Sexta à noite, espero o autocarro em Belém, frente aos pastéis de. Tenho música nos ouvidos mas, ainda assim, consigo escutar a conversa de duas adolescentes atrás de mim - um «tipo!» de dois ou dois suspiros a fazer-me pensar como é engraçado que, estando o nosso português tão longe do do Brasil, os brasileiros (ou pelo menos os paulistas) tenham adoptado, como nós, a bengala «tipo» para equivalente do execrável «like», dos americanos.
Nem de propósito, nisto chega um casal brasileiro com ar de turista e um filho pequeno. O senhor está atrapalhado porque quer perguntar por alguma coisa cujo nome «luso» desconhece. As miúdas do «tipo!» olham para ele como um boi para um palácio. Tiro os phones e lá digo ao senhor que o «bonde» se apanha na paragem a seguir e tem o número 15. Ele agradece com desproporcional gratidão e segue para a dita paragem.
Atrás de mim, as duas amigas demoram alguns segundos até perceberem o que tinha acabado de se passar. Quando a luz se lhe acende, exclamam não sem algum desdém: «Ah, o eléctrico!».
Outras coisas bonitas com Brasil dentro, esta semana: procurei nas internétes por relatos da passagem recente dos National por terras de Vera Cruz.
Diverte-me ler reportagens de concertos em locais onde a rapaziada ainda é pouco conhecida, pois nota-se um esforço maior em descrever e contextualizar a música, a banda, os tiques dos artistas.
E haverá forma mais cómica (e certeira) de descrever o Matt Berninger do que com os «três foguetes» que encerram este texto: «Pesadão. Neurótico. Maneiro»? Valeu, cara.
Texto completo, que vale a pena ler por pérolas como «A certa altura do show, alguém jogou no palco uma canga que tinha como estampa a bandeira do Brasil. Depois de agradecer, Berninger pegou aquele pano e fez com ele uma gravata. Foi como se tivesse arranjado algo mais para se prender, entende?», espera por vós aqui.
Há 13 anos
3 comentários:
É o que dá melher, terem deixado de ver novelas brasileiras!
Aprende-se outro idioma, sem dúvida :)
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"Diverte-me ler reportagens de concertos em locais onde a rapaziada ainda é pouco conhecida, pois nota-se um esforço maior em descrever e contextualizar a música, a banda, os tiques dos artistas."
Sim, sim, Não tem nada a ver com alguma banda específica. A ti divertem-te todas as reportagens deste tipo. Calhou serem os National hoje...
:D
A minha verificação de palavras para este comentário é (e juro p'la minha saúdinha!): mytos.
«Eles» sabem quem escreve nos comentários.
Se fosse eu, a palavra seria «lorpa».
:D
Ah, e eu não quis esconder que falava em particular desta bandinha! Embora outro dia também tenha lido uma caricata prosa sobre o Kaiser Chiefo ter ficado «de bumbum de fora» num qualquer festival brasileiro. Recordo com saudade uma frase sobre o show do Animal Collective, também. «A galera pediu um bis, que não rolou».
:D
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