Intrigante o artigo da última edição de fim-de-semana do jornal i sobre o Mosteiro das Irmãs Clarissas, em Portugal. Uma jornalista foi aceite no mundo de silêncio e reclusão destas religiosas, e uma das (certamente pouco numerosas) frases da Abadessa entrevistada ficou-me na cabeça. Que lá dentro, entre as solitárias tarefas da horta e as orações, podem «interceder» por muito mais pessoas do que se fossem missionárias em África, por exemplo. E que passando a vida ali fechadas, isoladas do mundo, têm muito mais liberdade do que os cidadãos comuns, «escravos» do trabalho e do dinheiro. Ou seja, resumindo de forma tosca, são mais livres, felizes e úteis do que nós.
Sem qualquer desrespeito para com a sua escolha e vocação, dou de barato a parte da liberdade e da felicidade, conceitos já de si bem subjectivos. Mas a utilidade? Que seria deste mundo se nos enfiássemos todos numas guaritas a rezar uns pelos outros? Sobraria gente precisada de intermediação divina? E será que as senhoras não ficam desconsoladas quanto as suas preces não são atendidas? Acho que esta reportagem merecia uma sequela.
Há 13 anos