quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Diaby

No competitivo mercado dos bruxos e adivinhos, a diferenciação de produtos é um trunfo de valor. O Professor Diaby - belo nome, logo a começar - sabe disso e oferece, além dos serviços mínimos do seu métier (ajuda com problemas sentimentais, maus olhados, drogas «ou outros vícios maiores») aquilo que me parece ser uma novidade: «efectua trabalhos com CADEADO VERDE, técnica simples e eficaz que faz voltar ao domicílio conjugal uma esposa ou marido».

Diz o meu moço, que descobriu o panfleto do Diaby, que a dita técnica deve consistir em capturar a esposa ou o marido arredios e trancá-los numa sala fechada a cadeado verde. Ou terá antes a ver com o «café verde» em manteiga e whiskey da minha companheira de camioneta?

Temo que possamos nunca vir a saber.

Sinais exteriores de Primavera

Malmequeres rosados, azedas sempre sorridentes, as amendoeiras da Menina Alice, ainda que atordoadas com a chuva, e uma brisa morna que, de um dia para o outro, tornou o casaco num empecilho - tudo nos leva a acreditar que, mais do que um rumor do calendário, a Primavera existe e está aí a chegar. A Mary também já deu por ela.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Parece confuso mas nem é

Uma vez por outra, consigo perceber o que é que as pessoas têm na cabeça quando pensam que eu tenho um emprego muito excitante. Na maioria dos dias é um trabalho como qualquer outro trabalho sem horários certos, grande estabilidade ou remuneração exuberante. Até ao dia em que me sento frente à Diana Krall e ela me elogia efusivamente as sapatilhas Nike compradas nos saldos há mais de um ano (e sabe Deus o que me custa andar com elas; aleijam-me à frente e só por orgulho - afinal, ainda custaram 30 euros - não me livrei delas).

Mas eu devia saber que ter uma diva do jazz a desfazer-se em mimos perante a minha modesta presença («Deves ser muito boa pessoa», diz ela a certa altura, não me perguntem porquê) era apenas a continuação natural de um dia que, desde cedo, prometera.

À saída da camioneta, cruzei-me com uma senhora que trabalha no mesmo edifício que eu e que, apesar de não conhecer o seu nome ou função, certa vez me deu boleia de táxi.

Desta vez, apeteceu-lhe contar que, no café onde tomara o pequeno-almoço, serviu de intérprete a uma senhora que insistia que o empregado lhe tirasse um café «à francesa».

Por ter vivido muitos anos em Paris, a senhora sabia que o que a imigrante (ou turista?) queria era um café muito torrado. E aproveitou para lhe explicar que café bom, mesmo bom, era o verde (!), comprado numa loja da especialidade da Baixa. Prepara-se numa frigideira com um pouco de manteiga e de whiskey (bem, este é apenas o primeiro passo da confecção, não memorizei tudo).

«A senhora percebe mesmo de café!», terá a francesa exclamado, estupefacta. «Pois claro, os meus sogros são produtores de café», confidenciou-lhe a minha interlocutora. Penso que esta era a punch line da história, e foi por causa deste intercâmbio cultural que a senhora perdeu a camioneta directa para o trabalho.

Antes de sair do elevador, fiquei ainda a saber que, por ter viajado muito, a minha colega não é dada a esquisitices gastronómicas. Entre as iguarias que já provou constam macaco e cobra.

Antes da entrevista da Diana Krall, apanhei um taxista que, tendo-me ouvido a balbuciar duas ou três frases, de imediato berrou: «VOCÊ É DO PORTO?».

Depois contou-me tudo sobre os seus dois filhos - espertíssimos, embora um tire 18 e outro «apenas» 16, ambos no Técnico; sobre as pessoas da Microsoft que já transportou e lhe prometeram emprego para o mais velho, que em vez de trabalhar preferiu tirar um doutoramento; sobre os planos deste mesmo dotado mas acabrunhado filho «casar tarde» («diz que paga a casa e a alimentação mas que tão cedo não arranja namorada»), e sobre uma filha que não conhece o pai.

É «a cara chapada do irmão mais velho» e fruto de uma relação do senhor taxista - na altura em que era barman - com uma advogada da Madeira, casada. A filha tem menos dois anos que eu («você parece mái nova!») e tirou Medicina em Coimbra. Em homenagem ao pai incógnito, Carlos Alberto, chama-se Carla.

«Esta história que lhe estou a contar a si já a contei à Catarina Furtado!», exclama, excitado. «Ela quis logo anotar num bloco de notas mas eu não deixei».

Só por isso, já mereceria todo o meu respeito. E sempre ajuda a relativizar o facto de a mulher do Elvis Costello me ter dado toda uma nova confiança no meu calçado (onde, mal sabe ela, na véspera me tinha caído um pedaço de sopa).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Boa Noite e um Queijo

Há que dar valor a quem sai de casa numa noite húmida e gelada só para levar a passear as suas músicas favoritas. Ou se calhar nem por isso, mas finjam que sim. O Boa Noite e um Queijo mais fanhoso da história ouve-se aqui.

Mais longe

Estas bandas (as boas) têm sempre vídeos totós, mas ainda assim aqui deixo o de «Four Provinces», dos Walkmen. Há qualquer coisa na forma como o Hamilton Leithauser (ah, nome de homem!) diz «every bone in my body / broken one time or two» que me leva para outro sítio qualquer. O que é bom.


(e eis que descubro que os vídeos da pitchfork me rebentam com as paredes do blogue. Fica o linque directo, que remédio.)

Aviso

Afinal, o sonho febril da outra noite não era um delírio, mas sim um aviso. Os bilhetes para ver o Bandido nos Sentados esgotaram num ápice e por pouco ficava em terra. Graças ao meu home, porém, tanto eu como a minha parceira de todas as ocasiões - e, obviamente, destas também - já temos assento garantido em Santa Maria da Feira. No Dia dos Namorados!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Sonhos, outra vez

Bem sei que voltei da minha visita-relâmpago à outra capital ibérica com uma constipação de caixão à cova e muita febre, mas mesmo assim não deixo de considerar, hum, insólito ter sonhado - num daqueles sonhos que são mais delírios do que outra coisa - que o Bruno Aleixo entrevistava o Manel Cruz.

Ainda por cima, e como sempre me acontece nestes sonhos promissores (os que envolvem passeatas, gente interessante, comida que nunca provei, etc), por várias vezes estive quase a conseguir ver o vídeo, e o melhor que conseguia, em todas essas ocasiões, era acordar ensopada em suor e completamente atordoada.

Faltam menos de duas semanas para os Sentados!

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