Tenho uma impressionante falta de sentido de humor, para alguém que, uma vez a cada 30 luas, até diz meia coisa com piada.
Com raríssimas excepções, humoristas portugueses de nova geração aborrecem-me de morte, isto quando não me apetece bater-lhes com uma tábua. Como diria a Lady Oh My Dog, «era metê-los numa jaula e eu a picá-los com um pau». Não é complicado ser um destes «wunderkinder» do humor pt: ao ar de enjoo permanente (eles chamar-lhe-ão, certamente, blasé, pois sabem línguas) juntam-se piadas (ou esboços de, que chegar mesmo à gargalhada, além de parecer mal e ameaçar o estilo, dá trabalho) com a mesma espessura das dos Malucos do Riso. No lugar de trocadilhos com a vida rural, em que portugueses de norte a sul falam achim, como se todos os sotaques se resumissem ao das Beiras, esta «nova gera» coloca referências cosmopolitas. Eles são sofisticados: já foram às grandes urbes internacionais, comem sushi e descarregam os novos programas do Conan O'Brien no próprio dia. E fazem piadas sobre a actualidade tão básicas, repetitivas, previsíveis e ocas como as dos Malucos do Riso, sim, mas com aquela capinha asséptica e modernaça de um iPod a disfarçar a falta de ideias.
Isto sou eu mal-disposta por ter tido de me levantar mais cedo e apanhar com um programa matinal de rádio, guarnecido com sketches dos Homens da Luta («A Ana deve ser uma gaja muito boa, pois se tem tanta dívida sobre ela! Dívida soberana!» - é este o humor esclarecido e politizado que temos) e referências diárias, quase ao jeito de uma rubrica fixa, sobre a Renatada Seabrada que animou este começo de ano. OK, é material fácil de encontrar, mas diria que há inspirações mais humanas do que um crime com bastante sangue e desgraça eterna distribuída por pelo menos duas famílias.
Mas isso sou eu, que não tenho sentido de humor.
Há 13 anos