quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A voz do povo

Frase que ouvi, hoje, a uma senhora em conversa com uma amiga, à saída do metro do Marquês:

«Tenho as pernas como gelatina!»

Queijo

Foi uma emissão divertida e com um convidado inesperado, a de ontem à noite. Boa Noite e um Queijo já disponível para escuta ICI.

Bus talk (versão optimista)

Esta manhã, minutos antes de outra passageira mais à frente desmaiar, ouvi esta conversa a uma estudante universitária e acompanhante:

«Então, e [o curso] tem perspectivas profissionais?», pergunta ele.
«FOGO!», exclama ela, abespinhada. «Toda a gente me pergunta a mesma coisa! Quando começar logo vejo».
«Quando começares...?»
«Quando começar a mandar currículos, mando para todo o lado».

O hipopótamo e o tubarão

Irrita-me esta ideia de porem o Federer a jogar contra o Sampras num torneio de exibição.

Primeiro, porque se vê à légua que há ali tanta «verdade desportiva» como no wrestling americano. Em três partidas, o Novo ganha a primeira à vontade, a segunda um pouco mais à rasca e o Velho vence a terceira? Coincidência, pois claro.

Depois, colocarem frente a frente dois grandes atletas que atingiram o seu pico de forma em décadas diferentes lembra-me uma das coisas mais decadentes que alguma vi em televisão (e Deus sabe que 93% do que eu vejo em televisão é decadente - isto porque às vezes vou ao engano e, oops, lá vejo alguma coisa decente. Mas é sem querer).

Nesse documentário de agridoce memória, uma equipa de «investigadores» conduzia uma experiência de forma a determinar quem era mais poderoso: se um hipopótamo ou um tubarão. Muito antes da Popota se pavonear ao som da Gwen Stefani no anúncio do Modelo, já aquela gente sabia que os bichos não são tão meigos como os desenhos animados nos fazem crer. E depois de estuporarem um ror de televisores e melancias nas bocas mecânicas dos simulacros de hipopótamo e tubarão que haviam construído, os «cientistas» concluíam que o primeiro levaria surpreendente vantagem sobre o segundo num encontro que - SURPRESA! - nunca iria acontecer, pois um vive em águas fluviais e outro no mar.

É mais ou menos o que acontece com o «duelo» Federer-Sampras: nunca será o mesmo que um Federer-Nabaldian dos anos 00 ou um Sampras-Agassi dos 90.

Aproveito para agradecer a paciência demonstrada nos comentários do blog - como dá para perceber, valeu bem a pena esperar por um novo post (cof cof, é como quem diz).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Quando as máquinas falam connosco

São curiosas as mensagens que nos dão os aparelhos de leitura e gravação de música.

Assim de repente, destaco a preguiça do meu leitor de mp3, que se não lhe mexermos durante uns quantos minutos se espreguiça num:

«Ocioso, desligando...» (com reticências e tudo)

Já o computador ao qual estou sentada agora, se tento passar para uma pasta uma música que já lá canta, pergunta-me se tenho a certeza que o quero fazer. A minha hipótese de resposta favorita:

«Sim a tudo»

Fico doente

Ainda o Caso Maddie - agora é um eurodeputado britânico, ou o seu assessor, a escrever que o sistema judicial e a polícia de Portugal são, «como se sabe», corruptos, e que é importante perceber que o nosso país não tem historial de direitos humanos, liberdade e democracia (estou, novamente, a citar).

«Em qualquer circunstância os cidadãos britânicos devem ser protegidos contra sistemas estrangeiros duvidosos» é a conclusão.

Belo país esse que os cidadãos ingleses escolhem, em massa, como destino de férias anual, não?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Afghan Whigs

E dez anos depois, eis-me novamente viciada nos Afghan Whigs - uma das minhas bandas favoritas de sempre, que por motivos insondáveis não ouvia há muito, demasiado tempo. O reencontro, que foi casual (na semana passada, não tive tempo de escolher música nova para o Queijo e agarrei nos primeiros CDs que vi à frente, inclusive o "Black Love"), tem-se revelado explosivo. É engraçado redescobrir assim uma obra pela qual se tem tanto afecto - para minha satisfação e até alguma surpresa, continuo a adorar os três últimos discos da banda. Dão-me vontade de dançar e de partir coisas, ao mesmo tempo, o que é a marca distintiva das grandes bandas. Mas dez anos é, se não muito, algum tempo e inevitavelmente tenho agora outras referências e experiências que me ajudam a enquadrar o som dos Afghan Whigs.

Passando as partes chatas à frente: foram uma banda do carago. O grunge nunca me disse muito, pelo que estes petardos soul-rock, a transbordar taradice e perigo, cumprem bem o papel de «a minha banda dos anos 90».

Ou como diz uma crítica pela qual passei há pouco...

«Perhaps frontman Greg Dulli’s fervent stew of psycho-sexual angst was a bit too fiery for the masses»

+

«The Afghan Whigs excelled at making music that was menacing, mysterious and melodic»

Infelizmente este ressurgir da paixão «afegã» vem na pior altura - tenho mais que fazer do que passar o tempo a ouvir o «Debonair» (ele já foi magro!, descobri eu no vídeo disponível no Youtube) ou o «Bulletproof». Mais baba e argumentos acalorados quando tiver menos serviço em carteira.

Interpol

O que me interessa mais nos Interpol? Confesso: têm muito bom ar. E algumas canções giras que, conforme admiti aqui por alturas do SBSR, me soam demasiado semelhantes entre si. Mas voltando ao que (me) interessa: acho os rapazes muito bem parecidos, desde os betinhos falsamente rebeldes que são o vocalista e o guitarrista, ao ar mais «rough» do baixista e do baterista, sendo que a minha preferência meramente estética recai sobre este último. Muito latino, dá àquela banda de meninos o ainda necessário toque de masculinidade (mesmo que vivamos num mundo metrossexual, como bem explica o Rodrigo na edição desta semana da Time Out).

Não tenho bilhete para o concerto de logo à noite. Mas já fui compensada por esse desaire: ontem, antes do espectáculo do Rufus Wainwright, cruzei-me com o guitarrista dos Interpol (*) na Avenida da Liberdade. Sim, o loirinho que ficou mundialmente famoso graças ao tombo dado em palco, no nosso Super Bock, ia a descer a avenida, frente aos CTT dos Restauradores, por volta das 21h00.

Conto continuar a gozar deste sistema de compensação cósmica ao longo do dia de hoje, quem sabe avistando o baterista Fogarino na estação de comboios de Algés ou até na pastelaria Nilo, em Benfica.

(*) - tenho 87% de certeza que fosse ele. Pelo menos era muitíssimo parecido e fez aquele ar encolhido de «ohnãofuispottadoporumafã». E sei que os moços já cá estavam (pelo menos) desde ontem.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Raquel

Em tempos confidenciou-me o ex-colega e amigo Paulo Rico que havia uma Raquel no historial amoroso de todos os seus amigos, sem excepção. Com uma excepção (conta a lenda, conta a lenda) mas suficientemente intensa para dar origem a uma canção terá sido a experiência dos Ornatos com criatura do mesmo nome. E até os National têm uma cançoneta, que integrou o alinhamento do concerto de Berlim, chamada «Murder Me Rachael».

Pois que não restam dúvidas, as Raquéis são mulheres marcantes. E desde o passado Sábado, 3 de Novembro, que mais uma se prepara para dominar o mundo. Tem bochechas rosadas, dedinhos compridos e uma expressão que, mesmo quando ameaça partir para o choro, se desmancha num sorriso consolado. Nos seus 40 centímetros (altura medida a olho, não levei fita métrica), já é grande. Bem-vinda!...

Sonhos

Os últimos dias têm sido pouco dados à postagem graças a uma gripe vinda directamente do quinto dos infernos para me atazanar o fim-de-semana prolongado. Parece-me no entanto importante aqui apresentar um breve resumo dos sonhos que tenho tido - muitos deles com a raiz, ou a inspiração, bem à vista.

Por ordem de ocorrência:

1. A Ana Moura - sim, nada mais nada menos que a Ana Moura - decide convidar-me para acompanhá-la em palco. Eu tento disfarçar mas estou, como dizer, em pânico. Não sei cantar, muito menos Fado, e muito menos Fado com letras em Francês. A dificuldade da tarefa avoluma-se mas ela faz questão que eu aceite. Felizmente acordo.

2. Estou a compilar a lista dos melhores discos portugueses do ano e há um dos colaboradores da revista que se lembra de votar num disco do qual nunca ninguém ouvira falar. Vá-se lá a saber como, o registo entra disparado para a liderança do top deste ano. Acho mau princípio que a votação seja ganha por um disco obscuro, votado por apenas uma pessoa, e penso em formas de, erm, resolver a questão. O disco era da autoria do Marcelo Rebelo de Sousa.

(estes dois sonhos terão decorrido do facto de eu andar, realmente, a tratar da hercúlea tarefa de eleger os melhores discos do ano da graça de 2007, para a revista na qual trabalho)

3. Ainda traumatizada por ter sido apanhada, há pouco tempo, por um revisor que me informou que o meu milionário passe não dá para ir até Oeiras, situação que honestamente desconhecia, sonhei estar a bordo de um comboio que não parava. Tal como naqueles sonhos com elevadores que disparam rumo aos céus (há quem sonhe com eles a cair, eu sonho com eles a levantar voo), a composição avançava sem parar nas estações. Estaremos já em Oeiras?, perguntava-me eu, um tanto ou quanto aflita. Quando o comboio finalmente parou, olhei para a placa da estação. Estávamos nos Açores.

4. Passei a noite de Quarta para Quinta com alguma febre e vários delírios - ou um só delírio, que crescia e ganhava novos contornos de cada vez que fechava os olhos, tentando dormir. Os Radiohead dominavam o mundo, basicamente. Por todo o lado onde fosse, lá estava a rapaziada de Oxford à minha espera, em pessoa, cartaz ou música (um dos dois primeiros temas do "In Rainbows" eram a banda-sonora da distopia). Acho que (e não é que o meu subconsciente tem a mania que é engraçadinho!) os Radiohead, sempre tão críticos face aos malefícios do capitalismo, se tinham tornado eles próprios uma gigantesca corporação multinacional que controlava os passos de toda a gente - ou pelo menos os meus, o que já era suficientemente aborrecido.

domingo, 4 de novembro de 2007

Feliz

Um senhor passa por mim teclando no telemóvel. A certa altura, e sem tirar os olhos do telefone, pergunta ao rapaz que o acompanha:

«Feliz é com Z, não é?»

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