Esta semana não tenho tido boleia para a estação de comboios, o que significa que convivo de perto com a inspiração (e a transpiração) dos passageiros do 729 e 750, duas das mais carismáticas carreiras da Carris.
Ontem ao fim da tarde, por exemplo, uns cachopos especialmente chungosos tentavam impressionar-se uns aos outros, emitindo comentários obscenos e arremessando piropos ordinários às moças que tiveram o infortúnio de sentar-se nas redondezas. Arrotar era outra das especialidades da triste pandilha. Gostei sobretudo desta pérola:
«Quando estás a comer a Deb'ra, olhas para a cara dela?»
Depois de algum debate, o inquirido concluiu que preferia «olhar para baixo», nem que isso implicasse confrontar-se com a visão do seu próprio órgão genital. «Prefiro ver uma pila do que a cara da Deb'ra», confessou, entre dois ou três grunhidos.
Já de manhã, escutei com agrado o incentivo ao consumo ligeirinho, nos ciganos do túnel de Algés.
«Vamos a despachar, que pode vir a polícia!», gritava uma das vendedoras, com voz de poucos amigos.
Há 13 anos
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