Em dia de alegria nacional, vamos recuperar o texto triste que conseguiu alguma reacção da vossa parte, seus portugueses típicos, amantes da prosa com a lágrima ao canto da vírgula.
Diziam o João e a Marlene que se identificam com esta coisa do tempo (e do transporte) perdido, das pessoas cujo dia ficou lá trás, e que hoje, pelo menos a nós, nos dão a impressão de andarem a marcar passo, de forma ainda mais flagrante e denunciada que o resto da humanidade.
Lembrei-me, a propósito dessa conversa, de um dos meus momentos favoritos do "Alta Fidelidade", livro de Nick Hornby que recomendo a todos os fanáticos por música. Dizia ele, numa das suas reflxões motivadas por dor de corno e sentimento de culpa, que às vezes olhava para as fotos de quando era criança e, à típica boca do "tão querido", se juntava um constrangimento, um remorso indizível.
Como se olhasse para a foto e se visse com sete anos, vestido à cowboy e a apontar a pistola para a objectiva, e tivesse vontade de dizer àquela sua persona em ponto pequeno: «Fica aí, em 1985 [adaptei para o meu caso], não vale a pena cresceres, that is as good as it gets».
E acrescentava o adorável Rob Fleming ter a certeza que, se o menino pudesse saltar da foto para os dias que atravessava, enquanto adulto, rapidamente fugia para aquele momento do passado, desagradado pelo flash do futuro.
Também eu tenho uma foto dessas à cowboy (tomaram-me por um rapaz, coisa que muito levei a peito e nunca esqueci), mas felizmente faço por não querer voltar para ela.
Há 13 anos
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