanha, o resultado é o mesmo - nenhum. E começo a acreditar que ele há equipas com uma gigantesca estrela de campeão, que até podem perder o primeiro jogo da competição por 0-3 e acabar por erguer a taça na última partida (é o meu palpite), e outras que, enfim, outras que somos nós. Muita expectativa, muitas razões para acreditar, nada a declarar no regresso à Portela, que não a roupa com que se partiu para a terra dos sonhos.

Outra atenuante do meu sofrimento neste Europeu foi o facto de, desde que soube que iamos jogar com a Alemanha (obrigadinha Croácia), me ter convencido que iríamos ser eliminados. Estas coisas são mais fortes que eu e quem me conhece, ou quem já viu jogos a meu lado, sabe que os pressentimentos raramente me enganam.

Por último, a derrota de Portugal significa também um certo regresso à normalidade que não deixa de me agradar.

Não me entendam mal: fiquei tristíssima com a eliminação e o infeliz timing dos nossos golos, mas não posso deixar de regozijar com o fim (?) das notícias, reportagens, anúncios, mezinhas, casamentos imaginários e especulações de toda a ordem em redor do Cristiano Ronaldo.

Nada contra a pessoa, que não conheço, ou o jogador, que todos sabermos ser assim e assado. Mas a individualização da equipa nacional, a concentração de todas as atenções e todos os elogios num só jogador-estrela, tanto vedeta pop quanto futebolista, vai contra tudo o que eu acredito ser uma selecção.

Faço minhas as palavras da Inês Nadais, hoje no Público, quando diz que uma das imagens mais significativas deste Europeu é o golo apontado pelo Quaresma a passe do Ronaldo, e a forma como, na habitual «molhada» da celebração, o madeirense é o único que procura, e fita obsessivamente, a câmara da televisão em vez do sovaco suado do companheiro. Estou com Miss Nadais: gostava mais quando os jogadores usavam bigode e não se ralavam com todas estas metrossexualidades modernas.

Equipa que me serve: a Turquia. Não são os melhores a jogar mas têm alma daqui até à China. E acreditam. Ninguém os vê jogar e fica na dúvida se eles têm mesmo vontade de ganhar aquele jogo. Só por serem «a equipa mais indisciplinada» do Europeu, como diziam ontem os comentadores, referindo-se ao número de amarelos e vermelhos, já mereciam ganhar.

As guerras não se ganham com festinhas.

4 comentários:

menina alice disse...

Os bigodes, os caracóis, as barriguitas, bolas! Isto é photoshop live. Elevam-se as fitas para a falta a fio condutor da existência. Afinar e objectivar para tirar toda a vida da coisa. Não são as bandeiras, nem o combustível-ambição que trazem prémios de excelência. É preciso jogar à bola. O futebol morreu no século XX. Isto tudo já é marketing de imagem.

Anónimo disse...

Foi com muita pena que ontem tb vi os meus queridos holandeses irem pra casa :(
Agora estou à espera que a Turquia mande a Alemanha pra casa, num feito que traria uma verdadeira revolucäo social no país, já que pra maioria dos alemäes ser turco é significado de ser cidadäo de terceira. Claro que há excepcöes..
Mas mesmo assim gostava de ver a Turquia ganhar. Ah, e näo esquecer o fabuloso treinador turco que é um espectáculo- one man show! A mim dá-me a impressäo que os turcos ganham só pra näo ter que enfrentar a ira do homem ;)

Parola

Suz disse...

Ah mulher!
Eu com a Selecção também sou do piorio, sou capaz de fazer corar um carroceiro e tudo!
:P

Isto só lá vai com porrada neles! Mariconços, é só poses e publicidades!

E a traição do mister! Nunca pensei!
Ele ir embora é uma coisa, o homem tem a vida dele, e verdade seja dita: uma pessoa quando fica muito tempo num cargo deixa de inovar por aí além.

Também torcia pela Holanda, que parecia estar a jogar muy bien, mas pronto.
Os Euros devem ter uma maldição qualquer em que não é a equipa que joga melhor que ganha no fim..

Aguardo melhores dias!

Anónimo disse...

Infelizmente acho que os turcos vão ser dizimados pelos alemães, mas também simpatizo com eles, sobretudo quando vejo as pessoas histéricas aos pulos, a atirar tiros para o ar e penduradas nos elétricos da Istiklal Caddesi em Istambul onde tive o prazer de estar há relativamente pouco tempo :) É de facto gente com muita garra!
E não te esqueças da Rússia, eles estão a jogar que se farta e podem surpreender! Nuestros hermanos, apesar de favoritos, que se cuidem!

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