quarta-feira, 25 de junho de 2008

A idade é um posto

Esta manhã, na paragem do autocarro, duas pré-adolescentes - uma delas japonesa - comiam um pacote de batatas fritas e bebiam um Red Bull. A «ocidental», chamemos-lhe assim, comenta da seguinte forma a emancipação de ambas:

«Outro dia fui com a minha mãe ao Continente e estavam lá umas miúdas de seis anos a beber um destes» (pausa) «Mas não deviam beber. É muito energético».

terça-feira, 24 de junho de 2008

Depois querem que uma pessoa se interesse pela política

Frase escutada de esguelha, há coisa de dois minutos, num debate aguerrido em que ambos os políticos pareciam convictos de serem donos da verdade.

«Temos de explorar virtualidades de soluções que congreguem os portugueses!»

SILLY SEASON... I LOVE YOU

Um felino de grande porte? Não, um cão.

(Do JN)

«MAIA: GRANDE FELINO DEVE SER UM CÃO

O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e o director do Zoo da Maia garantiram que os vestígios encontrados em S. Pedro de Fins, Maia, não são de um felino de grande porte, mas provavelmente de um cão.

"Não é nenhum leão, nem um tigre ou um leopardo. Se for um felino, é mais pequeno, como um gato bravo, mas inclino-me mais para que seja um cão", afirmou à agência Lusa João Loureiro, do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).

Comentando rumores de que andaria um leão ou outro grande felino à solta em S. Pedro de Fins, onde foram encontradas pegadas de nove centímetros num terreno, árvores marcadas por supostas garras e danificados uns fardos de palha e umas videiras, o responsável desvalorizou a gravidade da situação.

O alerta foi dado sábado à GNR pelo proprietário de uma vacaria, mas, segundo João Loureiro, esta é uma denúncia recorrente desde há cerca de dois anos, em várias zonas desde Famalicão à Maia. "A diferença é que, neste caso, nunca ninguém viu" o animal, afirmou.

(...)

"Foram detectadas pegadas com nove centímetros não se sabe do quê, pode ser um cão e nem precisa de ser muito grande", disse, acrescentando que, "por descargo de consciência", serão colocadas 4ª feira algumas armadilhas para tentar capturar o animal.»

Assim de repente... não será um lobo?

sábado, 21 de junho de 2008

A selecção

(mais um post que não é escrito a tempo de entrar nos «blogues de papel» do Público, raios!)

Pouca gente sofre mais do que eu pela selecção. Acho que é por não perceber assim muito, muito de futebol que tudo me parece tão intenso e dou por mim a ceder a superstições e manias, numa tentativa de virar o jogo a nossa favor (já a minha mãe acha que passar a ferro dá sorte a Portugal e ao Sporting, a sua equipa predilecta).

Neste Europeu, no entanto, o meu desgosto foi atenuado. Em primeiro lugar, porque - não custa reconhecer - já vamos estando habituados a perder, não é? Na final contra a Grécia (que anedota) ou nos quartos com a Alemanha, o resultado é o mesmo - nenhum. E começo a acreditar que ele há equipas com uma gigantesca estrela de campeão, que até podem perder o primeiro jogo da competição por 0-3 e acabar por erguer a taça na última partida (é o meu palpite), e outras que, enfim, outras que somos nós. Muita expectativa, muitas razões para acreditar, nada a declarar no regresso à Portela, que não a roupa com que se partiu para a terra dos sonhos.

Outra atenuante do meu sofrimento neste Europeu foi o facto de, desde que soube que iamos jogar com a Alemanha (obrigadinha Croácia), me ter convencido que iríamos ser eliminados. Estas coisas são mais fortes que eu e quem me conhece, ou quem já viu jogos a meu lado, sabe que os pressentimentos raramente me enganam.

Por último, a derrota de Portugal significa também um certo regresso à normalidade que não deixa de me agradar.

Não me entendam mal: fiquei tristíssima com a eliminação e o infeliz timing dos nossos golos, mas não posso deixar de regozijar com o fim (?) das notícias, reportagens, anúncios, mezinhas, casamentos imaginários e especulações de toda a ordem em redor do Cristiano Ronaldo.

Nada contra a pessoa, que não conheço, ou o jogador, que todos sabermos ser assim e assado. Mas a individualização da equipa nacional, a concentração de todas as atenções e todos os elogios num só jogador-estrela, tanto vedeta pop quanto futebolista, vai contra tudo o que eu acredito ser uma selecção.

Faço minhas as palavras da Inês Nadais, hoje no Público, quando diz que uma das imagens mais significativas deste Europeu é o golo apontado pelo Quaresma a passe do Ronaldo, e a forma como, na habitual «molhada» da celebração, o madeirense é o único que procura, e fita obsessivamente, a câmara da televisão em vez do sovaco suado do companheiro. Estou com Miss Nadais: gostava mais quando os jogadores usavam bigode e não se ralavam com todas estas metrossexualidades modernas.

Equipa que me serve: a Turquia. Não são os melhores a jogar mas têm alma daqui até à China. E acreditam. Ninguém os vê jogar e fica na dúvida se eles têm mesmo vontade de ganhar aquele jogo. Só por serem «a equipa mais indisciplinada» do Europeu, como diziam ontem os comentadores, referindo-se ao número de amarelos e vermelhos, já mereciam ganhar.

As guerras não se ganham com festinhas.

As papelarias

Antes de perder a noção de quem trabalha em quê, a minha avó tinha três carreiras pensadas para mim: a de bancária (obrigada mana por ocupares tu essa vaga); a de dona de quiosque e a de tocadora de acordeão.

Por falta de paciência e/ou jeito para as outras duas, a opção do quiosque sempre me pareceu a mais tentadora. A fartura e rotatividade de jornais, revistas, brindes e, se ampliarmos a ambição para uma papelaria, de livros da escola, cadernos de argolas, canetas, postais e marcadores sempre me fez salivar.

Hoje reparo, porém, que não deve ser uma vida fácil. Além da concorrência dos hipermercados, onde a maior parte dos agregados despacha, compr€€nsivelmente, as compras escolares, há a exaustão. Pelo menos no bairro onde vivo, ter um quiosque ou papelaria parece ser das missões mais árduas do momento.

Ao fundo da minha rua, há várias semanas que o quiosque onde geralmente me aviava tem uma tabuleta que diz que os senhores - que, diga-se em abono da verdade, sempre abriram e fecharam à hora que bem lhes dava na veneta - estão «fechados temporariamente para descanso». Mais nada.

Uns passos acima, uma papelaria em cuja montra iam aparecendo coisas tão improváveis como bibelôs de loiça ou livros desconhecidos escritos em Inglês acaba de fechar «para férias». Ao lado desse papel, um outro dá conta da vontade de os donos «trespassarem» o estabelecimento.

Quer isto dizer que, agora, tenho de ir ao quiosque frente à padaria (e frente ao sítio onde, aí há 15 dias, morreu um senhor em plena via pública. Pelo menos vi muita gente, duas ambulâncias do INEM e uma senhora africana que assistira ao episódio explicou-me, sem pingo de emoção, que o transeunte «caiu, bateu c'o cabeço, tá morto»).

A dona deste «novo» quiosque diz «a Ipsilon» em vez de «o Ipsilon», acho-lhe graça.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Queijo

Depois de uma pausa de duas semanas, por motivos de trabalho e de calendário, o Queijo regressa esta noite, mais fulgurante e bem cheiroso do que nunca, à frequência da Rádio Zero.

Contem com uma emotiva antecipação do concerto de amanhã à noite: Shannon Wright + Tiago Sousa, no Santiago Alquimista.

Tudo isto no linque do costume.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A bola

Fiquei tão contente com a vitória da selecção no Sábado como qualquer pessoa que tenha uma bandeira de Portugal colada com fita-cola no parapeito da janela. Agora é só aguentar até Quarta-feira - dia do novo embate dos nossos rapazes, desta feita frente aos checos - e tentar abstrair-me da histeria dos media (ou seja, fazer de conta que ontem não vi, na SIC Notícias, uma entrevista telefónica ao pai do Pepe).

Falta de tempo, não de material

E quando o tempo falta para escrever posts com pés e cabeça, há sempre alguém a distribuir panfletos à porta da estação do comboio. «Para ler com atenção», recomendou a senhora que me deu isto:


quarta-feira, 4 de junho de 2008

O primeiro

Na passada Sexta-feira, fui ter com a vizinha AT ao seu posto de trabalho, para juntas nos dirigirmos a esse fim de mundo a que eufemisticamente chamam Bela Vista; ela ia em reportagem e eu queria ver se a Winehouse se aguentava em pé (mais valia ter ficado em casa, portanto).

Enquanto esperava pela Ana, dois senhores africanos passaram por mim, ao descer a rua. Um deles parou à minha frente e ficou a olhar. «Deixa a senhora em paz!», apelou o amigo. «Eu não estou a fazer mal, só não gosto de ver mulheres bonitas sozinhas», retorquiu o mais atrevido.

Decide então, este senhor, perguntar se já me tinham dito que sou «muito gira». Para atalhar caminho e também porque a minha vida não é assim tão desastrosa, respondi que sim, agradecendo porém a gentileza. «Mas um preto? Um preto já te tinha dito que és bonita? NÃO ACREDITO!», exaltou-se ele.

«Diz-me lá que, de um preto, é a primeira vez que ouves isso!», chegou a pedir. Eu fiz-lhe a vontade. «OK, és o primeiro preto a dizer-me isso».

«Viste? Sou o primeiro preto!...», congratulou-se ele para o amigo. Depois foi embora, não sem antes assegurar que «nunca tinha falado com uma senhora tão simpática» e de me desejar tudo de bom, na vida e no trabalho (claramente não tinha poderes, ou não teria passado o que passei na reportagem do Rock In Rio - mas o que conta é a intenção).

Tempos idos

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