Ontem tive uma insónia do tamanho de uma casa. Tendo em consideração que nunca demoro mais de cinco minutos (ou mesmo segundos) para adormecer, posso até dizer que tive
a insónia da minha vida. Estive mais de duas horas às voltas na cama, a olhar para o tecto, a ouvir música e a ler um artigo sobre o "Verão Azul", na 365.
Às tantas, lembrei-me que tinha lido numa revista que o remédio, nestas ocasiões, é pensar no que fizemos naquele dia, ou no que vamos fazer no dia a seguir (estes conceitos confundem-se, a partir de certa altura).
Não resultou: fiquei
ansiosa a pensar nas minhas tarefinhas pré-fim-de-semana e não me deu sono nenhum.
Comecei então a lembrar-me de alguns sonhos que tenho tido ultimamente, e que àquela hora, no
silêncio escuro do meu quarto quente comó raio, se tornaram mais próximos.
Na última semana, o meu subconsciente esteve em modo temático, recuperando duas paixões da minha longínqua juventude.
À falta de um psicanalista, partilho convosco...
Sonho 1
Estava a passear com os meus pais quando, atrás de mim, um rapaz (uma das tais paixonetas acerca das quais nunca fiz nada que se apresentasse) me começa a chamar. À primeira, parecia não o reconhecer. O mistério resolveu-se (bem, mais ou menos) quando o moço se re-apresentou:
«Então, não te lembras de mim! Sou o rapaz que conheceste no Minipreço!».
Esta é uma mentira ignóbil. Nunca conheci ninguém no Minipreço, muito menos aquele holandês, que como convém à sua nacionalidade, me foi apresentado em Amesterdão.
Dei uma volta de honra à praceta com o rapaz, e quando dei por mim já se tinha evaporado. Tão
fugaz como na realidade, portanto (esqueçamos a parte do Minipreço, por momentos). Valeu pela recordação.
Sonho 2
Ia de carro com o meu real e estimado batato, em Gaia. Passo em frente à biblioteca anexa ao liceu e vejo, no meio de um grupo de rapaziada, o desgraçado com quem eu muito engraçava, na minha adolescência. Estava igual a si mesmo (calções feitos a partir de calças cortadas, botas grunge/trolha, aquela coisa). Fiquei contentíssima: «Olha, olha, está igual!!! Não mudou nada», exultei.
Na vida real, não o vejo há anos, se bem que me constou que trabalha agora numa famosa cadeia de lojas de música, que não a Valentim de Carvalho.
No mesmo sonho,
o Kiko, meu primeiro e saudoso cão, ressuscitava. A emoção era grande. E o canito, cruzamento entre rafeirote e cão de água, aparecia agora de
olhos azuis e pijama a condizer.
Bom fim-de-semana!...