segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mitras - as suas preocupações

Verão é tempo de praia e esta é uma regra que nem os mitras parecem ignorar. Por isso vejo-me obrigada a conviver com esta estirpe urbana, todo o santo dia no comboio e no autocarro.

Na semana passada um moço contava às concubinas (sempre num mínimo de duas, tenho observado) uma louca passagem de ano em que ficara, não percebi bem porquê, sem os seus bem amados brincos (umas bolinhas douradas que, no meu tempo, se davam às meninas por altura da primeira comunhão).

«E EU A DORMIR SEM BRINCOS COM MEDO QUE OS BURACOS FECHASSEM!», recordava ele, o autocarro todo suspenso das suas palavras.

Minutos mais tarde, no comboio, dois (outros) mitras discutiam quem é o homem mais rico do hip-hop.

«TÁZAGOVAR, TOUTADIZER, VI ONTEM NA VH1! É O FIFTY! O FIFTY TEM A FIFTY FORMULA, O FIFTY FERRARI, A DROGA, OS DISCOS... QUANTAPOSTAS QUE É O FIFTY?».

I am an agent of chaos



Já há quem diga que é um dos melhores vilões de sempre. Eu, que não tenho a história do cinema em mim mas ainda consigo contornar cepticismos e entregar-me por completo a um filme, só tenho autoridade para dizer: o Joker do Heath Ledger é já uma das minhas personagens favoritas de sempre. Quando penso no filme só me ocorrem as suas tiradas, o seu humor doentio, cada expressão e cada esgar a sublinhar a grosso a demência que, ao invés de repelir, nos atrai irremediavelmente para as suas cenas.

E isto não tem nada a ver com pena. Aliás, por detrás de tanta maquilhagem e tanto génio, praticamente me esqueci que, no Dark Knight, estamos a ver o canto de cisne do ex-cowboy gay (Deus lhe fale na alma).

sábado, 5 de julho de 2008

Bandido

Sei que passo a vida a falar da mesma coisa, mas é um consolo sentir, tantos anos depois, a mesma emoçãozinha, o mesmo brilho nos olhos, o mesmo aperto no peito quando letras - e músicas - como estas se imiscuem na minha cabeça, a qualquer hora do dia.

«Se eu largar eu sinto a sua falta
Se eu agarro ela perde a cor
Ela não é dos meus dedos, é dos meus medos, e faço-me passar por uma flor
Tento imaginar o que ela diz, à espera de aprender

À face da rua existe a lua mas não é tua
À margem da estrada não há nada mas já te agrada
Tu és o teu mundo, tu és o teu fundo, tu és o teu poço, és o teu pior almoço
És a pulga na balança, és a mãe dessa criança, és o mal, és o bem, és o dia que não vem

Agora pára de fazer sentido, não vês que assim estás a pisar fora da estrada
Vê se agora páras de fazer sentido, não vês que nada nos dirá mais do que nos diz NADA

Vê que o meu coração ainda salta, quer e julga ser capaz
Não o faça por meus medos, faça nos dedos, e eu fico para ver o que ele faz
Sem imaginar o que eu não fiz, à espera de viver

À face da chama existe a fama mas não te ama
À margem do nada não há estrada, já não te agrada
Tu és o teu preço, és a tua glória, tu és o teu medo, és a parte má da história

Vê que o sol ainda brilha, ainda tem por onde arder
Não é mau, não é bom, são razões para viver


Agora pára de fazer sentido, não vês que assim estás a pisar fora da estrada
Vê se agora páras de fazer sentido, não vês que nada nos dirá mais do que nos diz NADA

Se eu largar eu vou sentir a sua falta
Tu és tu sempre que tu és, és mesmo tu quando pensas que és outra coisa
E tu pensas que não mas tu és mesmo bom a ser sempre quem és

Daí o teu motivo ser inapagável, daí o teu desejo ser incontornável
O prazer é tão maleável, daí o seu valor ser inestimável

(«Borboleta», in O Amor Dá-me Tesão, Foge Foge Bandido)

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Não sei qual de nós não mudou em 10 anos. Mas não me podia deixar mais feliz e emocionada, este «reencontro».

O Sexo e a Cidade

Nunca tive nada contra O Sexo e a Cidade - sempre me pareceu uma série capaz, enquanto entretenimento peso-pluma e gigantesco «product placement» de luxo.

Já este alvoroço todo com a passagem da série para o cinema me aborrece consideravelmente: outro dia até sonhei que tinha ido ver o filme, que na vida real é coisa que não me passa pela cabeça (20 minutos é uma coisa, duas horas e tal é tortura, tende dó).

Isto para dizer que, há coisa de uma semana, a RTP transmitiu, em horário nobre, uma reportagem sobre «o Sexo e a Cidade à portuguesa». Protagonistas: Margarida Rebelo Pinto, Clara Ferreira Alves, Ana Borges e Vicky Fernandez (espero que fosse este o nome - nunca a tinha visto mais gorda).

A culpa nem será das senhoras escolhidas para ilustrar a existência, em Portugal (ou em Lisboa), de uma certa classe de mulheres emancipadas e com simpático poder de compra (apesar de da MRP se poderem sempre esperar pérolas de acefalia como a que encerrou a reportagem: «os homens gostam de gadgets sofisticados, as mulheres gostam de sapatos!!»).

O problema é mesmo a distância que vai da intenção à realização. O Sexo e a Cidade à Portuguesa é apresentado como uma peça altamente revolucionária e inevitavelmente descamba nos lugares comuns do costume sobre a vida profissional e familiar das senhoras (chatices que, na série, existem apenas em teoria).

Era vir uma bola de fogo e consumir estas reportagens todas da silly season. Preocupem-se é encontrar o felino arraçado de cão gigante da Maia, se faz favor.

Palavroso

O que terá acontecido à simples, honesta, singela «lavagem de carros»?

Esta semana, no Corte Inglés, dou com um cartaz que anuncia uma pomposa...

HIGIENIZAÇÃO AUTOMÓVEL

Ao lado, promessas de retorno a uma vida mais feliz: «volte a estrear o interior do seu automóvel!».

Tempos idos

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