No final do ano passado,
escrevi aqui que já tinha saudades de sair de um concerto cheia de vontade de ir para casa ouvir o disco que lhe servira de pretexto. Referia-me ao "First Impressions of Earth" e ao concerto dos Strokes que tive a sorte de ver, numa cave bafienta em Madrid.
Meio ano depois, eis que os moços passam, pela primeira vez, por Portugal.
Os mesmos cabelinhos, os mesmos casaquinhos (ou não - o Casablancas já trocou o de general pelo CdC, Clássico de Couro) e, acima de tudo, a mesma festa. Adoro aquelas canções, por aquilo que são (hits instantâneos de inestimáveis três minutos, como diz o Mário Lopes no Público de hoje) mas também pela ilusão que criam: a de que naquele momento só importa saltar, dançar e celebrar como se não houvesse (depois de) amanhã.
Não ter ido ao concerto "em serviço" ajudou à descontracção, admito. Mas o maior mérito vai todo para aquelas guitarras insinuantes e para as melodias de quem passeia pela rua com as mãos nos bolsos e uma confiança apenas igualável pelo sorriso.
Someday, Last Nite, Heart In A Cage, Juicebox, Reptilia, You Only Live Once... é difícil escolher o meu momento favorito. Mas porque a pop é, também, uma colecção de memórias, não pude deixar de regozijar quando o Casa-carinha-fofa-Blancas anunciou o Modern Age. Para mim, essa música é sobre sair do primeiro trabalho a sério que tive, apanhar o comboio para uma praia suburbana e sentir, com a minha melhor amiga, que estávamos na mais exclusiva das estâncias turísticas. E à noite voltava a ouvir a canção, no programa do Miguel Quintão. Tudo tão fácil, tão bom, tão Strokes...
Estávamos em 2000 e acho que era feliz. Mas em 2006 temos os Strokes ao vivo em Portugal, por isso não há razão para lamúrias, neste post.